Portland

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Chegamos em frente à minha residência. Ao entrar, fui direto pegar a chave do carro. Charlie estava relaxado no sofá, imerso na emoção de uma partida de beisebol.

— Pai — o chamei, interrompendo momentaneamente sua atenção à tela. Ele virou o olhar na minha direção. — Estou indo para Portland com Jasper, posso?

Seu olhar expressava uma mistura de emoções, uma sombra de tristeza que talvez indicasse o medo de me perder ou de reviver algo semelhante ao que aconteceu com Isabella.

— E se eu disser que não, você ainda irá? — Sua pergunta carregava uma inquietação que pairava no ar. Parecia que ele temia perder novamente alguém que amava.

— Claro que não, a última palavra dessa casa é sempre a sua — assegurei, tentando dissipar suas preocupações. Um sorriso aliviado surgiu em seu rosto, e ele fez um gesto com a mão, me chamando para perto.

— Pode ir. Tome cuidado, minha pequena morceguinha — acrescentou, e eu me aproximei para dar um leve beijo em sua testa. Era como se aquele gesto contivesse todo o amor e proteção que ele queria me transmitir naquele momento.


Juro que, naquele momento, a vontade de ficar com Charlie e cancelar com Jasper foi intensa, mas o compromisso já estava marcado há dias. Ao sair da casa, Jasper estava encostado na porta do passageiro, esperando que eu destrancasse o carro para entrar. Após destravar, entrei no banco do motorista, liguei o carro na ignição e segui em direção a Portland.

Enquanto dirigíamos, Jasper quebrou o silêncio com uma pergunta curiosa.

— Por que "morceguinha"? — indagou, olhando para mim com interesse genuíno.

— Quando era pequena, adorava assistir beisebol com Charlie. Assistíamos até tarde, e quando ele insistia que crianças deveriam estar dormindo, eu retrucava, dizendo que eu era um morcego, que minhas maiores aventuras eram de noite. — Sorri ao relembrar aquelas noites especiais. Jasper riu ao meu lado, capturando a atmosfera leve do momento. — Então ele me apelidou assim.

— Você é mais próxima de Charlie? — indagou Jasper, demonstrando curiosidade sobre as dinâmicas familiares.

Deixei escapar um suspiro suave antes de responder, pensativa.

— Sim, tenho uma conexão especial com ele. Charlie sempre foi meu porto seguro, o tipo de pai que está presente em todas as fases da vida. — A resposta carregava um misto de gratidão e carinho, revelando a importância daquele relacionamento único


— Você é a morceguinha mais linda dessa terra. — disse Jasper, apertando levemente minha bochecha.

— Você não viu o apelido que minha mãe me chama — respondi com um olhar de relance, voltando minha atenção para a estrada. — Como você soube que Maria não te amava? — perguntei, notando a surpresa em seus olhos.

— Fiz amizade com um recém-nascido chamado Peter. Consegui persuadir Maria a mantê-lo vivo devido às suas habilidades avançadas em combate. Peter acabou conhecendo uma recém-nascida e fugiu com ela, uma criatura que, de acordo com as regras do clã, deveríamos eliminar. Permiti que escapassem em consideração à minha amizade com Peter. Após esse incidente, percebi uma mudança nos sentimentos de Maria por mim; podia sentir o quão irritada - e um pouco desconfiada - ela estava. Sabia que ela planejava uma maneira de me destruir, então comecei a planejar como matá-la primeiro. Apesar da minha relutância em destruir a única pessoa que um dia importou para mim, os anos no clã haviam me afetado profundamente, quase me levando a um estado selvagem. — ele me olhava fixamente enquanto contava a história

"Em 1938, Peter voltou e contou-me sobre como era a vida dos vampiros no Norte. Insatisfeito, fugi para morar com Peter e a companheira dele, Charlotte. No entanto, não encontrei a paz, já que ainda podia sentir as emoções de suas vítimas humanas quando me alimentava delas, algo que me deprimia profundamente. Então, deixei Peter e Charlotte e passei a vagar sozinho e sem destino."

The Twilight - Moon ShinneOnde histórias criam vida. Descubra agora