00 | Prólogo.

13 3 0
                                    

JÁ FAZIA UMA SEMANA que a adolescente havia aberto o jogo para seus pais e assumido sua orientação sexual. Não foi uma surpresa para seu pai que já desconfiava que sua filha gostava de mulheres, mas o afastamento de sua mãe foi certamente algo que a marcou.

Durante todo o processo que desde o início havia sido difícil para ela inúmeros cenários se passou na cabeça da jovem de 15 anos. Ela tinha um misto de emoções em seu peito, mas o principal deles era medo. O medo de não ser aceita. Mas quando as palavras saíram da sua boca e os braços de seu pai rodearam seu corpo em um abraço reconfortante, ela não tinha como se sentir mais acolhida.

Mas a reação positiva havia vindo apenas do homem, sua mãe ouviu tudo e não havia dito nada. Ela apenas permaneceu sentada na mesa de jantar olhando para a filha ser abraçada por seu marido com um olhar distante. E antes mesmo que a adolescente pudesse abrir a boca para perguntar sobre a reação da mãe, a mulher se levantou da mesa e saiu do local deixando um silêncio perturbador.

——— Sua mãe está em choque, minha princesa! Mas logo ela aceitar! — O homem comentou beijando a testa da filha que também tinha um olhar perdido.

Essas foram as palavras de seu pai com a reação da sua mãe, mas desde então, uma semana havia se passado e nada tinha melhorado. Sua mãe continuava em silêncio e o pouco que falava evitava entrar no assunto conversado.
Lorena fingia que sua filha nunca havia se assumido para ela.

Só que a herdeira do sobrenome Steinfeld estava cansada daquele castigo do silêncio de sua mãe. E aproveitou que iriam ficar sozinhas naquele dia para confrontar a progenitora.

Ela sabia que tinha o risco de um de seus pais descarregar o preconceito que ela sabia que existia no fundo do coração de ambos sobre ela, mas ela nunca imaginou que está seria sua mãe.

——— Podemos conversar? — A mais nova perguntou chegando no sofá onde a progenitora costurava algumas roupas.

A mulher ergueu os olhos em direção a sua filha que era tão semelhante ao marido e engoliu em seco assentindo e dando espaço para que a garota se sentasse ao seu lado.

——— O que quer discutir, Pri? — A mãe perguntou colocando a roupa e os utensílios de costura de lado.

——— Por que você faz isso comigo?

——— Perdão? — Lorena parecia confusa.

——— Durante toda a minha vida, você sempre esteve afastada. Aparecia nos finais de semana e descarregava suas frustrações em mim, eu era uma criança, mãe. Eu precisava de você, do seu amor! — A adolescente descarregou e olhou para a mãe que permanecia calada ouvindo cada uma das reclamações — Eu sabia das consequências quando resolvi contar que sou lésbica para você e para o meu pai, mas eu nunca esperei que você reagisse assim...

——— Você tem certeza de que é lésbica?

Lorena perguntou de repente e a filha a olhou no fundo dos olhos como se estivesse desacreditada daquilo. É óbvio que ela tinha certeza.

——— Eu tenho, mãe. Não é algo que posso mudar, é quem eu sou!

——— Você pode mudar, sempre há um jeito! — A mulher respondeu em seguida.

A garota se irritou com as falas completamente preconceituosas de sua mãe.

——— Você não entende nada, tem sido assim desde que eu era criança. Você parece que gosta de ver o meu mal-estar, mãe. O que eu fiz de tão ruim para você? — A garota perguntou com os olhos marejados e se afastou da progenitora.

Como sua mãe poderia ser tão preconceituosa com o fato dela gostar de garotas? Aquilo não mudaria que ela continuaria sendo sua filha, então por que sua mãe parecia a odiar? Por que queria que ela mudasse?

WHEN YOU KNOW, YOU KNOW.Onde histórias criam vida. Descubra agora