Capitulo 05 - Eu revejo um antigo colega

25.6K 1.8K 924
                                    

Parei de escutar tudo. Minha cabeça estava a mil por hora.

De repente, sinto uma mão tocar meu ombro e eu dou um pulo assustada. Era a minha mãe.

-Por que você nunca me contou? -Perguntei, mas nem eu queria saber a resposta.

-Você teria acreditado em mim se eu tivesse contado? -Emily perguntou, a voz baixa e o olhar preocupado.

-É verdade. -Admiti. -Não teria. Além do mais, foi melhor eu não saber. Assim não precisei sentir desgosto enquanto cresci. 

Engoli em seco, ainda em estado de choque. 

-É verdade mesmo? -Perguntei. -Aquele homem...O Loki... É o meu pai mesmo?

Emily faz que sim com a cabeça.

Desvio o olhar. Não estava com raiva dela. Ela me fez foi um favor por nunca ter dito nada. 

Desde pequena, nunca perguntei onde estava o cara e ela também nunca quis se explicar. De certa forma, nós duas não estávamos nem um pouco interessadas em tocar no assunto. 

Mas agora...

-Eu sei que o quarto é do Rogers, mas será que posso ter uma conversa particular com minha filha? -Emily pediu.

Todos concordaram e se retiraram lentamente. Antes, todos estavam querendo me matar. Agora pareciam ter pena de mim, e eu odiava isso. Não precisava da compaixão deles. 

E então Emily me explicou tudo. Que conheceu o Loki em uma balada, engravidou na mesma noite, ele não quis saber de mim e se mandou de volta para a casa dele, seja lá onde for. 

Fiquei em silêncio o tempo todo. E mesmo depois de Emily ter terminado de falar, eu aguardei mais um momento para organizar os fatos da minha origem.

-Certo. Entendi tudo. -Falei finalmente.

-Você está bem? 

-É claro que estou. Eu não me importo com nada disso. Não estou nem aí para o Loki ou para o fato dele ser meu pai. Ele não faz parte da minha vida. E será que a gente pode fingir que isso tudo nunca aconteceu?

Emily suspirou. E então gritou para que os outros voltassem. 

E assim que eles entraram, Fury disse:

-Estão prontas? 

-Para voltar para casa? É claro! -Falei cheia de ironia. -Agora que está tudo combinado, eu e minha mãe vamos voltar para o nosso hotel, aproveitar o nosso passeio, e nunca mais ver vocês, exceto pelo Stark, já que ele é nosso sócio.

-Querida... -Minha mãe começa. -Nós temos que ir com eles.

-Por que? -Perguntei com a voz estridente. -Eu já disse que não quero nada com o Loki! Não preciso que me levem para conhecê-lo.

-A coisa toda é muito mais séria do que conhecer o Loki, senhorita Johnson. -Fury diz. -É um assunto de extrema importância, o qual não pode ser tratado em um mero quarto de hotel.

Eu tinha todos os motivos do mundo para me recusar a ir. Só que:

1-Eu queria sim ver o Loki. Mais por impulso e curiosidade do que qualquer outra coisa.

2-Eu queria ficar perto de Steve Rogers. 

Por isso, me fingi de difícil por algum tempo, mas topando.

E quando dei por mim, já estava sendo escoltada para a base da tal de SHIELD.

Era um lugar tipo a CIA ou o FBI, só que bem mais legal. 

Quer dizer, eu não sabia como eram esses lugares, mas imagino que deva ser assim. Um monte de agentes secretos especializados em matar. 

-O Loki ainda está sendo vigiado? Fury perguntou para um dos agentes que andava apressadamente por ali.

-Sim, senhor. Com Peterson. 

-Ótimo. Os dois vão se entender. 

Enquanto o chefão nos conduzia, percebi que meu recém descoberto tio estava se mordendo de ansiedade. 

Eu não queria estar na pele do Loki. 

Paramos em frente a uma porta. Fury a abriu. Tentei espiar por cima do ombro dele, mas ele era alto. 

-Peterson, pode deixar ele comigo agora. -Fury ordena.

De dentro da sala sai um jovem muito bonito, que na verdade parecia ter a minha idade. Ele tinha a pele clara e cabelos castanhos escuros, compridos e presos em um rabo de cavalo tão frouxo que duas mexas já se soltavam. Os olhos também eram escuros e me lembravam os olhos de um gato (o animal). Senti inveja do nariz dele. Não que o meu fosse feio, mas o dele...

Era até desperdício um nariz tão bem feitinho estar em um rosto de uma pessoa que vive lutando! 

Senti uma coisa estranha ao olhar para aquele garoto. Ele me parecia estranhamente familiar. E diferente de Natasha, a primeira vista não parecia em nada perigoso. Mas alguma coisa nos olhos felinos me fez querer recuar. 

-Como foi com ele? -Fury perguntou para ele.

O rapaz deu de ombros.

-Divertido até. 

E então, sem mais nem menos, se virou para mim com um sorriso e disse:

-Oi, Johnson.

Tudo bem que eu era uma personalidade famosa por fazer parte de uma das famílias mais ricas do mundo. Mas o cara me cumprimentou como se realmente fossemos conhecidos!

-Te conheço? -Perguntei com arrogância, sem me importar com o fato do cara estar com um revólver na cintura.

Ele soltou uma risada e percebi que já tinha escutado uma parecida há muito tempo. Era uma risada sincera mas ainda assim indiferente, como se ele não se importasse com o meu jeito rude.

-Por que eu acharia que você se lembraria de mim? -Ele continuou. -Mesmo sabendo que passamos muito tempo juntos. Embora nenhum de nós dois querer isso, é verdade. 

-Escuta, é Peterson, né? -Interrompi. -Eu tenho certeza que nunca te vi na vida. O único Peterson que eu já conheci foi...

Parei de falar na hora. Arregalei os olhos e abri a boca. O cara sorri inocentemente, esperando eu terminar a minha frase.

-LUKE? -Gritei. -LUKE PETERSON?

-É um prazer te rever também. -Ele respondeu com uma reverência fingida.

Luke Peterson tinha sido meu colega de escola do quinto ao oitavo ano escolar. Era de São Francisco e vinha de uma família abastada, não tanto quanto a minha, mas abastada. Entrou e saiu da escola por causa do trabalho do pai. No início, ele era um chato e eu, ele e minha única amiga não começamos muito bem. Com o tempo, ele foi ficando mais tolerável e de certa forma até divertido. 

E quando ele saiu da escola, nunca mais o vi. 

E agora aqui estava ele. Só para me fazer lembrar do tanto de vezes que eu já tinha perdido a paciência com ele. 

-Por que você não continuou sumido, hein?


A Filha da Zoera [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora