Capítulo I - Leilão

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   O barulho de correntes sendo arrastadas era quase ensurdecedor para Luffy. Mas certamente a dor em seus pulsos e tornozelos por conta delas, era pior que isso. Cambaleante ele tentava acompanhar o homem que as puxava sem dó. Quase caindo no processo, com isso ralando um pouco os pés. Não podia reclamar ou ao menos pedir para ir mais devagar, então apenas dava seu melhor para seguir sem se machucar tanto no processo.

   Não apenas ele, mas várias outras mercadorias estavam sendo guiadas parar um lugar. O local onde seria o leilão. Ele não entendia bem como seria já que nunca participou de um, só sabia que seriam vendidos como se realmente não fossem humanos. Como se fossem simples peças ao bem prazer de outras pessoas.

   Afinal, eles ainda eram humanos? Era difícil para si até acreditar nisso.

   Luffy segura a vontade de resmungar – não queria receber alguma punição se o fizesse – quando o homem puxa a corrente com força, empurrando-o em seguida para dentro de outra cela. O Monkey nem havia percebido que andaram por um tempo, imerso em pensamentos, achou que se passaram apenas alguns segundos. Ele olha envolta um pouco confuso, mas era claro que não reconheceria ninguém ali. Todos eram mercadorias sem familiares, ou pessoas para sentir falta pela ausência.

   Cada um foi arrastado para fora, um por um. Vozes altas e gritos eram ouvidos, ecoando pela cela grande onde todas as mercadorias que seriam leiloadas naquele dia estavam. A atmosfera naquele lugar era completamente de desespero e medo. Mas o olhar de todas as mercadorias era vazio, sem propósito algum. Luffy se perguntava se possuia esse mesmo olhar em seu rosto. O olhar que um dia fora descrito por seus irmãos como um inocente e puro, perdeu todo brilho?

   O tempo passa lentamente, quando finalmente – ou infelizmente – a cela é aberta e dois homens se aproximam de Luffy. Mal pode fazer algo antes de ser segurado e uma seringa ser enfiada com força em seu pescoço. Enquanto o líquido entrava, ele sentia seu corpo ficar dormente. Perdendo total força que poderia existir para resistir, ele é guiado por eles até um palco. Mesmo com a visão turva, conseguia ver uma espécie de teatro grande onde várias pessoas estavam sentadas em poltronas.

   Os malditos compradores.

   Um homem elegante começou a falar no microfone, assumindo o papel de leiloeiro. Ele começou a descrever cada prisioneiro, destacando habilidades e características físicas, como se estivesse vendendo animais que conseguiam fazer truques. Era repugnante essa forma desumana de realmente os transformarem apenas em peças de mera propriedade. Mas mesmo sentindo raiva enquanto via aqueles ricos nojentos dando lances, Luffy não poderia fazer nada em sua situação. Estava totalmente imponente.

   E quando sua fatídica vez chegou, os compradores gananciosos, tinham sorrisos cruéis e olhares de superioridade. Luffy sabia que estava lidando com pessoas sem compaixão, dispostas a pagar fortunas por seres humanos para usá-los como bem entendessem. A noção que seria tratado pior ainda quando saísse desse lugar ao ser vendido para um deles, fazia um sentimento de desespero crescer em seu peito. A cada vez que os lances aumentam, o sentimento aumentava. Ele queria lutar, reagir, mas estava completamente indefeso naquele momento.

   Enquanto os lances continuavam a subir, Luffy percebeu que havia um comprador em particular que estava observando-o atentamente. Era um homem de aparência misteriosa, mas ainda um tanto elegante como todos os outros. Seus olhos eram inexpressivos e ele parecia analisar-se de cima a baixo. Estranhamente, ele não o encarava com malícia como os outros, o que deixava Luffy confuso.

   O que esse homem queria? Ele não sabia dizer. Nem quando tal levantou a placa com seu número dando lance em voz alta:

— Oitocentos mil.

Submundo - (LawLu)Onde histórias criam vida. Descubra agora