Capítulo 5 | Palco

98 9 2
                                    

Dormi e acordei mais descansado, essas são as únicas palavras que eu consigo dizer pelo visto. Acho que além de estar tentando enganar a todos estou tentando enganar a mim mesmo, eu não durmo bem à dias, mas eu preciso ficar bem, principalmente hoje, hoje vamos pra Campinas temos dois espetáculos do Improvável lá, então foco, foco no trabalho e profissionalismo.

A Van vai passar aqui e pra me pegar em alguns minutos, tecnicamente minha mala está pronta, já eu, razoável, mas não tinha como melhorar essa minha cara de quem não quer enfrentar as coisas.

A Van chegou, eu desci e entrei, o Elídio já estava lá dentro com o motorista e o Andrés, eu entrei com as pernas tão bambas que achava que não ia conseguir, porque? Vocês perguntam, porque a merda do meu coração começou a fibrilar e eu conseguia ouvir meu coração no ouvido, que ódio.

O Elídio vendo isso perguntou:

- Tá bem cara? Quer ajuda com a mala?

- Eu tô bem, só não dormi direito, meio cansado sabe, vida de artista - eu menti, pra caramba, o que eu tava era nervoso, com o quê em nome de Jesus eu não sei ou não quero descobrir

Entrei na Van e fiquei atrás do Elídio, ele virava de vez quando pra me mostrar algo no celular, então chegamos no Andy

- São sete da manhã é melhor não falarem bom dia - disse o Andy bem sutil - Daniel vem pra frente do lado do Elídio que eu quero ficar aí a trás pra tentar dormir

Tá bom, eu estava tentando fugir de ficar na frente o tempo todo aí vem o Andy de mal humor querendo me colocar pra frente, aí é foda viu.

Mas eu acho que não tinha muita escolha, se eu recusar vou ter explicar o porquê, mas nem eu sei o porquê, aceita Daniel, só não deixa o Elídio ouvir a merda do seu coração palpitando. Fui pra cadeira da frente do lado do Elídio e ele me olhou e deu um sorriso, que merda, aquele sorriso que aparece todas as suas linhas de expressões, que é tão espontâneo, e lindo, o quê? Eu acho que eu tava encarando por muito tempo o Elídio, então dei um sorriso fraco, ele me olhou bem e abriu a boca pra falar algo mas fechou em seguida.

Depois de alguns minutos, todos nós estávamos mexendo no celular quando chegamos pra pegar o Pimenta, ele cumprimentou a gente e sentou ao lado do Andy, mesmo o Andy reclamando dizendo que ele fosse sentar com o Andrés na frente da gente, mas o Andrés tava ocupando as duas cadeiras por estar dormindo faz tempo.

Depois de um tempo o Elídio tocou no meu braço me chamando atenção e eu tomei um susto com o seu toque e espero que ele não tenha percebido.

- Dani, você tá bem mesmo? Você tá distante, achei que você queria sair mais da sua bolha de trabalho e nesses dias você nem respondeu minha mensagens - disse o Elídio

Como explicar pra ele que minha cabeça tá um turbilhão, e eu não sei exatamente o porquê, porque eu achava que era falta da nossa amizade mas quando ele tá perto provoca mais confusão ainda, como explicar que ele causa minha confusão

- Eu tô com a cabeça cheia, e não é sobre trabalho, caso você já venha me falar que eu tenho que parar um pouco, na verdade é algo que eu não consigo explicar sabe, só quero me organizar, organizar minha mente pra não confundir vocês também - eu não falei totalmente mentira, na verdade foi bem real, só não podia dizer que era ele

- Se quiser jogar pra mim sua confusão eu aguento, sou forte, olha meus músculos - ele disse e eu ri

- Já dá pra voltar me segurar nas cenas no palco - eu disse e me arrependendo em seguida

- Temos duas sessões hoje pra isso - ele disse

Certo, eu acho que agora deu pra Van inteira ouvir meus batimentos de tão alto que tava.

