Foi Você.

Cap 01.

Metade amor, metade remorso
Se arrumando para fotos em polaroids e cigarros
Socializar, romantizar a vida.

Flutuando na minha energia tranquila
Flutuando na minha energia, energia, energia tranquila
Não preciso daquela madrugada chapado
Estou flutuando na minha energia.

Sex, Drugs, Etc – Beach Weather.

Tudo aqui transmite ar puro e saúde.
Tudo aqui é calmo e quieto. Estou aqui a tanto tempo que não me lembro mais de como é a vida lá fora. Pra falar a verdade não sei como é viver como alguém normal, talvez por parecer nunca ter tido a chance.

Há pessoas e médicos por toda a parte, essas pessoas me deixam exausta. Tudo aqui é exaustivo demais.
Aqui sentada em um banco, observo especificamente um grupo de pessoas sentadas no gramado verde, em uma roda de conversa.

— Senhorita Liana Ortiz? — Desvio meu olhar das pessoas sentadas no gramado, olho para a Doutora Emma a minha frente – ou melhor minha doutora– ela esteve me monitorando por todo o tempo que estive aqui. — Sua mãe já está aqui para te levar para casa.

Volto o meu olhar para as pessoas do gramado, elas estão sorrindo e cantando alegrimente. Estão drogadas, mesmo que seja com remédios do tratamento, ainda assim estão. Esse lugar é uma verdadeira hipocrisia.

— Vamos? — Ela me oferece um sorriso gentil. Assinto em silêncio.

Me avisaram ontem pela tarde, que eu iria receber alta hoje, logo depois comecei a preparar minhas coisas para partir.
Me levanto e começo a seguir a doutora. Um rapaz vem logo atrás trazendo minha mala. Deixei muitas coisas aqui, coisas que não quero levar de volta, principalmente roupas novas que minha mãe comprou. Espero que doam para pessoas que realmente precisam.

Atravessamos o grande gramado verde. Aqui é enorme, com grandes muros brancos cercando todo o lugar.

Passando pelo portão avisto o carro da minha mãe, estacionado a alguns metros. Solto o ar que eu nem sabia que estava prendendo. Respiro o ar quente da cidade depois de exatos dois malditos anos.

— Tchau Lia — Dra Emma me abraça com carinho. — Por favor... se cuide. — Sem ainda dizer nada, sorrio e entro no carro. Vejo a Dra dando um tchauzinho com a mão, e o rapaz colocando minha mala no porta malas.

— Como você está filha? — Minha mãe olha para mim, ligando o carro.

— Bem, eu diria. — Encosto minha têmpora na janela do carro, olhando para a rua enquanto minha mãe sai com o carro.

Ela sorri para mim.
Depois de 10 minutos chatos e silenciosos ela volta a falar.

— Sabe filha... eu e o seu padrasto vamos nos casar em breve na Itália, queremos que venha conosco, estávamos esperando você ter alta.

Atiro meu olhar para minha mãe, ela só pode está brincando comigo né?

— Porque não se casam aqui? E porque acha que irei? — Franzo minha testa indignada.

Minha mãe diminue aos poucos a velocidade do carro.

Não me importo muito com esse relacionamento dela, mas não confio em Joseph Ricci de forma alguma, ele é um italiano que surgiu do nada na vida da minha mãe. Ela conheceu ele há 3 meses, até foram juntos me visitar durante esse tempo. Porém minha mãe não possui um bom histórico em sua vida amorosa. Sério ela escolhe a dedo os piores homens do planeta.

— Porque não viria Lia? Não posso te deixar sozinha.

Fala sério. Tinha me esquecido o quanto ela é insuportável.
Viro meu rosto para frente, estamos paradas no sinal, onde várias pessoas atravessam a via.