Capítulo 1

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Annabeth pov's

Caixas e mais caixas eram colocadas dentro de um caminhão de carga, já era o segundo caminhão que abasteciam com essas caixas com escritas legíveis de "CUIDADO" em cada uma delas. E o que havia dentro? Armas, dos mais variados tipos que você possa imaginar e minha tarefa era descobrir para onde e para quem elas estavam indo.

Quando as portas traseiras do caminhão foram fechadas e ele começara a dar partida foi quando liguei a moto para seguir. Não podia dar muito na cara que estava os perseguindo, então mantive dois carros de distância entre mim e o caminhão, e assim se seguiu até passarmos pelas ruas movimentadas de Manhattan e começarmos a entrar em lugares mais afastados e com pouco movimento. Me mantive a uma distância relativamente longe do caminhão, mas perto o suficiente para que não o perdesse de vista.

Geralmente, a notícia de que tinham armas circulando pelo submundo de Manhattan não era novidade, não quando se participa de uma gangue, isso é normal. O que não era normal eram as quantidades excessivas de armas que estavam ali, principalmente quando se tem um boato correndo sobre a preparação de um novo ataque entre gangues que até o momento eram desconhecidas.

Chegamos em um beco onde a pouca iluminação que tinha vinha de um galpão mais a frente, que foi justamente onde o caminhão fez a parada para descarregar. Com a moto desligada, a escondi ao lado de um matagal próximo ao galpão e fui em direção ao mesmo da maneira mais silenciosa possível para observar melhor.

— Tudo aí? — escutei uma voz grossa, mas não conseguia ver o dono dela que era tapado pelo corpo de mais um homem, que eu supunha ser um dos que contrabandeava as armas.

— Tudo, as outras 90 foram para o leste, como foi pedido — o outro homem, com uma voz mais aguda, disse.

"AS OUTRAS NOVENTA?!", então eram 180 caixas no total, com armas não tão pequenas e nem um pouco inofensivas, em cada uma delas. Puta que pariu.

Me aproximei um pouco mais para escutar melhor, mas então, um barulho, um ronco de acelerador de moto surgiu atrás de mim. Me escondi mais ainda no mato e não só eu, mas também os homens no galpão olharam para a direção do barulho de moto e mesmo de longe reconheci a marca no boné de alguns que vinham, um tridente, mas não era possível aquilo, que merda.

Me virei e vi os homens rapidamente entrando no caminhão e outros fechando o galpão e entrando ligeiramente antes que os convidados indesejados acabassem com tudo ali. Minha missão ali havia acabado, aqueles idiotas que não conseguem chegar sem causar um alarde sequer me fizeram perder boas informações. Não demorei muito para subir na minha moto e ir embora o mais rápido possível, antes que a merda sobrasse pra mim.

~~

— Como assim "é só isso"? — pergunta Jane, incrédula — Está me dizendo que não conseguiu mais nenhuma informação?!

— Já disse, se aquele bando de abutres não tivessem chegado e atrapalhado tudo, teria muito mais informações para oferecer. — disse dando de ombros e encarando a mulher de cabelos pretos presos num coque e com óculos que faziam seus olhos castanhos irritados ficarem maiores e mais aterrorizantes.

Não me entenda mal, adoro Jane, ela está aqui a bem mais tempo que eu e é de confiança da chefia, se não ela não seria designada para trabalhar no comando geral das operações, um dos cargos mais importantes aqui. Ela era como uma mãe para mim, me ensinou muitas das coisas que eu sei hoje, mas essa irritação toda para cima de mim era desnecessária, já tinha explicado que o fracasso de hoje não era minha culpa.

— Tudo bem ­— suspirou — Vou informar o que descobriu para ela e vemos o que faremos depois.

Assenti e engoli em seco, mandar as informações para a superior era sempre algo que me apavorava, nunca da pra saber se foi o suficiente ou se você simplesmente foi uma inútil e não fez o básico do que foi pedido.

Ignorei o embrulho no estômago e me virei para ir em direção ao refeitório até que ouvi Jane me chamando.

— Annabeth, certeza de que nenhum deles te viu indo para lá?

— Tenho, tomei muito cuidado para não ser seguida ou notada.

— Ninguém sabia da informação da entrega das armas a não ser nós — ela me encarou seriamente — A conversa amanhã não vai ser boa, sinto muito.

Simplesmente acenei com a cabeça e me virei novamente, não é como se as conversas com ela fossem sempre calmas e meigas. Tenho pena de Jane que terá de escutar um monte de merda quando for dar as informações. 

~~

Existem várias gangues espalhadas por Nova Iorque, a maioria separadas por números, ficando mais difícil para as autoridades descobrirem qual é qual. A minha, número 6, é a que mais se destaca no quesito de sucesso de operações e o sigilo de informações, por isso que saberem, além de nós, sobre o caminhão e as armas que seriam entregues naquele noite era preocupante, já que aquela informações somente nós da gangue 6 sabíamos. E é sobre isso que o meu esporro está sendo agora.

— Só nós tínhamos o conhecimento da entrega, a notícia não saiu daqui. A única opção que resta é terem te seguido! — ela exclamou, aquela voz autoritária inconfundível.

— Mas eu já disse, não tinha como me reconhecerem, até de moto eu troquei para ir até lá, não usei a minha.

— Mas tem de haver alguma explicação.

Havia acordado naquela manhã sendo notificada de que tinha uma reunião com a superiora, e já sabia exatamente sobre o que se tratava.

— Já parou para pensar que talvez, mas só talvez, alguém além da gente possa ter tido acesso a essa informação? — olhei para ela de maneira irritada — Vai ver a fonte não era de confiança.

— Inacreditável, como uma coisa tão simples vocês não conseguem completar — ela bufou — Estão dispensadas. E Jane — a morena a encarou — Você fica, preciso que me diga do relatório dos Branner.

— Sim senhora, Atena. — Jane assentiu e eu fui em direção a porta.

— E Annabeth — me chamou em um tom irritado — Sem mais deslizes.

— É claro, mãe.

A última palavra saiu como um sussurro, eu me virei e fechei a porta.

Our Downfall - PERCABETHOnde histórias criam vida. Descubra agora