Um novo dia havia se iniciado, e ela abriu os olhos com uma leve dor de cabeça. Um breve filme da noite passada passou por sua mente, e sua cabeça parecia um bule fervente, com fumaça saindo até pelas orelhas e o rosto vermelho como um tomate.
"Espera, eu me senti excitada com Rodrigo na noite passada! O restante então não passa de momentos embaraçosos e coincidências." pensou ela aliviada.
Então, como se uma versão minúscula dela mesma se sentasse em seus ombros e sussurrasse em seus ouvidos surgiu:
"Você tem certeza que não se excitou com as mulheres no banheiro ou com os gemidos femininos no quarto ao lado? Tem plena certeza de que foi Rodrigo quem te deixou molhada daquele jeito?" Ela ficou confusa.
"Se recomponha, claro que foi o Rodrigo quem me deixou assim..." respondeu ela à voz em sua consciência.
"Mesmo achando ele bruto, você afirma que foi ele? Quando ele tirou o pau para fora, sua reação foi fugir. E convenhamos, não é a primeira vez que você vê um." argumentou a voz.
Ela rebatia mentalmente, "Sem chance! Eu estava envergonhada! Ele tocou meus seios, me beijou... ele me excitou, o corpo dele é tão quente."
Recebeu o ultimato: "Ele pode já ter sido interessante para você, três meses atrás, foi um crush platônico, um cara legal com um corpo legal. Quando ele tirou a camisa, você nem olhou para seu corpo esculpido, por dentro deste corpo parecia que estava se forçando a ficar com ele. Se tem tanta certeza, traga ele para cá, faça o trabalho bem feito, mostre que ele te dá um orgasmo de verdade. Sem gemidos de banheiro, sem colegas no quarto ao lado."
Durante seu conflito interno, ela pensou, "Certo, eu posso fazer isso, não sou criança. Posso provar a mim mesma que estou certa, está tudo bem comigo como sempre foi. Sou uma mulher de quase 30 anos, normal. Eu posso fazer isso.".
Se é preciso fazer tanto esforço para provar que você é algo, talvez seja porque você não aceita o que você é de verdade.
Após esse debate confuso com sua consciência, Mônica rolou na cama até a outra ponta onde seu celular estava carregando sobre a cômoda e conferiu que horas eram e constatou que havia dormido pouco, eram cinco e meia da manhã. Ela fez manha e tentou fechar os olhos novamente mas a dor de cabeça era insistente a fazendo levantar estressada, pegou o celular e foi para o banheiro onde esvaziou a bexiga, escovou os dentes e tomou uma ducha rápida. Conferiu as mensagens em seu celular pela barra de notificações e notou que havia mensagens de seus colegas perguntando onde ela estava e de Rodrigo mostrando preocupação com ela, não sentiu ânimo para responder e simplesmente decidiu fingir que não havia visto. Se vestiu e olhou para a escrivaninha abaixo da janela e viu a fotografia de sua família em sua colação de grau, seu pai, sua mãe e ela quando se formou na escola, ela se aproximou e pegou o retrato e dirigindo seus dedos para o seu pai, sorrindo e sussurrou que ele fazia falta. Voltou o retrato para a escrivaninha e abriu uma gaveta na mesma, puxando uma caixa branca retangular com um laço em sua tampa, abriu-a e revelou um bilhete escrito pelo seu pai sobre um sobressalente veludo vermelho "Para minha estrela observar sua mágica jornada de longe. Feliz aniversário de 16 anos, Moon, papai.". Mônica colocou o bilhete sobre a escrivaninha e abriu o tecido, revelando o monóculo dentro da caixa, um Celestron UpClose G2 10x25, ela o segurou e o posicionou para olhar sob sua lente, aproximou dos olhos e mirou-o para a janela, fez regulações da lente até que ficasse nítido e notou com ele uma atividade na janela de Olive, ajustou a lente novamente a aproximando mais da janela e pode ver Olive se alongando. Mônica ficou surpresa, numa hora daquelas Olive estava de pé e se exercitando, não eram todos os jovens que faziam isso.
Logo notou que ela saiu da edícula e estava vestida com um conjunto de ginástica cinza, ela devia estar entretida com fones de ouvido pois parecia bem animada e sua boca gesticulava várias frases, até que olhou de relance para cima e fez com que Mônica tremesse de susto, desastrada, rapidamente colocou o monóculo na escrivaninha e acenou para ela com um sorriso amarelo um pouco exagerado, Olive riu dela e acenou de volta. Mônica gesticulo que iria sair da janela e ir tomar café da manhã, Olive sorrindo acenou com a cabeça e gesticulou algo parecido com "te vejo mais tarde" e seguiu seu caminho, enquanto Mônica correu para a cama e afundou a cabeça em seus travesseiros, dizia para si mesmo que não devia tê-la espiado e que quase foi pega, questionava se era idiota e que ultimamente as coisas não estavam indo como o de costume. Criou coragem e se levantou, guardou o monóculo na caixa e fechou a gaveta, desceu para a cozinha e preparou um chá de hortelã e comeu torrada com geleia de damasco, enquanto isso, respondia as mensagens de todos dizendo que havia passado mal e foi para casa, quanto a Rodrigo, respondeu que estava com dor de cabeça e que não se lembrava do que havia acontecido tentando apagar o que houvera se passado, embora quisesse provar a si mesma que era normal e que podia transar com Rodrigo algo dentro dela achava que ela estava se forçando demais e que em algum momento essa bomba iria explodir e estilhaçar em alguém.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aluga-se
RomanceDizem que aos 30 se está na flor da idade. Para as mulheres, pode significar que o tempo útil delas está se esgotando. Mônica Blansec se vê numa situação parecida com isso, enfrentando uma separação ocasionada pela infidelidade em um romance de set...