Prólogo

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   Foi em uma noite fria quando Luffy, cego de mágoa e frustração, andava em passos firmes pelas ruas sem um rumo certo. Apenas queria tomar um ar pra acalmar, ou só ficar longe de sua casa. Queria esquecer à discussão que tivera com seus Irmãos, Ace e Sabo, há uns minutos atrás. Tinha noção de que deveria voltar porque as ruas não eram seguras à noite, especialmente com os desaparecimentos recentes causados pelo submundo. Porém qualquer racionalidade que poderia existir em seu corpo, foi totalmente sobreposto por suas emoções.

   Ocasionalmente, ele passava a mão pelo rosto para limpar as lágrimas teimosas que insistiam em descer como cachoeira por seus olhos. Ele não queria chorar – definitivamente não! –, mas estava frustado demais com o ocorrido. Sua mente permanecia aérea enquanto vagarosamente olhava para a rua deserta analisando com cuidado. Estava com um mal pressentimento; algo iria acontecer hoje, e não era algo bom.

   Repentinamente ele para. Pensou que talvez devesse ir pra casa de algum amigo já não parecia bom continuar naquele lugar tão tarde da noite. Era perigoso e seus instintos gritavam parar correr o mais rápido possível.

   Ele voltava à caminhar enquanto tentava decidir em qual amigo iria dessa vez. Talvez Zoro? Ele era seu melhor amigo e conhecia a família dele há um tempo, mas não queria ter que responder as perguntas que sabia que Shanks faria. Nami? Era sua melhor opção, mas não queria dever mais dinheiro pra ruiva. Luffy se perdeu nesses pensamentos, incerto do que deveria fazer.

   Seu maior erro.

   Alheio do que acontecia ao redor, se tornou um alvo fácil; estava vulnerável a qualquer coisa. Mesmo com seu instinto apitando rapidamente de forma quase ensurdecedor em sua cabeça para sair correndo, ele não os escutou. Não escutou eles ou os passos duros que o perseguiam pela rua deserta. Só foi os perceber quando já era tarde demais; no momento que sentiu um braço musculoso envolta de seu pescoço enquanto a mão era apertada fortemente em sua boca.

   O perigo óbvio da situação só veio até Luffy quando ele escutou a voz grave a ameaçadora da pessoa que o prendia no lugar:

— Se você abrir a boca, eu te mato.

   Sentiu vontade de se debater contra o agressor. Talvez correr e até mesmo gritar, mas seu corpo não se mexia por culpa do choque. Não importava o quanto tentasse se mover ou fazer qualquer coisa do tipo, não conseguia; seu lado racional o avisava que seria bem pior se tentasse fazer algo contra o homem nesse momento. Então, contra agosto assustado, se deixou em perigo e a mercê do homem.

   Sentia um medo crescente em seu peito enquanto sentia aquele homem tão perto de seu corpo falando coisas e tocando em seu corpo de forma tão íntima e nojenta. Por que estava apenas deixando? Por que não o atacava? Só por que outros homens chegaram para ajudá-lo? Definitivamente, conseguiria dar um sacode neles.

   "Por que?"... A resposta era simples! Porque ele era um bebê chorão e fracote como Ace havia dito.

   Se culpar e lamentar não era a coisa mais inteligente a se fazer. Porém era tudo que ele tinha de liberdade nesse momento. Possivelmente, seus pensamentos continuariam nesse tom melancólico se ele não tivesse sentido a visão turva enquanto desmaiava. A última coisa que ouviu não foi palavras gentis e brincalhonas ou o som alguém tentando o ajudar. Na verdade, foi algo simplesmente assustador:

— Vamos lá, garoto. Vou te mostrar onde você ficará a partir de hoje.

   Foi assim que Luffy pressentiu o inferno próximo há meses atrás.

[...]

   Os sons metálicos das correntes raspando pelo chão sujo ecoavam pelos cômodos frios, e o cheiro podre que alastrava todo lugar preenchiam o faro de Luffy que acabara de acordar. Mesmo que suas memórias estejam confusas por ter acabado de acordar, ele sabia onde estava e o que era suposto fazer. Uma rotina dura e desumana fora cravada a força em sua mente. Ele nunca esqueceria dela – não quando ainda sentia a dor do ferro contra sua pele quando contrariava algo.

Submundo - (LawLu)Onde histórias criam vida. Descubra agora