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🗣️Yuri

Eu não sou o suficiente.

Isso estava rondando minha cabeça desde o ano passado, minha fase não é boa, cobrança vindo de todo lado, torcida no meu pé, tá foda.

E depois do jogo fora de casa, tudo estava pior, a fase não está boa pra ninguém, ninguém mesmo.

Conversei com a Larissa, e meus pais, na verdade ela que conversou comigo e com meus pais, eu não sabia que era tão autoritária assim, mas eu amei.

Depois dessa conversa com a minha família, a gente buscou um psicólogo, e cá estou eu, fazendo sessões duas vezes por semana.

Agora sobre a Larissa, não tenho dúvidas de que ela é a pessoa que eu quero pra minha vida.

Depois daquele jogo, tínhamos dois dias pro próximo treino, eu fiquei os dois dias sem entrar em rede social, apenas fiquei com a minha família, e a Larissa, que estava me apoiando.

Hoje teremos mais um jogo do Paulistão, fora de casa, e o nervosismo já estava batendo.

Fizemos nossas orações antes de subir pro campo.

— Bom jogo meninos - Larissa disse.

E subiu, logo subimos também, e o jogo começou.
Aos 26 minutos, o time adversário fez um gol.

Primeiro tempo acabou, e fomos pro vestiário, o clima não era dos melhores, longe disse, o clima era pesado, ruim, ninguém falava nada, mal se olhavam.

Voltamos pro segundo tempo, tudo que fazíamos não dava certo, e quando não se pode piorar né?

Fui pressionar uma bola no campo de ataque, e acabei fazendo uma falta e perdendo a bola.

E essa não é a pior parte, a pior parte foi ouvir seu treinador te chamando de burro, em alto e bom som, pra todo mundo ouvir, e o jogo sendo transmitido, aquilo foi um gatilho.

Fiquei mais uns 2 minutos em campo, e o mano me substituiu, falei com ele na saída de campo, ele me pediu desculpas, mas ainda sim o clima ficou pior que tava, sentei no banco e vi todo mundo me olhando.
A Larissa não estava no banco, o que eu achei estranho.

— Cadê a Larissa? Ela tá bem? - perguntei pro Carlos

— Ela desceu mano, ela disse que se ficasse aqui ia bater no Mano - ele respondeu — e você? Tá bem mano? - o olhar era de preocupação.

— Bem eu não tô né mano, tô chateado pra caramba, mas eu também não tô é reagindo nada, vou descer falar com ela - eu ia me levantar, mas ele não deixou.

— Deixa ela mano, depois vocês conversam, espera acabar o jogo - ele disse que eu fiquei ali.

Confesso que derrubei algumas lágrimas, mas tentando disfarçar a todo momento.

— Mano, tô com med o de descer pro vestiário e a Larissa agredir o mano, ela saiu daqui puta da vida - Maná disse.

Meu Deus

Pelo pouco que eu conheço dela brava, ela deve estar muito, mais muito puta com o que ouviu, fiquei ali pensando em um milhão de besteiras até que o jogo acabou e descemos pro vestiário.

Assim que entramos no vestiário, Amarilda estava sentadinha no chão, com o fone no ouvido, nada quebrado, ainda bem.

Assim que ela viu a gente entrar ela continuou do mesmo jeito, não trocou uma palavra com ninguém, até o Augusto ir falar com ela.

— Tá tudo bem? - ouvi o Augusto perguntar pra ela.

— Tudo sim - ela disse tirando os fones

Mentirosa

Dava pra saber que ela não tava bem, ela tava puta.

— Larissa, sobe lá e pega minha prancheta, tá em cima do banco - o mano disse pra Larissa que o olhou com um olhar mortal, e todo mundo percebeu.

Por que?

Pooooooor que?

Eu tenho certeza que ela tava se segurando pra não falar nada, maaaaaas.

—  E por que tu não pode ir buscar? Tá em Cuiabá ou é muito burro pra fazer isso? - ela disse com as mãos na cintura, fazendo todo mundo parar pra olhar.

— Desculpa, eu não entendi - ele disse virando pra ela.

— Já vi que é a segunda opção mesmo - estalou a língua no céu da boca e encarando ela.

— Qual teu problema garota? Tá defendo seu namoradinho por um acaso? Os dois né? Se for isso eu já me desculpei com os dois. - ele disse.

— Sabe qual é o problema? O problema aqui é você, o problema é que você não sabe mexer num time, não sabe fazer porra nenhuma a não ser falar mal dos meninos, pro estádio inteiro ouvir, mas pra você tudo certo né? Tudo lindo, e eu tô sim, defendendo eles, defendendo o meu time de coração de cair nessa porra desse campeonato - ela disse apontando o dedo pra ele.

— Eu sabia que essa ideia de ter mulher dentro de vestiário seria uma ideia idiota, tá vendo né Augusto? Eu não vou nem discutir com você, faz o que eu mandei e vamos voltar pro CT.

— Gente, calma, vocês estão de sangue quente, lá no CT conversamos - o Augusto disse.

— Lari, por favor, calma - eu disse chegando perto dela.

— Eu não quero conversar depois, e você?não tem duas pernas e duas mãos? Pega você, burro. - ela disse saindo do vestiário.

Peguei minhas coisas e sai atrás dela que estava entrando no ônibus, pisando forte.

— Desculpa - ela disse assim que eu sentei do lado dela.
— desculpa por ter surtado lá dentro, mas eu não aguentei ver ele chamando você de burro pra todo mundo ouvir, pô, não tava mais aguentando sério - ela disse secando a lágrima que havia caído.

— Tudo bem amor, tudo vai passar - disse encontrando no ombro dela.

E assim fomos, até o CT.

Minha pessoa - Yuri Alberto Onde histórias criam vida. Descubra agora