- Por favor... -seu irmão sussurrava. - Por favor, cállate, Melian.
A voz de Hanemyia saía como um sussurro e você tentava controlar as lágrimas o máximo que podia abafando o seu choro com as mãos. Seu irmão prendia seu corpo contra o dele com a maior força que podia, tentando obstruir os barulhos altos que vinham do lado de fora.
- Prometo que esto terminará pronto. - ele vira seu rosto sorrindo em meio às lágrimas.
Desde que você nasceu seu irmão mais velho cuidava de você. Hanemiya havia te ensinado a andar, a correr e acima de tudo a falar, mas o que todos não entendiam era que ao mesmo tempo em que seu irmão havia te ensinado a língua materna japonesa ele ensinou uma língua que somente vocês dois falavam. Morando no Japão era totalmente incomum as pessoas falarem ou simplesmente entenderem espanhol, mas quando criança seu irmão fez questão de aprender uma língua diferente somente para que vocês pudessem conversar sem medo das consequências que poderia ter. Do vão da porta do armário onde vocês se escondiam, a visão de sua mãe ajoelhada no chão enquanto o pai de vocês a agredia fortemente era vista pelos olhos de vocês dois. Essa era a nossa vida, nunca tivemos infância ou pelo menos pelas poucas lembranças que existiam em nossas mentes apenas ouvem-se gritos da nossa mãe, barulhos altos de socos, garrafas de bebidas sendo quebradas, na verdade em nossas mentes não existe nada que uma criança deveria se lembrar.
- PEQUENA KAZUTORA! - A voz de Baji ecoa alta, enquanto o garoto estala os dedos na frente de seu rosto.
- Keisuke... - Você diz acenando e o garoto envolve os braços em sua cintura em um abraço longo.
Hanemyia e Keisuke se conheceram quando estávamos no maternal, eles eram simplesmente inseparáveis, mas era difícil para crianças como eu e meu irmão termos amigos afinal não era muito comum os pais deixarem seus filhos andarem com crianças de famílias desestruturadas como a nossa, mas por incrível que pareça Keisuke nunca se assustou com isso e na maioria das vezes tentava nos tirar o máximo possível de casa e sua mãe nos acolhia com muito carinho nos fazendo ter uma pequena impressão do que era um sentimento de família. Quando chegamos na escola, conhecemos o Mikey que nos garantiu que a nossa dor seria a dor dele e que nunca mais sofreríamos novamente trazendo novamente a nossos pequenos corações uma fagulha de esperança.
- Mikey está nos chamando para uma reunião. - Seu irmão diz sem te encarar.
Você já conhecia esse comportamento, quando você se aproxima ele tenta desviar o rosto, mas você leva sua mão ao queixo dele forçando seus olhos a encontrarem os seus.
- ¿Has estado peleando de nuevo? - Ele afasta o rosto bruscamente.
- Vamos, Mel. - Baji suspira pesado começando a se afastar.
O caminho que percorremos até o templo que iríamos nos reunir com os meninos é totalmente silencioso, seus olhos não desviavam de seu irmão observando os novos machucados que se misturavam aos antigos já tão familiares, o sangue seco no canto da sua boca fazia seu estômago revirar afinal você estava tão perdida em pensamentos que não o encontrou ao final da aula, já que se tivesse o feito poderia ao menos tê-lo ajudado. As escadas até o topo parecem infinitas e um suspiro cansado sai de seus lábios quando vocês chegam ao último degrau fazendo os meninos se entreolharem, Mikey se levanta tirando o pirulito da boca encarando vocês três.
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More than a gang
Fanfictionhttps://open.spotify.com/playlist/24K1ymxXJ02keiUo8Mfxzp?si=fryhn50dSkexUIB3qldUJg&pi=u-jNUKJAIiSR6L Crianças, infância Tudo era tão perfeito Depois de os conhecer Tudo do nosso jeito Ninguém queria crescer ... O Baji deu a idéia de nossa gangue cri...