30. Pássaro Místico

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    Uma hora já se passou desde o começo da caminhada. Vektor e Hisami estão seguindo por uma trilha pela floresta até o Templo Ancestral. Os dois são forçados a enfrentar vários monstros selvagens pelo caminho. Algo que Vektor percebe é que Hisami é bastante habilidosa em combate corporal ou com armas brancas, de forma semelhante a ele, talvez até superior em alguns aspectos.

    Os dois enfim chegam na entrada do Templo Ancestral. Devido aos monstros, no entanto, eles levaram uma hora a mais do que o planejado. Eles decidem fazer uma pausa para descansar enquanto se preparam para o desconhecido perigo que se esconde no templo.

    Durante essa pausa, eles acabam comendo todos os suprimentos que o pai de Hisami havia guardado na mochila, mochila essa que Vektor entrega para Hisami enquanto diz:

   "Aqui, leva contigo. Só tem acessórios dentro agora, e eu não sei usar nenhuma dessas coisas que seu pai me deu, mas talvez sejam úteis pra você, então acho melhor você levar."

   "Certo..."

   "Vai dar problema se lutarmos de barriga cheia, então vamos descansar mais um pouco."

   "Você não tinha um tempo limite ou algo assim? Cadê aquela sua impaciência de ontem?"

   "Ei, não me entenda mal. Eu posso estar com pressa, mas eu também sei que meu tempo limite não vai significar nada se eu morrer aqui."

    Os dois passam então cerca de meia hora nesse intervalo pós-caminhada. Depois de alguns minutos de puro silêncio, Hisami decide começar uma conversa antes de retomar a jornada:

   "Então... Como esta vai ser meio que nossa última conversa pelo menos por agora... posso te fazer algumas perguntas?"

   "Oh, claro, pergunte o que quiser."

   "É que, bem... Eu não faço a mínima ideia de como deve ser a vida de um Etykiran..."

   "Eu diria que é bem normal... No meu caso, eu nem mesmo moro na Ilha de Netern."

   "Como assim? As 5 famílias não deveriam viver todas na mesma ilha?"

   "Bem, quando eu nasci, meus pais já haviam se mudado pra um continente, longe das outras 4 famílias. Pelo que eu entendi, houve uma guerra ou algo do tipo, mas minha mãe nunca chegou a me contar essa história direito, e eu também nunca me importei de perguntar."

   "Hmm, talvez eles tenham sido exilados ou tenham se desentendido com as outras famílias..."

   "Acho isso meio difícil. Da última vez que eu visitei a ilha, todo mundo lá me tratou com respeito."

   "E quanto ao seu cotidiano? Você faz algo escondido das outras pessoas que só um Etykiran pode fazer? Coisas como rituais ou costumes?"

   "Nah, eu só jogo e assisto anime como todo mundo da minha idade, nada de especial."

   "...Você é bem decepcionante."

   "Foi mal aí por ser só um adolescente comum, não queria ter quebrado suas expectativas. Se for servir de consolo, minha mãe tem feitiçaria como hobby, eu acho isso bem incomum."

   "Então sua família se apega às tradições... Pode me falar mais sobre eles?"

   "Bem, não tenho muito o que falar, eu só moro com a minha mãe. De acordo com ela, meu pai morreu numa viagem quando eu ainda era muito pequeno."

   "Oh... Sinto muito... por te fazer lembrar disso, não foi minha intenção..."

   "Não esquenta, eu acabei de falar que foi há muito tempo. Eu nem sequer lembro do rosto do meu pai, e eu não consigo sentir nada quando tento pensar nele."

DrettonusOnde histórias criam vida. Descubra agora