Cap. 1 PARTIDA

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No interior de uma cidade, vivia uma garota que sonhava em se tornar uma médica renomada, vivia a dizer pelos cantos a mesma história, que faria medicina.

Se mudou para a cidade grande e o tempo foi passando e a cada circunstância da vida, esse desejo foi se esfriando e ela não se sentia capaz o suficiente, não conseguia se focar e o pavor pelo sangue iam aumentando gradativamente.

Chegou em um ponto que seu principal foco escorreu pelo ralo, ela não estudava direito e consequentemente sua nota foi um fiasco, tendo que recorrer a outra área de interesse e no meio do processo ficando na dúvida se valeria a pena tudo aquilo.

Ela se formou, porém, não estava contente, era como se sua vida estivesse fadada ao fracasso, aquela mesma ladainha, não ser o suficiente e no final ficou parada no tempo vendo as pessoas ao seu redor lhe cobrar constantemente, criando expectativas sobre si.

Além de não conseguir um trabalho em sua área, os trabalhos medíocres que se prestava a conseguir, não se mantinha por mais de um mês, o medo e a insegurança sempre a acompanhava, em sua mente era uma inútil e fracassada.

Seus dias foram ficando cada vez mais complicados, ter que aguentar seu pai jogar em sua cara o quanto ela era incapaz e inútil, sem contar o dinheiro jogado fora, em estudos e cursos para nada, pois a mesma não utilizava de nenhum deles, estavam em seu currículo somente para servir como enfeite, não havia de valer a nada, o que contava era a experiência, algo que ela tinha somente de um mês, em todas às vezes.

Sua mente estava em colapso, ela evitava eventos familiares, pois os olhares de julgamentos eram nítidos, todos só enxergavam o que era do interesse deles e não se preocupavam, uma explicação lógica para tal fato, é que se tratava da mente totalmente instável de outrora.

A mesma engolia tudo e sofria sozinha com apertos no peito e choros constantes durante a madrugada, onde ninguém poderia ouvir.

Em uma de suas saídas até a casa de um tio, sempre perguntavam porque não trabalhava ainda e até quando viveria as custas do pai. Era sempre uma humilhação que passava, por inúmeras vezes.

Chegou um certo ponto que as brigas em casa eram constantes, com seus quase vinte e dois anos, desempregada e ela simplesmente não fazia nada para mudar sua situação, pois se sentia tão incapaz, que a única coisa boa era viver em sua zona de conforto.

Seus pais não estavam contentes com isso, queria que ela começasse a entender que precisava trabalhar, para que a mesma tivesse sua independência financeira, mas a culpa não era exclusivamente sua, tinha entrevistas frustradas e quando conseguia algo, era sempre a mesma história, passava mal, ficava doente ou pedia para sair, durando um mês ou menos na empresa.

Não poderia ser pior, a sua situação estava muito deplorável, não conseguindo ser uma pessoa normal, sendo considerado a muitos como uma desocupada. Ela não conseguia enxergar uma luz ao fim do túnel, completamente perdida no meio dessa sociedade cruel, um caos completo.

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O ano acabou mais uma vez e sua amiga havia conseguido um emprego temporário para as duas, haviam sido indicadas por uma amiga em comum, ela não sabia se daria certo, mas resolveu tentar, pois, já estava perdida suas esperanças, o emprego não era dos melhores, mas tentaria dar o seu melhor para conseguir se manter ali, pelo menos para não aguentar desaforos a todo lado.

Tudo se seguiu bem, mas as dificuldades começaram e com o tempo ela percebeu que não daria certo novamente, então surgiu a única esperança, ir embora da cidade, sentia que seria sua única salvação, a mesma se encontrava em uma depressão profunda, extremamente incapaz, ela ia trabalhar, arrastada, tinha crises de pânico e sempre chorava constantemente e os superiores, incomodados com tal situação, a chamaram para uma conversa, e deixaram claro que não seria estendido seu contrato e no final ela ficou por mais uma semana e foi desligada.

Seus parentes nem esboçaram reação, pois, já sabiam depois disso ela se afundou, só queria ficar deitada, mal levantava para comer, seu pai mesmo sendo rude percebeu que a filha não parecia bem, então veio a proposta, dela voltar a morar em sua cidade natal, ele iria dar um jeito de conseguir uma casa e alguma coisa que fizesse ela se sentir bem.

Ela ainda ficou alguns meses na cidade em que morava, e quando seu pai avisou da casa, ela se sentiu bem, iria embora na próxima semana, então arrumou todas as malas e suas coisas, estava levando só o básico. O pai daria uma mesada por mês, até ela se estabilizar, ele havia comprado algumas coisas e pedido coisas usadas para ela ter um conforto na casa. Bianca estava alegre e feliz finalmente.

Após essas mudanças repentinas ela estava bem, mas enquanto estivesse na cidade ela ficava reprimida em seu canto. Antes de ir embora ela se encontrou com sua amiga sem dizer o motivo daquilo, preferia dizer pessoalmente.

Seu olhar estava fundo e seu rosto demonstrava angústia e tristeza, mas, ao mesmo tempo, alívio, preferiu não se prolongar e foi direta ao ponto, disse claramente que estava ali para se despedir, sua amiga não entendeu nada de imediato, então ela explicou mais claramente e isso foi o estopim, para ela começar a chorar, Bianca sabia que isso faria sua melhor amiga de longa data sofrer, mas era a única forma de acabar com aquele inferno.

Não se sentia bem, era completamente infeliz naquele lugar, nada dava certo em sua vida, não sabia se por escolhas dela ou por influências negativas de pessoas ao seu redor, de uma coisa ela tinha certeza precisava se reencontrar para conseguir seguir seu caminho, entender seu destino de uma vez por todas.

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Mais uma nova história e dessa vez é baseado na vida de duas pessoas espero que gostem.

Má sorte ou karma Onde histórias criam vida. Descubra agora