" Quando ouvi sobre os sete anos de azar ao quebrar um espelho, achei realmente que era mera superstição. Nunca me avisaram em que momento da minha vida após um espelho se quebrar viria a maré de azar. Talvez realmente não passasse de uma superstição e eu só esteja procurando quem culpar, não importa quem, quando e onde. "
Refletindo sobre isso, Mônica virava mais uma garrafa de cerveja em um bar de rua com estrutura simples de lona, cadeiras velhas e uma mesa inundada por bebidas baratas e amargas que eram puro álcool, o suficiente para afogar as angústias de um relacionamento frustrado e acabado.
"Talvez seja culpa minha não ter percebido, achei que estava tudo bem. Estava noiva e não parece fazer tanto tempo que fui parabenizada pelo pessoal da empresa."
O dono do bar se aproximou, acompanhado de sua esposa, para informar que estavam fechando. Era tarde, e eles precisavam cuidar dos netos pela manhã. Ela acenou com a cabeça, um sorriso desajeitado adornou seus lábios enquanto expressava gratidão pelo atendimento recebido, pagou a conta. Naquele momento solitário, onde só havia ela ali, Mônica deixou claro para si mesma que não queria por nada neste mundo voltar para a casa que um dia foi sua. Precisava ir para algum lugar, mas estava sem condições físicas e psicológicas para isso. Logo que saiu do bar, seus passos oscilaram e ela se sentou no meio-fio e balbuciou palavras indistintas, que ela mesma não sabia distinguir o que era, só sabia que podia sentir que estava lamentando por perder tempo com um relacionamento tão patético. Aquela era a primeira semana desde o término.
A esposa do dono do bar, vendo a situação deplorável, numa sexta à noite, se aproximou perguntando a ela se tinha para onde ir, se tinha dinheiro para um taxi, ela chamava seu marido para ajudar enquanto a visão de Mônica ficava turva e ela sentia a força do seu corpo diminuindo cada vez mais. Até que o seu corpo cedeu e a noite fria encontrou seu corpo sobre o chão gélido da noite."Estou pequena, quebrada e envergonhada mas acima de tudo, estou furiosa comigo e com o mundo... como ele poderia me trair tão friamente quando eu fui colocada nesta batalha de forma involuntária? Sempre me esforçando para uma vida tranquila e simples, sem luxos, apenas uma vida confortável. Agora me sinto pequena e frágil."
Ela não presenciou com seus próprios olhos mas havia sido levada para o hospital naquela noite. Não era habituada a beber daquela forma desenfreada mas em decorrência dos eventos recentes ela se encontrava nesta situação em pleno sábado de forma patética. Ao recobrar sua consciência, seus olhos se depararam surpresos com o teto do leito hospitalar, a visão veio acompanhada do ardor e forte incomodo com a luz intensa do meio-dia entrando de forma imponente pela janela. Ao olhar para os arredores notou que suas roupas não estavam em seu corpo, que seu braço estava envolvido em um cateter preso por um esparadrapo, estava tomando soro. Em um ato de desaprovação, pôs a mão sobre o rosto e chacoalhou a cabeça em negação. Uma enfermeira se aproximou e lançou um olhar atento sobre Mônica, denotava preocupação, assim se aproximou e começou a explicar enquanto retirava o equipo e o soro com destreza:
– A senhorita teve uma noite difícil, um casal trouxe você ontem à noite, você desmaiou na calçada, bateu a cabeça mas não foi nada que machucasse. Por conta da bebida, você precisou tomar soro e glicose. Você também vomitou sobre as roupas que vestia, estava inconsciente, então retiramos para higienizar. Seus pertences estão logo ali. – disse apontando para a cadeira no canto do leito apertado enquanto Mônica a olhava calada, absorvendo toda a informação – Você já está livre para ir e eu a acompanharei até a porta da saída, tem alguém para quem você gostaria de ligar ou que o hospital deveria ligar? Eu vi que você tem uma aliança de noivado, ele deve estar preocupado. – Os olhos de Mônica tiveram espasmos enquanto ela olhava para a própria mão e logo em seguida de volta para a enfermeira, seus dedos percorreram sobre a mão com o anel, o retirando, um nó na garganta se formou e um ardor nos olhos como se tivesse acabado de cortar uma cebola a acompanhou. De forma silenciosa as lágrimas caíram e seu olhar ficou distante. – Você não é de falar muito, não é? De qualquer maneira... você está livre pra ir, vamos? Se troque e vamos juntas até a recepção.
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Aluga-se
RomanceDizem que aos 30 se está na flor da idade. Para as mulheres, pode significar que o tempo útil delas está se esgotando. Mônica Blansec se vê numa situação parecida com isso, enfrentando uma separação ocasionada pela infidelidade em um romance de set...