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Niragi Pov

Cá estou eu no avião indo direto para China. Pretendo ficar até não sei quando, e não avisei mais ninguém que iria embora. Somente o Last sabe disso, e também não falei pra contar a S/n.

Não sei se é uma boa ideia ir atrás da minha família, porque quem foi embora com 18 anos tinha sido eu. Abandonei por completo, queria ter liberdade e viver sem pessoas querendo mandar em mim. Meu avô principalmente. Ele sempre pegava no meu pé dizendo que não iria fazer nada, e não podia sair pra lugar nenhum. Até onde sei, minha mãe  e meu pai faziam de tudo pra tentar me prender, mas não conseguiam.

(...)

Por sorte consegui achar a casa onde eles estão morando. Sei disso porque lembro perfeitamente do dia em que tomei um couro do meu avô, na frente da padaria que é de frente pra casa dele. Aliás, a casa continua muito bem cuidada, e pelo visto...mais moderna? Será que ele ganhou na loteria?

— Niragi: Estranho — apertei a campainha e nem demorou tanto, a porta foi aberta por uma mulher loira de cabelos longos, e os olhos bem grandes. Japonesa. — Oi...

— Perdão, quem é você? — perguntou bem séria me analisando de cima a baixo — não aceitamos medingos aqui.

— Niragi: Como é? — dei uma risada nervosa e ela foi fechar a porta, mas segurei com força — senhorita, meu avô mora nesta casa. Deve conhecer, se chama Suguru Masato.

— Suguru Masato? Masato tem neto? — perguntou desconfiada — isso não é possível.

— O que está acontecendo? — ouvi uma voz grave e era ele. Meu avô. — Suguru Niragi? O que está fazendo aqui?

— Niragi: Eu quis voltar. Mas não pra sempre — dei uma breve explicada, mas ele não aparentou gostar muito — posso entrar?

Ele simplesmente deu de ombros, e a mulher loira continuava me olhando com cara de puta. Ignorei a existência dela e segui meu avô pra dentro de casa. Tudo mudou. Esse cara deve estar vendendo algum tipo de droga,não é possível. Entramos na sala e vi diversas fotos na parede, e achei três minha de quando era pequeno com meus primos.

— Aprontou o que dessa vez? — sentou na poltrona e me encarou. Observei bem, e ele estava muito bem aparentemente. Seu físico parecia de um homem bombado, e tinha um cavanhaque bem feito e o cabelo branco bem cuidado.

— Niragi: Não aconteceu nada. Só quis voltar pra uma visita — sentei no sofá — quem é a moça loira?

— Ah, é amiga da sua tia. Ela vem aqui as vezes pra cuidar da sua avó — acendeu um cigarro. Lembrei só agora que ele fumava.

— Niragi: Onde está ela?

— Na cama. — respondeu seco e ligou a TV. — andar de cima.

Levantei rapidamente e subi as escadas, e fui no quarto deles. Abri a porta devagar, e quase tive um infarto. Minha avó estava em estado vegetativo na cama, dormindo. Fiquei parado sem entender nada, apenas olhando ela e sentindo uma tristeza enorme. O que aconteceu?

— Triste, né? — vi a loira passar por mim e entrar no quarto. Ela pegou dois lençóis e cobriu minha avó — minha mãe ficou desse jeito, e partiu dessa pra pior.

— Niragi: O que aconteceu com ela? — perguntei querendo chorar e me aproximei devagar. Ela estava muito magra.

— Dona Chiasa teve traumatismo craniano, e ficou assim. Acidente três anos atrás — me olhou — até parece que tem sentimentos. Essa lágrima não é nada.

— Niragi: Você não me conhece — respondi curto e grosso — então abaixa sua bola.

Ela deu um riso debochado e saiu do quarto. Olhei pra minha avó, e encostei minha mão em seu rosto fazendo um carinho de leve. Deixei as lágrimas caírem sem dó nenhuma. Como isso foi acontecer? Três anos atrás. Eu não estava aqui, e se eu estivesse talvez teria impedido. Minha avó sempre cuidou bem de mim, apesar de eu ser um garoto trabalhoso.

(...)

Terminei de guardar minhas coisas no quarto de hóspedes, e ouvi risadas no andar de baixo. Meus tios. Lembro perfeitamente da risada desses caras.

— Ele está aqui!? – agora era uma voz feminina — Cadê?!

Sai do quarto e vi uma criança perto da escada me olhando, e logo vi uma moça subir correndo. Essa me olhou com um sorriso feliz. Seus cabelos eram curtos e bem pretos, e o rosto bem cuidado.

— Quanto tempo, meu bem! — veio me abraçar. Essa é minha tia, irmã do meu pai e única mulher da família. Junto com vovó óbvio. — O que faz aqui?

— Niragi: Vim passar as férias — menti — tem problema?

— Claro que não! — passava a mão no meu rosto — seus cabelos estão tão macios, igual quando tinha oito anos...

— Niragi: E quem é aquela cria? — apontei pra criança que continuava me olhando envergonhada.

— Filha do seu primo — riu — vem cá! — chamou – esse aqui é primo do seu pai, e seu titio também! — pegou no colo. — fala seu nome pra ele!

— Stella — falou baixinho e eu sorri.

— Niragi: Stella? — olhei pra minha tia sem entender.

— A mãe dela é mestiça. Mora nos Estados Unidos — explicou — seu primo se apaixonou e deu isso aí. Presente pra vovó aqui — beijou a menininha.

Pelo visto as coisas andam bem por aqui. E eu perdi muita coisa.

Notas:

Niragi tem família pra qm achou q ele era adotado.


Secret Truths - Niragi 2° Temporada. Onde histórias criam vida. Descubra agora