The Reformatory

Capítulo VII

⚠️Alerta de gatilho: O capítulo contém temas sobre doenças e abuso⚠️

_____________________________________________________________

Mal estava certa, a chuva fraca se tornou uma tempestade, e por um alto trovão a garota acordou no meio da madrugada. Ela se sentou na cama e esfregou os olhos, aquele era o fenômeno da natureza que mais lhe agradava depois do pôr do sol, lhe trazia paz, acalmava os pensamentos com uma ponta de melancolia acolhedora, se é que isso existia. Se levantou indo até a janela, o vento frio em contato com sua pele quente lhe causou arrepios, relâmpagos iluminavam a floresta vez ou outra permitindo que ela visse partes do reformatório ao longe, escondido no meio das árvores. Ela fechou os olhos e inspirou, ouvindo as gotas no telhado e as folhas dos galhos balançando brutalmente. Um ranger a trouxe de volta a realidade e ela virou a cabeça vendo Benjamin abrir a porta devagar.

— Oi, é.. tudo bem aqui? — ele perguntou ao vê-la, Mal franziu o cenho

— Sim, por quê?

— Nada, é que com a tempestade pensei que poderia ficar com medo

— Estou bem. Quem parece um cãozinho assustado é você, seus olhos faltam pular pra fora, Ben — ela riu voltando a olhar pela janela

— Mas então, você quer fazer alguma coisa? Já que perdemos o sono

— Ben assume que está com medo, não é motivo de vergonha, é um medo bem comum

— Talvez, um pouco — ele gaguejou antes de ouvirem outro trovão, Ben adentrou mais no quarto por impulso — É eu tô com medo

— Vem cá — ela o chamou esticando o braço esquerdo, o garoto foi até ela aceitando o abraço que mesmo ela sendo uma cabeça mais baixa, foi reconfortante — Se ouvir com atenção, os trovões têm um ritmo, alguns são mais longos, outros mais curtos, mas todos soam como uma melodia

— Você tava fumando maconha antes de eu entrar?

— Cala a boca Benjamin — acabou rindo

— Posso ficar com você até passar?

— Claro Beny. Eu protejo você — foi quase uma promessa

— Você está diferente de horas atrás

— Um diferente bom ou ruim?

— Não sei dizer, apenas diferente, mais pacífica

— Ei! Quer dizer que sou estressada? — perguntou rindo

— Você é — ele acompanhou a risada enquanto via o rosto dela brilhar mesmo com o céu estando tão escuro e a única luz ali era uma pequena luminária noturna em formato de borboleta em cima da prateleira

— Sei lá, é uma sensação nova pra mim também, as últimas semanas têm sido uma loucura, mais que o normal

— O que foi?

— Ah não, isso é assunto para amanhã — ela se soltou do abraço dele se sentando no batente da janela, por instinto ele se aproximou segurando-a pela cintura — Relaxa Romeu, se eu cair vai ser na varanda

— Acha mesmo que existe a possibilidade de eu não me preocupar com você?

A distância entre eles não era grande, apenas alguns centímetros e seus lábios se uniriam. Os dedos de Ben ficaram mais firmes na cintura dela ao mesmo tempo que ela segurava a barra da camisa dele, ajudando a dar um fim na distância o puxando de leve. Então aconteceu, os dois compartilharam aquele primeiro beijo rodeados por uma tempestade barulhenta e feroz, mas seus corações estavam calmos. Naqueles primeiros instantes o ar faltou depois do beijo suave, se separaram unindo as testas.