Pensei que tivesse uma saída

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Ayo!

Eu pensei que nunca mais fosse conseguir trazer nada pra essa fanfic, porque mesmo tendo escrito um quarto capítulo, eu precisava escrever o terceiro com pelo menos um pouco das coisas que o Yuuji sente.
Não acho que ficou triste e muito menos que eu aprofundei os sentimentos, mas espero que esteja bom.

!As partes em itálico são flashbacks!

Boa leitura <3

•••

─ Uma alma que morre amargurada nunca encontra a paz. – Wasuke resmungou deitado na cama do hospital. Yuuji cutucou o bolo no prato com o garfinho, encarando as letras coloridas que diziam “feliz treze anos”. – Tentar viver sob a sombra de algo que já passou é o pior dos tormentos, garoto. – O Itadori mais velho grunhiu. – Remoer possibilidades e sonhos que não foram concretizados faz com que nos tornemos amargos por dentro e por fora. O passado deve permanecer no passado.

Yuuji balançou as pernas na cadeira alta, enfiando um pedaço de bolo na boca enquanto tentava compreender as palavras do avô. Às vezes Wasuke dizia coisas que eram incompreensíveis, e embora ele se esforçasse para entender, aquilo simplesmente não fazia o menor sentido, mas Yuuji guardava com cuidado todos aqueles conselhos, por mais estranhos que fossem.

Wasuke suspirou, afundando a cabeça no travesseiro do hospital, o dedo circulando o botão que chamaria pela enfermeira. — Eu sei que pode não fazer sentido agora, mas um dia você vai entender isso que estou dizendo. Guarde minhas palavras, Yuuji.

Ele mal registrou a dor nos joelhos quando a bile subiu com um rastro amargo e o gosto do vômito entorpeceu suas papilas. O gosto forte da angústia misturada ao medo e a tristeza inundaram seus sentidos, buscando o fôlego da melhor maneira possível enquanto ele soluçava desesperadamente, incapaz de conter as lágrimas que escorriam por seus olhos em abundância.

— Morre! Morre de uma vez! – Yuuji grunhiu entre o choro incessante, ignorando a dor nas pontas dos dedos conforme afundava as unhas e a carne sensível no chão em destroços, pouco importando com o sangue que se misturava a terra e aos destroços. – Eu quero morrer! – O garoto gritou para o vazio, arrastando as unhas com mais força contra o concreto em pedaços abaixo das palmas das mãos, sabendo que Sukuna estava escutando tudo. – Morre agora! Chega!

Yuuji pressionou a testa contra o chão, soluçando copiosamente em meio ao choro, sentindo o pânico e o desespero rastejando por suas veias, se mesclando com o medo e com raiva acumuladas em seu coração, alimentando ainda mais o amargor fielmente enraizado em sua alma. Finalmente ele poderia dizer que foi capaz de entender o que Wasuke quis dizer naquele dia no hospital, soluçando ainda mais ao perceber que ele estava fadado a viver uma vida sem paz. Yuuji sabia que seu avô não estava errado, principalmente depois de ingressar no mundo jujutsu. Ele viu maldições que foram criadas a partir de sentimentos humanos, viu como elas poderiam ser destrutivas. O adolescente de cabelos rosados tentou ao máximo não reviver lembranças do passado, ele aproveitou cada segundo de seu presente, fazendo alguns amigos na escola e ajudando pessoas como Wasuke havia instruído tantas vezes. Entretanto, ele sabia que algumas coisas não poderiam ser evitadas por muito tempo. Yuuji aprendeu que o remorso e a tristeza poderiam atravessar o tempo. Aprendeu que sentimentos ruins se recusavam a morrer e que se enraizavam como ervas-daninha. Como uma vida que ele mal se lembrava poderia o atormentar tanto?

Ele socou o chão com os punhos cobertos de sangue, sentindo um vazio imensurável crescer rapidamente em seu peito, como se a vida tivesse sido arrancada de uma única vez. Era como uma casca vazia e quebrada que carregava apenas os sentimentos mais desprezíveis já sentidos por um humano. O medo, a raiva, o ódio, a tristeza, o desespero, a angústia, o pânico. Talvez fosse parte de seu destino sofrer, talvez fosse algo que estava intrinsecamente ligado ao ser que formava Yuuji. Aquele era seu fardo por não ter parado sukuna quando foi o momento, cego demais em sentimentos conflitantes e o medo de perder o amor que havia encontrado. Amor… Aquilo não poderia ser chamado de amor, pelo menos não depois que Sukuna começou uma busca incessante por poder.

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