03. Bryan

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Eu não ouvia mais gritos, mas ainda estava tudo escuro, meu corpo doía, minha cabeça doía, eu ainda estava viva.

Abri meus olhos lentamente e percebi que estava em um quarto de hospital, aparentemente, eu estava deitada em uma daquelas cama hospitalar.

"Onde estava Bryan?", era o que eu mais me perguntava naquela hora.

Havia alguns curativos espalhados pelo meu corpo, em minha mão direita tinha um fio que estava ligado a uma bolsa de soro que estava pendurada em um ferro ao lado da cama.

Escutei um barulho vindo da porta e logo uma enfermeira entrou por ela.

-"Hola Isabela, como você se sente?". -Perguntou a mais velha à minha frente.

-"Eu estou bem, só com um pouco de dor no corpo."

-"É normal que sinta um pouco de dor no corpo por agora, aparentemente a batida foi muito forte."

-"Moça, você pode me explicar por favor como eu vim parar aqui e onde está meu amigo Bryan."

-"Calma, é... eu não sei muito bem o que aconteceu, mas pelo o que eu ouvi o carro que você estava bateu de frente com um caminho e você chegou aqui na ambulância, toda machucada". -A mulher tentou me explicar como eu vim parar ali mas ela não tinha falado de Bryan.

-"Tá mas onde está o menino que estava comigo?." -Eu precisava saber onde Bryan estava e se ele estava bem.

-"Eu não sei onde ele está, mas eu posso dar uma olhada pra você, qual o nome dele completo?."

-"O nome dele é Bryan O'Conner."

-"Assim vou dar uma olhada pra você." -Disse a mulher saindo do quarto.

Não passou um minuto e logo em seguida a porta foi aberta de novo.

-"Eai como ele est..." -Parei imediatamente quando vi que não era a enfermeira que entrava por aquela porta.

-"Você só me dá trabalho garota, que porra você tem na cabeça, você tem noção do que você e seus amiguinhos de merda fizeram?." -Meu pai quase gritava enquanto entrava naquela sala e me olhava com desgosto."

"Ele nem sequer perguntou se eu estou bem."

-"Pai eu..."

-"CALA A BOCA ISABELA, cala a sua boca, eu já estou cansado de você, você não tem um pingo de maturidade, só fica me arrumando problema." -Gritou o mais velho interrompendo minha fala.

-"Sabe seu amiguinho Bryan?, ele está morto Isabela, você matou ele." -Meu pai disse sem dó nenhuma.

Meu mundo desabou, eu estava em choque, isso não está acontecendo, não...não, aquilo não podia ser real, meu menino não pode estar morto.

Comecei a chorar desesperadamente, meu pai me olhava com um olhar que não se importava com minha dor.

"Bryan você não pode ir, por favor, volta Bryan."

-"Pare de fazer drama e arranca esse soro da sua mão e vamos embora, já deu por hoje." -Meu pai disse e logo saiu do quarto.

"Ele acha que o sofrimento da própria filha é drama?"

Fiquei mais um tempo ali chorando e tentando me acalmar, é muito difícil acreditar que uma pessoa que você ama não está mais com você.

Alguns instantes depois a porta foi aberta novamente e uma outra enfermeira entrou por ela.

-"Vim tirar você do soro, licença." -A enfermeira disse tirando a agulha da minha mão.

-"Aquele homem que estava aqui não trouxe roupas para você não?." -Ela perguntava mas eu não tinha forças para respondê-la, só neguei com a cabeça.

-"Ok estou vendo que você não está muito bem, vou te emprestar uma blusa e uma calça minha pra você, vou deixar ela aqui em cima." -A mulher deixou as peças de roupas em cima da cama e saiu do quarto.

Troquei de roupa e peguei as roupas minhas do acidente, elas estavam todas rasgadas e sujas de sangue, aquilo me fez cair no choro outra vez.

É muito difícil ficar vendo coisas que lembram esse acidente, tudo agora me faz lembrar dele, Bryan.

Saí do quarto e encontrei meu pai um pouco distante de mim falando com uma enfermeira e entregando um envelope para ela.

Achei um pouco estranho, mas eu não estava com cabeça pra isso. Dei as costas e fui até o elevador, desci para o estacionamento para procurar o carro do meu pai.

Fiquei por alguns instantes ali sentada no capô do carro com os olhos cheios de lágrimas, até notar a presença de meu pai.

-"Desça daí e entre dentro desse carro."

Entrei dentro do carro e me encolhi no banco do passageiro, apoiei minha cabeça no vidro do carro e afundei em meus pensamentos.

Meu pai dirigia em silêncio até nossa casa, seu olhar estava fixo na estrada, ele era muito frio, ele nunca demonstrou afeto ou carinho por mim.

Meu olhar estava fixo na estrada e eu estava afundada em meus pensamentos... eu ainda não estava acreditando que meu menino havia partido deste mundo.

O silêncio foi quebrado quando o telefone de meu pai começou a tocar, o mais velho pegou o aparelho e atendeu levando o telefone no ouvido.

-"Alô... sim ela está comigo... quando eu chegar em casa eu resolvo isso... tá tá ela vai amanhã de manhã... ok tchau." -Ele disse pra pessoa no telefone.

Eu não estava prestando atenção na conversa dele, mas sabia perfeitamente que ele falava de mim.

Depois de alguns minutos em silêncio chegamos em casa, saímos do carro e fomos em direção da entrada de casa, ao entrar em casa fui diretamente pro meu quarto.

Me joguei em minha cama e novamente voltei a pensar em Bryan, alguns segundos depois senti meu rosto molhado... eu estava chorando de novo.

"Por que ele?", "Por que ele se foi?". Eu me perguntava enquanto me derramava em minhas lágrimas.

Escutei a porta do meu quarto se abrindo então imediatamente limpei minhas lágrimas.

-"Arruma suas coisas vc vai ir morar com sua mãe na Alemanha, seu avião vai sair amanhã de manhã, não se atrase." -Meu pai disse e logo saiu do quarto.

"Alemanha??"

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•O Bryan é inspirado no personagem "Brian O'Conner" de (velozes e furiosos).

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