𝘁𝗵𝗿𝗼𝘂𝗴𝗵 𝘁𝗵𝗲 𝗺𝗶𝗿𝗿𝗼𝗿'

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Montevideo, 1997.

Sophia obedeceu Matías de imediato. No outro dia, bem cedo, ela estava sentada em sua cama, de roupas já trocadas e seus cabelos estavam lavados e penteados. Ela precisou de um banho nesta manhã para poder "resfriar" a cabeça.

Ela sabia que aquela seria a sua única chance de escapar. Ela precisava tentar.

Sophia sabia que se fosse carinhosa, amorosa e submissa o bastante para Matías, ele se apaixonaria por ela. Ou teria um pouco mais de empatia sobre a sua situação. As vezes ela tentava pensar positivo, que tudo iria dar certo e iriam encontrá-la. Mesmo que no fundo ela sabia que aquilo não era verdade. Haviam esquecido dela.

Matías por outro lado, estava tentando deixar Sophia mais confortável. Ele levava alguns presentes para ela as vezes. Alguns chocolates, que ela ficou meio receosa de comer, pois achava que estava envenenados. Livros e mais livros, para que ela não ficasse entediada, ou até mesmo algumas revistas de algum assunto que ele pensava que achava que ela poderia gostar. Até mesmo um vestido azul escuro com detalhes bordados, que Matías achou que iria ficar perfeito no corpo de Sophia.

Ele estava tentando conquistar-la lentamente, ele queria ela pudesse se sentir confortável com ele. O que era impossível. Sophia tentava se demostrar firme perante Matías, mas no fundo ela sentia medo. Ela sabia que Matías poderia fazer algo.

Sophia escuta a tranca da porta se abrir. Ela se levanta da cama, ela estava tentando se mostrar corajosa, como se não estivesse com medo.

--- Já está pronta? --- Matías aparece e diz. Ele usava uma jaqueta grossa, um par de botas para caminhada e uma calça de lavagem escura. Seus cabelos estavam molhados e Sophia conseguiu reparar que eles estavam um pouco longos.

--- Estou. --- Ela diz firme e direta. Como se quisesse amedrontar ele.

Matías tira um pequeno pano preto de seu bolso.

--- Quero que você coloque isso para sair. --- Era uma venda. Ele iria venda-la para que Sophia não pudesse ver nada do caminho que ela estava indo. --- Somente por precaução, meu amor.

Sophia não diz nada, demostrando que ela infelizmente, estava concordando, pois ela não tinha escolha. Matías chega por trás dela e coloca a venda em seu rosto.

--- Me avise se estiver muito apertado. --- Ele diz enquanto dá o segundo nó para ficar firme.

--- Está bom. --- Sophia diz em um tom baixo.

--- Se você em algum momento, tentar fugir, escapar, ou tentar alguma gracinha. Eu te tiro desse quarto e coloco você em um quarto pior. Amarrada. --- Ele diz próximo do ouvido de Sophia. --- Eu não quero te machucar, querida. Mas se você fizer algo, não terei escolha. Estamos entendidos?

--- Sim, Matías. --- Ela assente, contra sua própria vontade. Sophia sente Matías pegando em sua mão, para guia-la até a saída de sua casa.

Sophia conta cada degrau que sobe nas escadas, conta cada curva que ela faz dentro da casa, pois ela achava que isso seria útil se a polícia a encontrasse.

--- Pronto. Pode entrar. --- Ele diz abrindo a porta de seu carro. Onde Sophia pode se recordar do cheiro dele muito bem. Ela já esteve alí. Ela se arrependia amargamente de ter aceitado aquele carona estúpida. As vezes Sophia se imaginava conhecendo Matías em outras situações, outras épocas.

Ela conseguia imaginar Matías sendo gentil. A levando em jantares, saindo com ela, indo até a sua casa, fazendo planos juntos. Ela se perguntava como que Matías seria se ele não fosse assim.

--- Coloque o sinto de segurança, por favor. --- Sophia obedeceu. Ela conseguiu escutar a chave virando e o carro se movendo. Também sentiu uma mão fazendo carinho na sua.

𝐈 𝐊𝐍𝐎𝐖 𝐘𝐎𝐔 -  𝘔𝘢𝘵𝘪́𝘢𝘴 𝘙𝘦𝘤𝘢𝘭𝘵Onde histórias criam vida. Descubra agora