tem algo acontecendo?

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- Isso compromete a saúde dele, doutor? - Pergunto, a expressão preocupada estampada no rosto.

- Não, a medula óssea possui capacidade de regeneração, geralmente completa em cerca de 15 dias, - esclarece o médico, enquanto a enfermeira se aproxima para iniciar a coleta sanguínea. - Vamos agora colher uma pequena amostra do seu sangue para avaliar a compatibilidade com o dele. Em caso de não haver correspondência, tomaremos as medidas necessárias para inscrevê-la na lista de possíveis doadores, aumentando as chances de encontrar uma correspondência adequada.

- Como se desenvolve o tratamento experimental? - Indago, em busca de uma compreensão mais aprofundada.

- São tratamentos ainda em fase de pesquisa. Atualmente, encontram-se em curso dois procedimentos distintos. - explica ele de maneira precisa. - Você será submetida ao primeiro tratamento, que envolve a administração intravenosa de medicamentos. Seu estado será cuidadosamente monitorado por alguns dias neste hospital para avaliarmos possíveis melhorias. Em caso de sucesso, prosseguiremos com o tratamento. Para mitigar eventuais efeitos colaterais, será necessário o uso de medicamentos específicos. Além disso, sugiro a administração de vitaminas e, em determinados momentos, soro intravenoso. É possível que transfusões sanguíneas se tornem necessárias para assegurar sua estabilidade.

- Eu aceito o tratamento e gostaria de ser incluída na lista de transplantes também. - Expresso minha decisão.

- Claro, senhorita, no entanto, antes de prosseguirmos, vamos verificar se algum membro da sua família é compatível. - Responde o médico, dirigindo-se a Charlie. - Senhor Charlie, a enfermeira Lorena o acompanhará para realizar os exames. Seria bom se o senhor entrasse em contato com a mãe dela. - Ele espera Charlie sair e continua, adotando um tom mais sério. - Saiba que não há garantias de sucesso, Layra.

- Temos dois tratamentos, não é? - Questiono.

Ele assente. - Se um não der certo, vamos tentar o outro, certo? - Eu pergunto.

- Devemos avaliar se o organismo vai suportar, Layra. Não é tão simples assim. Além disso, torceremos para que alguém da sua família seja compatível. - adverte o médico, olhando para mim. - Vamos iniciar o tratamento amanhã. Mantenha a esperança, você vai superar isso. - ele diz, antes de sair do quarto

Ele pode ler pensamentos? Porque eu estava exatamente pensando nisso. A quimioterapia mal começou, e já sinto o amargo gosto da desilusão. A leucemia, como uma sombra persistente, parece zombar da esperança de remissão, lançando dúvidas sobre um futuro que parecia tão certo. E então, há a Bella, que desapareceu sem deixar rastros; minha mente oscila entre a preocupação agonizante e a raiva fervente. Como alguém pode ser tão egoísta?

Passam algumas horas, e Charlie retorna ao quarto. Seu semblante está notoriamente abatido, com olheiras profundas que denunciam a exaustão. Não desejava vê-lo enfrentar isso; na verdade, não desejava que ninguém fosse submetido a esta cruel realidade. O peso do desconhecido e a inevitabilidade da luta pela vida pairam no ar, envolvendo o ambiente com uma melancolia quase palpável.

- Me desculpa. - Charlie se pronuncia após um longo silêncio.

- Pelo que, papai? O senhor não fez nada, - o encaro com uma mistura de compaixão e preocupação.

- Eu não podia deixar você sozinha em casa. Se Jacob não estivesse lá... - Ele trava por um momento, suas palavras carregadas de um peso emocional palpável. - Eu não sei o que faria se te perdesse," vejo o esforço hercúleo dele para conter as lágrimas.

- Pelo amor de Deus, papai. Você não pode ficar sempre por perto. Isso iria acontecer uma hora ou outra. Não se torture tanto; você acabou de perder um amigo. - suspiro, tentando transmitir conforto diante da sua dor. - Não faça isso consigo mesmo.

The Twilight - Moon ShinneOnde histórias criam vida. Descubra agora