prologue

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prólogo

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prólogo.

Circe Lannister só sabia chorar.
Ela era uma garotinha chorona, encolhendo-se por sombras frondosas com seus olhos verde broto lacrimosos. A pele pálida do rosto ficava rubra e cálida; as mãos trêmulas se juntando contra o peito enquanto seus lábios explodiam em soluços soturnos.

Sua choradeira não incomodaria tanto se Circe não gritasse; arreganhando os lábios vermelhos como cerejas na primavera.

Nada que sua família fizesse a faria parar, muito menos as ameaças sibiladas em palavras inundadas de amargura.

- Se você não deixar de ser barulhenta, vou cortar sua língua fora.- O jovem Jaime cuspira a frase impacientemente.

Por mais que a garota tentasse, ela não conseguia. As lágrimas continuavam a escorrer em córregos por suas bochechas macias.
Mais tarde a jovenzinha soube que a razão daquilo tudo era: ela sentia-se vazia.

Circe Lannister sabia que tinha um coração cheio de artérias, veias, sangue e carne; mas ela podia jurar que o dela era gélido e rígido como uma pedra.
Ela só sabia que o possuía quando tinha medo e suas mãozinhas lívidas tremiam, seu corpo se encolhia e o órgão bombeava buliçoso em seu peito.

Em dias normais; ela pensava que não tinha coração.

***

Circe gostava de ficar aos pés do pai quando era criança; como lagartos em pedras ao meio-dia; arrumada em seus vestidos vermelhos por sua criadas e com os cachos cor de ouro cálido e derretido trançados e emaranhados em penteados dolorosos de princesa. Gostava de o observar; de deixar seus olhinhos luzidios beberem em seus traços tão símiles aos dela. As íris verde intenso, as maçãs afiadas e os cabelos loiros.

Ela gostava de o assistir suspirar, lamentando por suas esposas mortas. Gostava de ver o puro sentimento contorcendo-se em suas feições plúmbeas de luto.
Circe perguntou-se se aquele também era aqueles dias em que seu pai percebia que tinha coração. Aqueles dias em que se assustava ao sentir o órgão bombeando mais forte.

E então a pequena costumava pedir para sentar-se em seu colo, e então o abraçava e usava os lábios de mel que herdou da mãe para o fazer ficar melhor; suas palavras mélicas servindo como um conforto.

- Não fique triste, pai. Ainda estou aqui.- Ela murmurava. O tom de voz era frio e caloroso ao mesmo tempo. Algo difícil de explicar-se.

Tywin sempre ria, passando os dedos pela bochecha quente e aveludada da filha.

Para ele, ela parecia-se tanto com Perseis que lhe doía o peito. Olhar para seu rostinho redondo era como fincar uma adaga no âmago.

Quando ela cresceu, ficou tão parecida com a mãe que ele não conseguiu mais a olhar diretamente no rosto.

***

Jaime suspirou ao deparar-se com a irmã caçula chorando em seu quartinho.
Ela sentava-se no tapete, brincando com os dedinhos pálidos e afundava a face rubra e úmida de sal nos joelhos.

- O que houve, irmã?- O jovem perguntou calmamente, pondo-se de pé à frente dela.

- Tenho medo do escuro.- A garotinha respondeu aos sussurros quase silenciosos, olhando langorosamente para o assoalho.

Jaime riu - ele levava pouquíssima coisa a sério. Fazia piadas e sorria nos momentos mais inoportunos possíveis.
Mas naquele dia, fora um tanto diferente.
O mais velho soltara ar por entre os lábios outra vez e caminhou para a levantar por baixo dos braços; erguendo-a no ar e pondo-a no mar de lençóis sedosos; aconchegando-a no colchão.

- Nosso pai nunca lhe disse: "Você é uma Lannister, e os Lannister não têm medo."?- O enfim irmão perguntou descontraído, agachando-se ao lado dela enquanto a cobria com a colcha carmesim.

- Não.- A vozinha ecoou sôfrega.

- Então você é uma garotinha sortuda.- Ele sorriu para ela e apertou seu nariz entre os dedos.

Jaime a observou dormir com as pálpebras pesadas, respirando lenta e profundamente enquanto os lábios rubros entreabriam-se.
Ele engoliu em seco e beijou-a no topo da cabeça antes de sair.

Foi um dos únicos momentos em que ambos trocaram algum tipo de carinho.

Gold, Robb StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora