Capítulo 2: distância.

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— Fiquem longe de mim, se não corto suas gargantas—disse ela com voz autoritária e corajosa, mesmo ofegante.

Rolei os olhos para os outros, pedindo que se afastassem, e prontamente obedeceram.

— Você também, cachorro sarnento — ela era atrevida, e eu gostava disso.

Dei um passo para trás e virei-me para os meus lobos, avisando que voltaria à minha forma "humana", por assim dizer. Por minha ordem, nenhum deles deveria voltar ou permanecer na forma humana perto de uma fêmea para mantê-las confortáveis. Normalmente, eles deixavam suas roupas a cerca de 20 metros do acampamento, mas eu sempre amarrei as minhas na pata traseira. Sempre mantive comigo um pouco de esperança de encontrar minha companheira e não queria que nossa primeira conversa fosse enquanto eu estivesse sem roupas.

Já vestido, retornei à presença da garota, que segurava uma adaga muito mal feita - um ferro amassado envolto em tecido, mas com a lateral bem afiada.

— Ei! Acalme-se. Não vamos te machucar. —tentei suavizar minha voz autoritária.

— Fique longe. Falar a minha língua ou assumir uma aparência semelhante à dos seres humanos não vai fazer eu confiar em você, cachorro.—Ela era agressiva, mas o final de sua frase saiu de forma fraca, fazendo meu corpo sentir-se um pouco de dor.

Temi olhar para ela; a mão que não segurava a faca tentava estancar o sangue que jorrava de sua perna.

— Deixe-me te ajudar. Prometo que se alguém tentar te fazer mal, não acordará no dia seguinte.

Ela levantou-se e, com palavras fracas, disse:

— Nunca vou confiar
em lobos.—Aquilo me doeu de forma avassaladora. Mas o que veio depois foi pior: ela caiu desacordada e eu corri em sua direção.

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