Dilema Natalino

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A clareza caía do céu,
pouco comovente,
Alguns na rua,
outros no calor envolvente.

A árvore natalina,
grande e pomposa dançava,
A estrela no topo,
desejos das crianças brilhava.

Duas passavam,
animadas diante do pinheiro,
Velhinho distribuindo presentes,
o dia inteiro.

O gorro escarlate
na imaginação reluzia,
Rios de pensamentos,
transformando em alegria.

Decepção ao ver o saco vazio,
Pai as levava para casa,
no frio.

Residência simples,
paredes imundas,
Frustrações escondidas,
do passado que se inunda.

Seguras em seu
quarto pequenino,
Duas camas bagunçadas
como um ninho.

Passarinhos tristes,
pensando no presente
não recebido,
Pai na calçada,
insanidade concebido.

Vitrines cheiro de infância,
olhos a brilhar,
O homem chora,
mas não quer mostrar.

Desonestidade,
dois pacotes a não pagar,
Corre antes que
alguém o veja andar.

Chave na porta enferrujada,
frio a piorar,
Vida em desordem,
sem solução a encontrar.

Rostos de alegria,
filhas recebem o presente,
Pai sentado,
alívio de não ser
um Pai ausente.

Por fora, ingênuo e contente,
Por dentro,
loucura e insanidade presente.

Perturbação sonora,
pavor no ar,
Sirenes ao longe,
frustrações a caminhar.

Viatura para
frente à casa,
sirenes soam,
Ele corre para trancar,
a mentira entoa.

Policial entra,
a situação se desdobra,
Filhas observam,
cada centímetro que assoma.

Mãos erguidas,
humilhação no ar,
Pai arrancado delas,
vida a desmoronar.

Olhos inocentes
brilham ao ver,
Pai levado para fora,
desgraça a acontecer.

Ao lado, o velho de gorro vermelho natalino,
Criminosos no carro,
uma trama Desolada.

Condenados por crimes,
passado e presente,
Impureza humana,
redenção ausente.

A certeza que temos,
nunca seremos puros,
Pois a Infância fora roubada,
motivo de lamentos futuros.

Sopturno Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora