Dês do início do mundo estou aqui, vagando e servindo ao meu senhor, eu pouco citado sou aquele responsável por vigiar os portões do Éden a muito escondido dos olhos humanos, um trabalho tedioso, quando Adão e Eva foram expulsos entendia a importância de meu trabalho mas após a morte de Adão não entendi mais meu posto, em tempo modernos e tecnológicos as pessoas param de procurar pelos portos divinos, não como se fosse fácil o achar, pós a magia que os mantinham alheio aos olhos curiosos por si só já era o suficiente, estava começando a ficar tão desanimado daquele espaço solitário.
Meus irmãos divinos passavam quando lhe eram permitidos para me ver, diziam suas histórias gloriosas e missões honrosas e eu me sentia inútil por apenas poder dizer que vigiei o portão empoeirado atrás de mim como se os humanos fossem capazes de fazer algo grandioso e perigoso contra o jardim.
Algumas décadas se passaram e cada vez menos meus irmãos vieram, o pai já não falava tanto comigo, será que havia me esquecido? Nem mesmo Samael havia me tentado novamente para se juntar a ele e seu exército de irmãos rebeldes.
- Meu irmão, nosso pai lhe esqueceu e jogou-o a escanteio como se fosse uma árvore velha que não lhe dar mais frutos ou serventia, juntarastes a mim quando decidir que está sua função fútil e tão pior do que meu exílio - Um dia disse Samael a mim - Você verá.
E com uma gargalhada maligna ele se foi e nunca mais retornou para me dizer mais nada.
Mas minha mente já havia plantado a semente da dúvida, maldita cobra peçonhenta!
Milênios depois a humanidade já havia se digitalizado e ninguém mas realmente se preocupava com o jardim, eu já não via humanos a tanto tempo que já nem sabia como eles estavam atualmente.
Então em um dia estava sentado curtindo o sol com minhas asas abertas recebendo o calor da luz, ouvi um barulho em meio a mata, raro pós ninguém se aventurava por aquelas matas densas, nem mesmo animais, achei que era meus irmãos e para minha surpresa era o mais belo dos seres já avistados por meus olhos, uma linda criatura humana, ela era como uma obra feita pessoalmente pelo pai, entediada mas que o próprio sol, em um pulo levantei, minhas penas todas enriçadas por um motivo que nunca havia acontecido, não sabia se era o medo de ser descoberto ou a surpresa de ver um ser humano, uma das criações mais frágeis de meu pai, mas logo a surpresa passou rápido, ela não podia me ver por causa da barreira magia de Deus, então como se tivesse perdida ou tivesse notado minha presença ela olhou diretamente para mim.
Se ela pudesse me ver teria notado o espanto que correu a minha face.- Há alguém aí? - Disse ela depois de um certo momento olhando fixamente em minha direção - Droga!
Por um momento acho que notei um certo espanto e nervosismo em sua voz e rosto, mas no final ela era igual a todos os humanos, não podia me ver e nem sequer chegar perto de mim ou do jardim, ela voltou a andar e se afastou do jardim, pude ouvir agora menos distraído os seus passos apresados se afastando.
E lá se foi a primeira das interações com outros seres depois de tanto tempo isolado, algo doeu e apertou meu peito pulsante naquele momento, encolhi minhas asas e sentei na pedra onde estava antes pegando sol, e não senti mais vontade de abrir minhas asas e aproveitar aquela luz forte, em tanto tempo me senti sozinho pela primeira vez e não entendia o porquê.
- Pai? - Falei baixo - Onde o senhor está pai?
Depois de um longo dia tedioso, deitei em uma cama de folha e galhos, meu ninho parecia frio e estéril, aquele ser de olhos brilhantes e energia radiante não passara da minha mente durante todo o dia, fechei meus olhos, depois de décadas comecei a me permitir dormir, não sei quando comecei a sonhar com meus irmãos e a mim voando pelo céu e rindo, nós divertindo e fazendo trabalhos para nosso pai, o vento em meu rosto e as canções em adâmico, nossa língua primordial, os cânticos ao pai e toda a vida criada por ele, enquanto voava e cantava senti que meus irmãos haviam voado para muito longe, muito mais rápido que eu, minhas asas estavam doloridas e não os conseguia alcançar por mais que tentasse, me senti sendo puxado para baixo, olhava e não havia nada ali a me segurar, apenas minhas longas asas a fraquejar comigo.
- Irmãos e Irmãs me esperem! - Minha voz cansada gritava contra o vento, nenhum deles olhou para trás ao meu socorro não veio nem o pai, estavam voando e se indo para longe tão longe, o desespero me corria a mente e minhas asas doíam, mil toneladas pesavam sobre meu corpo e o céu foi se ficando mais longe - Pai!
Gritava enquanto batia dolorosamente contra o chão duro, lágrimas cortavam meus olhos e eu debatia minhas asas machucadas, eles me deixaram ?
O pai me abandonará?
Meu olhos ardiam, e o úmido me molhava o rosto, o doce de minhas lágrimas ensopada embaixo de minha cabeça e meus cabelos descrenhados se misturavam aos galhos secos.
Ao longe comecei a ouvir uma canção que jamais havia ouvido antes, uma linda voz doce e gentil, que me fazia sentir menos sozinho, parecia que me envolvia o corpo como um conforto breve.
- Pai! Onde o senhor está? - Dizia ainda com meus olhos molhados e fechados - Pai não me abandone, estou aqui ainda esperando pelo senhor, me prometera que não iria me desamparar no relento, o pai me tire deste posto solitário!
Depois de soluções involuntários e mais canções doce levantei em um supetão, achei que estava a voltar a dormir, mas como se nunca tivesse acordado? Será que aquele sonho confuso fora um sinal do pai para me dizer que ainda me via e para meu coração angelical não se afligir que ele estava a olhar para mim?
Debaixo de mim estava meu ninho revirado, úmido e destruído, provavelmente me mexi fortemente, teria que o refazer.
O sol estava a raiar novamente no horizonte, quente e brilhante, sentado com as mãos em torno dos joelhos com minhas asas abertas e relaxadas senti o sol que em outrora parecia mais quente a atravessa - las, algo parecia diferente naquele dia, será que finalmente estava a chegar o fim de sua existência eternamente tediosa.
Com um suspiro levantei e entrei no jardim para buscar mais folhas, gravetos e algodão para construir um novo ninho mais confortável.
Depois de ter buscado tudo que precisava sair do jardim e acabei esbarrando na bainha de minha lâmina, minha espada serafim estava lá, ao chão fria e esquecida.
A peguei e a retirei da bainha , meus dedos ao redor de seu cabo a muito esquecido, os nós dos meus dedos esbranquiçado pela força que fiz, sua lâmina azul brilhou e senti o fogo cripta, minha essência Serafim se agitou, minhas asas abriram e balançaram, eu era um Anjo guerreiro, um poderoso Serafim de Deus pai, um de seus filhos mais próximo e fiel e cá estou a vigiar sua árvore da vida e seu jardim outrora cheio de vida, agora vazio.
Guardei minha lâmina, coloquei a bainha em volta da minha cintura e fui reconstruir meu ninho.
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O Caído
Paranormal"Se por te beijar tivesse que ir depois para o inferno, eu faria isso. Assim poderia me gabar aos demônios por ter estado no paraíso sem nunca entrar nele" -Desconhecido, ou não. ❦❧❦❧❦❧❦❧❦❧❦❧❦❧❦❧❦❧❦❧❦ Eu deveria ter parado de observa-lá quando perce...