e jorra o sangue dos poetas da fonte dos desejos!
o ar odoriza-se com o sabor dos incensos
e a sedutora música adentra finamente meus ouvidos…
um banquete de súcubos,
eu beijo as bifurcadas línguas
das cobras que sussurram a dialética ofídica,
e vêem na neblina os proféticos vislumbres do futuro…encanto as délficas princesas,
e estilhaço seus tronos de vidro!
elas serpenteiam,
e se enrolam em meus ombros e pescoço,
esganam-me com o peso do saber,
e enquanto eu sorrio pesadamente.
elas testam o ar,
desenrolando o ouro de suas lindas bocas;vocês deliram na gasosa mistura da caverna,
e eu delicio-me com a megalomania refletida no reflexo da sombra das velas,
e suas frias escamas roçam em minha pele,
fermentando a desejosa solução de meu estômago;assim, me inebrio no néctar que verte de seus dentes
e encaro os semicerrados olhos com fundo branco-pérola,
penso em romanescas ilusões…
a fonte racha e jorra mais sangue ainda,
e banho-me com o sangue de meus conterrâneos,
somente para poder brindar licores
em homenagem aos que já se foram.(eu desposo a segunda pele das volúveis víboras,
arranco pedaços que já não lhe cabem mais,
e minhas mãos enchem-se dos resquícios
das células desfalecidas…)—encaro o teto sozinho
sem velas, nem cobras, nem sons de concerto—"ninguém reina sob Delfos, meu caro filho,
todos almejam a ponta do caduceu,
e enrodilham-se e entortam-se como se nem houvessem coluna!
assim, desliza sorrateiramente pelo chão de mármore
e não deixa rastros!tenta as mulheres que tentam os homens,
se faça oferenda para a vida que nos foi dada,
prove de todos os frutos da rica árvore
e abençoe a si mesmo!
sacralize seu corpo como um templo,
e dê cachaça e cerveja para os santos que moram alise ofereça para as tantas incubarem seu mal latente,
seja corpo e seja alma,
a junção não hierarquizada dos dois!
seja e viva,
declame um ode ao sentido
e outro ao sentimento,
seja agora e venha-à-ser.
sincroniza!então, toque flauta e encante, mensageiro
hipnotize e faça a tua vontade!
leve as crianças para o abismo
ou para a terra prometida,
levante sua horda de ratos,
sendo o rei louco, o rei no trono, ou o rei em guerra;
conquiste, mate, e dane,
incandeça nesta terra,
pois ela está cansada,
triste,
e não suporta mais salvadores."(Jan. 2024)

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Tudo Uno
ПоэзияDelírios, poemas e divagações de um questionável jovem pós-moderno. A experiência humana de um mano em linhas poéticas, quase que um diário de subjetividades intenso e potencialmente fedorento. Textos pseudo-filosóficos e medíocres que vão explodir...