Voltamos a mexer no celular e passamos pra pegar a Bella, e agora é rumo a Campinas.

(...)

Assim que chegamos fomos pro hotel pra depois irmos pro teatro passar o som, deixamos as coisas no hotel, o que por sinal o meu quarto é do lado do Elídio, como podem ver eu não reparei nisso.

Começamos a passagem de som, tava tudo bem, todos concentrados, era lindo de ver então agora iríamos comer algo pra depois se arrumar pro espetáculo, eu bem que podia chamar o Elídio pra gente jantar juntos, mas não, resolvi comer sozinho, eu e os meus pensamentos que estão me matando

Já estávamos prontos pra entrar quando a Bella anunciou o Andy primeiro, depois eu, fiquei esperando o Elídio como de costume e lá vinha ele com seu pulinho, tá eu gosto bastante disso, eu gosto bastante da gente, pelo menos algo eu tenho que admitir.

(...)

Íamos fazer o jogo pontos, eu e o Pimenta, viramos de costas e o Elídio foi buscar os adesivos ele me chamou pra colocar e colocou na minha testa, e àqueles olhos me olhando, chega, voltei pra trás e chamou o Pimenta.

O tema era: Você é louco e eu vou embora

Começamos a cena, assim que olhei pro Pimenta vi que o adesivo dele tava no pescoço, caramba, como juntar uma testa e um pescoço?

Começamos a cena como um casal e eu fazia uma mulher, eu e o Pimenta estávamos brigando quando o Elídio fez barulho de porta e entrou na cena e disse:

- Querida, vamos embora, este homem é louco, mas eu sou mais louco, mas é de amor por você - disse o Elídio

- Eu vou, não aguento mais esse cafajeste - eu disse - Mas antes, preciso ver se esse louco pegou o meu perfume

E fui em direção do Pimenta tentar encostar meu nariz e minha testa no seu pescoço mas senti alguém me puxando, era o Elídio

- Amor, não quero que você encoste nesse cara, ele só quer te usar pra terminar uma cena - disse o Elídio e eu ri um pouco

- Mas é bem rápido - eu disse

- Sente o meu cheiro, eu tenho o seu cheiro pode sentir - disse o Elídio pegando minha nuca e me fazendo arrepiar todos os pelos do meu corpo, espero que ele não tenha percebido, então ele puxou o meu rosto pra perto do seu pescoço e eu senti o seu cheiro, o cheiro do Elídio, do meu melhor amigo, mas o melhor cheiro que eu já senti, queria ficar ali perto dele pra sempre, mas o jogo tinha que acabar, e que por sinal o Elídio continua atrapalhando

- Deixa eu pegar minhas coisas pra gente ir - eu disse

Cheguei perto do Pimenta e disse:

- Isso é o meu colar? - e tentei encostar o mais perto os meus olhos do pescoço dele, deu uma leve encostada entre minha testa e o pescoço do Pimenta, mas a Bella não anunciou o fim do jogo

Então o Elídio veio e disse:

- Vamos logo Vida - e me pegou no colo e me tirou da cena, aí a Bella apertou a campanhia.

(...)

Se passaram as sessões e já estávamos voltando pra casa.

Durante todo o caminho pra casa eu não parava de pensar no Elídio perto de mim, no seu cheiro, o seu toque, no seu jeito de falar comigo, no seu olhar, nele.

Quando cheguei em casa, abri a porta e a primeira coisa que eu eu vejo é aquele porta retrato, o Elídio tava com sua careta e eu não resisti e dei um leve sorriso de canto, porque ele tava mexendo tanto comigo, um simples porta retrato me fazer sorrir e tão bem.

Fim do 5° capítulo


Obrigada por continuarem lendo essa história maluca, e quero dizer que tá quase lá pro Dani aceitar de uma vez o que sente, ele é cabeça dura mesmo. Bom, digam o que estão achando e obrigada mesmo por continuarem aqui. Até a próxima quarta!

Provavelmente ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora