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Aquelas íris azuis olhavam para mim como se vissem a minha alma e isso me deixou constrangida, depois de alguns segundos desse contato visual extremo, virei os olhos para um canto qualquer da mesa tentando disfarçar o quão eu havia ficado impressionada com o garoto, garoto não, ele era um homem e um homem muito bonito por sinal.

— Pois bem, vamos ao escritório tratar de negócios? Agora que o Matteo chegou, devemos ir. — meu pai fala se levantando da mesa em seguida Domenico e o tal Matteo fazem o mesmo.

— Com licença senhoras. — Domenico fala e os três saem da sala de jantar, ficando só eu, a minha mãe, a Margarida e a Martina.

— E então meninas, vamos nos sentar lá na nossa varanda com vista para o mar? — minha mãe fala se levantando e nós nos levantamos em seguida.

— Ouvi dizer que Taormina fica linda a noite. — Margarida fala ficando ao lado da minha mãe enquanto caminham pela casa sendo seguidas por mim e Martina, que não abriu a boca em nenhum momento.

— E então, cá estamos. — a minha mãe aperta o botão do controle minúsculo que estava sobre o sofá da varanda e então as cortinas se abrem e logo em seguida ela aperta o outro botão e as portas de vidro são abertas.

Imediatamente a brisa do mar entra por nossas narinas, aquele cheiro de areia molhada e o barulho das ondas era música para os meus ouvidos, nunca iria me cansar de ouvir.

Andamos juntas até a garanta onde haviam cadeiras confortáveis para sentar, fazendo um círculo em volta de uma pequena mesa de centro com vista para o mar de Taormina e a cidade ao lado.

— Como sinto falta disso. — Margarida fala se sentando e fechando os olhos, aproveitando aquele momento.

Por outro lado, Martina caminha até o parapeito de vidro da varanda e fica apreciando a vista, seus cabelos dançam com o vento que os atinge, então eu vou até ela deixando nossas mães em uma conversa sobre seus maridos.

— Então, Martina, você não é muito de falar, não é? — falo um pouco receosa.

— Não tive muitos amigos na minha vida, desculpe se pareço rude. — ela fala e se vira para mim.

— Ah não não. — falo sacudindo as mãos — É porque sempre fui bem falante, então tive medo de voce ter uma impressão errada de mim.

— Nesse mundo, no nosso mundo não somos nada Natalie, apenas uma moeda de troca. — ela fala enquanto segura um braço com a mão, a brisa estava começando a ficar mais gelada.

— Como assim nosso mundo? — eu realmente não entendia o que eles falavam, já havia ouvido essa frase diversas vezes, nosso mundo, mas não sabia o significado.

— Logo você descobrirá e eu sinto muito não poder falar nada mais que isso. — ela fala e sai indo em direção as nossas mães, me deixando boquiaberta e curiosa.

Saio dali discretamente e chego na sala principal da casa, até que ouço a porta do escritório do meu pai ser aberta, e então ele me chama:

— Natalie, venha aqui. — sigo a sua ordem e ele me dá espaço para entrar no escritório.

A essa altura do campeonato, tudo já estava muito esquisito na minha cabeça, o meu pai nunca me deixou se quer ver as pessoas que tratavam de negócios com ele e agora eu estou aqui dentro da sua sala com dois homens que eu não faço a mínima ideia do que fazem.

— Querida Natalie, sente-se, por favor. — Domenico fala e aponta para o sofá que havia na sala, me dirijo ao sofá e me sento, os meus olhos pousam no tal do Matteo, ele estava em pé, encostado na mesa do meu pai como se estivesse odiando toda aquela situação. Notei que entre seus dedos haviam um cigarro e ele levava aos lábios lentamente enquanto soltava aquela firmava vagarosamente pelo ar. Aquele odor me torturava, as minhas narinas ardiam com aquela fumaça a ponto de eu não conseguir respirar.

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