nuvens,
redes neurais
nebulosas
e descargas elétricas…
cabuloso, e neblina sob meus pensamentos
arrepio, da ponta do pé à testa;
gosto metálico na boca
trovoadas em meu olho de poço escuro e fundo,
água barrenta, imobiliza
quase como areia movediça,
diminui tuas passadas
e te sufoca lentamente
até perder o ar,
trovoadas
nebulosas
redes neurais se chocam
se impactam e descargam
tudo o que estava suspenso…
perigosas
o ferro e o aço
da língua dos homens cadentes,
com o calor dos meus lençóis
despertou uma centelha,
que incendiou o milho, o trigo e o centeio.
assim, acabou-se a cerveja
os quitutes de cima da mesa
e as belas moças que passam rebolando entre as cadeiras
do botequim de beira de estrada…
acabou-se os abraços e os passos em compasso,
as caminhadas noturnas,
o sexo selvagem,
e as risadas que ressoavam
nas tábuas do motel
mais furreca do bairro.
acabaram-se as pestes e as pragas
as pastas cheio de lixo dos diplomatas,
os estados
e as traças que comiam as papeladas enfileiradas das bibliotecas universitárias…
acabou-se os ratos, os matos e as baratas,
acabaram-se os fatos, os gatos e as piadas,
foi-se até o tu e eu…
pois sem mim você nunca existiu,
nem o mundo,
nem as conversas com um teor um pouco mais profundo
nem o resignado sentimento resoluto…
sem mim, e não me esqueci;
sem ti, não sou, e nem sofri
nem dor quando me perdi senti,
nem doação pro que ficou,
nem complacência e nem misericórdia;
só severidade.
só a cara carregada de ódio e discórdia,
então aonde está você minha alegre inocência?
que fim deu?
porquê diabos abandonastes este pobre diabo?
os anjos já me negaram
e hoje você cospe em minha cara,
no prato em que tu viveu,
e agora estou exposto como carne em um açougue
e me rodeia as moscas!
os vermes já tomaram conta
e meu estômago pede socorro de tanto afogar-se em álcool.
eu não tenho esperança
o que acredito é certeza!
tudo muda, não há uma essência,
uma alma,
uma individualidade absoluta
não há nada além do movimento,
e você se distancia de minha órbita
pois é natural abandonar
as coisas que giram no mesmo lugar.
você irá voltar,
ou eu irei te buscar?
explodirei em um milhão de pedaços
e quem sabe um deles,
viajando á milhão no espaço
irá em outra galáxia te encontrar?
tenho poucas certezas
e essa
não é uma delas.(Jan. 2024)

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Tudo Uno
PoetryDelírios, poemas e divagações de um questionável jovem pós-moderno. A experiência humana de um mano em linhas poéticas, quase que um diário de subjetividades intenso e potencialmente fedorento. Textos pseudo-filosóficos e medíocres que vão explodir...