Obito caminhou vagarosamente na volta para casa, carregando duas sacolas de papel cheias de legumes, um pouco de carne, arroz e algumas frutas, parando no caminho para ajudar a vovózinha que lhe dava doces desde quando ele era um garoto atrapalhado se atrasando para o treinamento ou para sair em missão.
Ela lhe dava doces mesmo agora que ele era um homem adulto com cicatrizes de batalha no rosto e histórias sombrias em suas costas.
Por muitos meses depois que voltou para Konoha, Obito não conseguia nem ao menos olhar nos olhos das pessoas idosas da vila que ele sempre ajudava. Ele sempre via o rosto severo e enrugado e os cabelos brancos longos e espetados de Madara no lugar dos rostos gentis e bondosos que o pediam ajuda com uma sacola pesada do mercado e aquilo o devastou. Ele havia perdido a avó pouco depois que ele voltou da caverna e ele sentia que também havia perdido algo que era tão característico de Obito.
A crise de identidade que abateu sobre ele foi devastadora, Obito não sabia quem ele era e o que ele poderia fazer para descobrir. Ele tinha certeza de que Madara o havia quebrado além do reparo naquela época e Obito não sabia se um dia poderia voltar ao normal algum dia. Levou muito trabalho, conversas, visitas a psicologos e o apoio de Kakashi, Minato-sensei, Kushina, tia Mikoto e as amigas da avó de Obito para fazer ele ver quem ele era e quem ele sempre foi:
O garoto amoroso que sempre se perdia para ajudar os outros sem se importar com o que outras pessoas pensariam dele.
Agora, ouvindo a senhora idosa de costas encurvadas pelo peso da idade enquanto caminhava apoiada em uma bengala contar a ele sobre os netos que estavam se tornando chunnins logo e dos filhos que eram ninjas formidáveis enquanto carregava as sacolas dele e dela, ele agradecia ao Sábio por ter conseguido superar o horror que Madara Uchiha havia incutido nele tantos anos atrás.
Ele suspirou, se lembrando do que o estava esperando no sofá de sua casa quando entrou na casa da velha e viu o marido dela sentado no sofá e viu as briguinhas dos dois, se lembrando exatamente de como ele e Kakashi sempre foram. Houve um tempo, meses atrás, que Obito acreditava que ele e Kakashi envelheceriam assim, antes da coisa toda ir para a merda com verdades mal contadas e uma rachadura de falta de comunicação enorme entre os dois
Ele se lembrou de Kakashi sentado em seu sofá de manhã, um unico olho aberto sonolento, se lembrou do toque fantasma de dedos finos e pálidos em sua cabeça depois de um pesadelo e seu coração deu um aperto. Ele nunca iria superar Kakashi nem as coisas que eles viveram juntos.
Ele sabia que Kakashi ainda estava lá e que ele muito possivelmente precisava de cuidados médicos de novo, Obito sabia que eles com certeza iriam ter que conversar sobre Zetsu e sobre eles mesmos com certeza agora e estava decidido a fazer isso, mas ele precisava se distrair primeiro e acalmar seu coração antes de qualquer coisa.
Obito não queria discutir de novo, não queria sentir aquela raiva borbulhando em seu peito mais uma vez porque ele podia sentir o monstro rastejando para fora, cravando suas garras na mente dele e ele não se perdoaria se ele perdesse o controle de tudo e machucasse Kakashi. Ele teria que lidar com o possível horror que o homem que ele amava sentiria por ele depois que ele contasse o que pode fazer (e o que fez quando Rin morreu e o que fez com Madara).
Ele não podia lidar com a possibilidade de machucar Kakashi fisicamente também. Então ele caminhou. Caminhou até sentir sua mente em paz.
Quando Obito declinou a oferta de uma xícara de chá depois de descarregar as sacolas da senhora e disse que precisava ir para casa pois estava cuidando de uma pessoa, a velha sorriu e caminhou até um cômodo distante, voltando logo depois com um caderno de receitas com folhas sujas e amareladas nas mãos, colocando ele nas mãos de Obito com cuidado e dando um tapinha no ombro dele.
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Bad ideia, right? [obikaka]
Подростковая литератураObito estava pensando em aproveitar o dia de folga depois de uma missão que durou dias com sua equipe de genins quando encontrou Pakkun parado em sua janela, guardando o corpo de seu ex-namorado de quem não tinha notícias há muito tempo, trazendo co...