BORN IN BLOOD

29. The Antichrist Brothers

ATENÇÃO

este capítulo pode conter temas sensíveis e/ou perturbadores. recomendo que vocês estão evitem continuar se a exposição a determinados assuntos puder ser prejudicial.

TW : assédio sexual, sequestro, pedofilia, violência, manipulação, estupro, tortura psicológica e homicídio.

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Alemanha
Novembro de 1997

O FRIO se entrelaçava com a tristeza naquela manhã em Berlim, criando uma paisagem melancólica por onde a população ousasse olhar. Os ramos despidos das árvores estendiam-se para o céu cinzento, enquanto flocos de neve dançavam lentamente em direção ao solo gelado. As luzes suaves das decorações natalinas na cidade lançavam uma beleza sombria sobre as ruas vazias, revelando uma poesia sutil no coração desse inverno triste e belo na Alemanha. O ar cortante, impregnado de sussurros doloridos, parecia avisar a chegada dele.

E em frente a uma igreja majestosa, que ganhava seu destaque no cenário gélido do país, o homem encantador emerge da neblina, alto e elegante, como uma figura esculpida pela própria poesia. Seu porte imponente destaca-se contra o pano de fundo frio, enquanto um longo casaco escuro dança ao vento. A misteriosa aura que o envolve, combinada com o frio cortante, adiciona um toque enigmático à sua chegada à missa na igreja. Seus passos graciosos ecoam na calçada, deixando um rastro de intriga no ar, como se carregasse consigo segredos que desafiavam o inverno austero daquele momento.

Nas sombras do interior do templo, ele optou por aconchegar-se, buscando evitar qualquer notoriedade ao chegar. O rapaz misterioso decidira entrar naquele lugar cativado pela melodia clássica que se desdobrava suavemente pelas teclas de um piano grande e antigo. E, ao estar lá, nas penumbras, fechou os olhos para apreciar plenamente a maravilhosa canção, entregando-se à arte que enchia a igreja de uma serenidade encantadora.

Cada nota, como flocos de neve musicais, pairava no ar frio, enchendo a nave com uma elegância tocante. O som do piano ecoava entre as paredes centenárias, criando uma atmosfera de serenidade que harmonizava com a beleza austera do inverno lá fora. O instrumento, como um guardião da música atemporal, ressoava em perfeita sintonia com o espírito da temporada e a grandiosidade da igreja.

Era esplêndido. Parecia que anjos benevolentes haviam escolhido se aproximar de sua essência repugnante, sussurrando belezas suaves aos seus ouvidos.

Por alguns minutos, o homem sentiu-se elevado aos céus. E, por breves segundos, tornou-se obcecado, encantado pelo que mãos habilidosas produziam sobre as teclas do instrumento.

E assim, ele abrira os olhos, ansioso por localizar a pessoa que havia despertado a melhor parte de sua alma asquerosa; a jovem de cabelos escuros como petróleo seria a sua conquista.

Ele manteve seus olhos inalterados até o término da missa e a saída de todos, concedendo a si mesmo a solidão no templo ao lado da jovem que se transformara em sua obsessão.

Ao testemunhar a jovem vestir um casaco grande e regressar com um pequeno livro entre os dedos, ele levantou-se, mãos nos bolsos e cabelos escuros desalinhados como penas de corvos, seguindo-a com graça predatória. Sutil e discreto, avançou como o lobo à espreita da Chapeuzinho, um retrato de charme perturbador. Uma fixação insana o impelia a se aproximar, ávido por uma visão mais íntima.