𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐈

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Os Uchihas

━━━━ Mada, é o papai... - o rapaz diz com a voz embargada pelo choro do outro lado da linha - E-ele morreu.

A princípio Madara pensou que aquela fosse uma piada - muito insensata, por sinal - do caçula. O primogênito de Tajima sabia que seu pai não estava tão bem de saúde, e fazia questão de arcar com todas as despesas do seu plano médico mesmo que a distância. Mas a ideia de perder o pai nunca lhe veio a cabeça.

Essa era a negação, a primeira fase o luto.

━━━━ Essa piada não tem graça, Izuna. - repreendeu o mais novo, que ainda chorava do outro lado da linha.

━━━━ Mas, anija, isso não é uma piada. O otosan faleceu. - a voz chorosa do outro lado reafirmou em um tom ainda mais sério - Eu e okasan tentamos entrar em contato com você o dia inteiro para dar a notícia, mas você não atendia.

Pela primeira vez naqueles últimos vinte anos, Madara perdeu totalmente a compostura, deixando a bebida de lado e olhando fixamente para o nada, ainda incrédulo. Não pode ser... Não pode ser verdade, era o que ele dizia para si mentalmente enquanto absorvia aquela informação. Por um instante, sua mente foi domada por recordações de sua infância e das várias vezes que era repreendido pelo pai por suas brincadeiras ou quando recebia conselhos do mesmo. Lembrou perfeitamente de todos os momentos em que o pai esteve ao seu lado e se amaldiçoou amargamente por não estar lá para ele. Por muitos anos Madara odiou seu pai. O odiou por tê-lo feito "crescer cedo demais", o odiou por tê-lo feito se mudar para Tokyo e passar os últimos tempos longe de todos que tanto amava, mas agora tudo parecia tão embaçado que o seu ódio já não tinha mais razão.

━━━━ Quando... - sua mente estava absorta em pensamentos e sua voz falha - Quando isso aconteceu?

━━━━ Nessa madrugada. - a voz do Uchiha mais novo soou mais baixa e fraca - O pessoal do hospital ligou pela manhã porque teve um apagão na cidade na madrugada, e disseram que ele teve uma parada respiratória às três e quarenta e seis.

Madara franziu o cenho e cerrou os punhos sentindo um misto de coisas diferentes. Raiva, tristeza, medo e remorso. Seu nariz ardeu, deixando uma vermelhidão visível em sua pele pálida ao engolir em seco dolorosamente.

━━━━ Depois de amanhã será o velório dele e...

━━━━ Estarei aí. - ele diz de imediato, já recolhendo suas coisas sobre a mesa baixa da cabine - Estarei em Takayama amanhã.

...

Após a notícia do falecimento do pai, Madara retornou para casa completamente sem chão. Não sabia o que fazer ou sentir naquele momento. Assim que entrou em seu apartamento moderno com paredes acinzentadas, fez questão de enviar um email para o escritório explicando a situação e porque se ausentaria no trabalho nos próximos dias. Após um banho longo, o mesmo permaneceu pensativo apoiado na grade da sacada do apartamento apreciando a paisagem de Shibuya à noite, usando apenas uma calça de moletom preta.

Ele ficou remoendo aquela chuva de informações em sua mente repetidas vezes, como se pensasse no que poderia ter ou não feito.

Logo, o mesmo retornou para dentro, incapaz de derramar uma lágima se quer com aquilo tudo, não se sentindo no direito de chorar enquanto preparava suas malas e separava uma boa quantia de dinheiro para sua passagem. Demorou muito para que o moreno enfim conseguisse cair no sono, não deixando de pensar em tudo que o que estava acontecendo.

𝐂𝐀𝐒𝐎 𝐃𝐎 𝐀𝐂𝐀𝐒𝐎; hashimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora