Tinha três semanas que eu estava lá, a última nevasca passará e a neve não dificultava mais transitar pela alcateia, ou seja, já podia ir embora, porém prometi treinar as mulheres.
— Vocês precisão aprender a enxergar os pontos fracos, sendo eles do inimigo ou os próprios.
Durante dez dias era assim que funcionava, o alfa cederá três horas por dia, qual optei em ser um período de manhã e outro atarde, para não atrapalhar as tarefas diárias delas.
Já no final do treino da tarde ouço passos atrás das árvores e em prontidão afasto as garotas e ameaço a pessoa escondida.
— Recomendo que saia de seu esconderijo e diga quem é, assim te darei a oportunidade de não morrer imediatamente.
Os passos de aproximam e vejo um homem.
— É assim que me trata maninha depois de tantos anos?-diz com um sorriso bobo.
Por alguns segundos meu coração parou e minhas pernas também, mas quando tomei o controle, fiz o mais racional possível, corri para o encontro dele e como ele estava despreparado caiu comigo.
As lágrimas corriam deixando meu rosto salgado.
— Por que não me salvou seu lobo pulguento?— disse fingindo esta magoada.
— Não teve um minuto que não pensei e procurei você pequena e outra não sou pulguento, pirralha.— respondeu sincero.
Dei um pequeno tapa no seu peitoral, fugindo esta brava.
Percebi estar ainda sobre o corpo dele, levantei rápido percebendo o quão isto podia soar estranho a quem olhasse e foi o que aconteceu.
Segundos depois Aleck e Joseph estavam rosnando um para o outro na forma transitória, era estranho meu irmão assim.
— Aleck por favor pare, esse é o Alfa Joseph, qual me ajudou e me abrigou depois que fugi. — disse tentando manter a paz.
— É um prazer conhecer a pessoa que ajudou minha irmã, caso precise de algo, serei grato em recompensá-lo. Como minha irmã já disse, sou Aleck, supremo Alfa.
Fiquei totalmente surpresa.
Todos curvaram um pouco a cabeça, não percebi que muitos haviam se aproximados.
— Não há de que senhor, não preciso de recompensa, só a presença da sua irmã aqui é o suficiente. — ele fez pausa — Ela tem contribuído muito para nosso acampamento.
O alfa fez um sinal pedindo para todos se afastarem.
— Acho que o senhor deseja conversar com ela a sós.
Meu irmão fez um sinal com a cabeça positivamente e o Joseph saiu sem dizer mais nada.
— Vamos para um lugar mais reservado, pelo que vi, você tem muito o que me contar. — disse andando em direção ao lago congelado.
— Você também senhorita Aiya.
Perto do lago, ele me contou sobre como descobriu que era filho ilegítimo do supremo, mas a mãe lua o deu esse a supremacia e ele conseguiu dominar várias terras e transformar Florence em capital. Por fim, ele encontrou sua alma gêmea, sua companheira. Contei tudo que consegui contar sobre o sequestro, minha fuga e sobre minha curta estádia naquela alcateia.
— Eu me odeio por não ter te achado antes. — Suas unhas cravavam a pele por de baixo da calça de couro e eu puxei e as segurei.
— Não repita mais isso, não foi sua culpa e estou bem olhe — queria que ele acreditasse em mim e uma parte minha também.
— Sei… — ele respondeu relutante.
O silêncio reinou por alguns minutos, mas ele quebrou com uma pergunta que me aterrorizou:
— Mas me diga uma coisa. Como alguém que sempre odiou a ideia de ter um companheiro de tornou luna de um alfa? — disse irônico.
—Tá zuando né?-minha voz saiu falhada.
— Não estou, ele te olha diferente e rosnou para mim devido ao nosso contato físico, é óbvio que ele é seu companheiro, ele não te contou? — a última frase saiu com uma pergunta.
Respondi com um sinal negativo, minha garganta estava fechada e minha mente zonza, um filme do nosso primeiro encontro até a última vez que vi há poucas horas passou pela minha cabeça, o quão burra fui para não perceber?
— Vou matar esse cara, como ele pode ser idiota e esconder isso de você?-disse furioso.
— Calma, não faça nada que vá se arrepender.
— Fazemos assim então, está muito frio e já anoiteceu, amanhã cedo te buscarei e não é seguro um alfa estar num território de outro, além de que não vim sozinho, já devem estar preocupados, tudo bem?
Balancei a cabeça num silêncio sim.
— Te amo pequena. — ele beijou minha cabeça e se transformou completamente e foi em direção ao rio.
— Também te amo irmão. — respondi em sussurro, mas ele ouviu com a sua audição aumentada, ele virou o rosto e balançou o rabo, logo desapareceu da minha vista.
Quando voltei a tenda não consegui encará-lo, mas ele não perceberia a frieza, sempre mantive distância desde que encontramos.
— Tudo bem com a senhorita?
— Sim, só estou cansada.
— Coma uma pouco, fiz guisado, depois durma para descansar.
Fiz o que ele disse, deitei na cama, mas não consegui descansar, observando o adormecido no tapete ao lado.
Decidi levantar e fui até a mesa e escrevi duas cartas, uma para as mulheres e uma para ele:
Agradeço por tudo, mas agora entendi, entendo suas ações, sei que devo minha vida a você, mas não consigo pagar essa dívida. Sei também que a rejeição nos causará dor, porém não maior que te aprisionar, mim e eu a ti. Desejo que a lua te envie alguém melhor, alguém que te ame, algo que não sou capaz.
Coloco sobre a cama e recolho minhas coisas e sai em direção ao rio.
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luar
WerewolfEla era minha se assim desejasse e eu já era totalmente dela. Esperei por dez anos acreditando que já estava morta.