Quando paro para pensar em tudo o que eu vivi nesses últimos meses, eu sinto que a palavra que define o meu dia hoje é gratidão.
Não foram dias fáceis, vida tranquila e felicidade todos os dias mas eu acredito que finalmente entendi aquele velho ditado que diz ter um pote de ouro ao final de um arco-íris.
Eu posso não ter encontrado o ouro no sentido literal, mas ver a minha mãe sorrir para mim foi como se o mundo inteiro voltasse a fazer sentido. Eu não tinha mais aquela pressão de acordar e ser obrigado a escrever uma carta aberta para o seu funeral, então foi por livre e expontânea vontade que eu escrevi uma que a fez chorar o dia inteiro no seu aniversário, valeu à pena cada tapa carinhoso que eu levei por tê-la feito chorar – ela jura que chorou de desgosto por causa dos lindos e fofos desenhos que eu fiz, mas sabemos que não foi por isso.
Essa é a mamãe.
Karen é a mulher mais forte que eu conheço e que realmente merece essa segunda chance que a vida lhe deu, merece viver. E eu acho que ela está vivendo muito bem as suas férias natalinas no México, ela só falou comigo aos risos por telefone porque eu liguei preocupado depois de dois dias sem notícias.
Eu ouvi a voz do papai ao fundo a chamando para a jacuzzi.
Me recuso a pensar nisso, é Véspera de Natal.
Enfim...
Já se passavam das seis quando eu finalmente pude respirar aliviado, seguindo pelas ruas de Nova York após um dia intenso de trabalho, exausto. Tão exausto que eu nem mesmo sei o que vim fazer pelos lados do Brooklyn, mais precisamente em frente a casa onde a minha irmã, Aaliyah, mora com o seu inusitado marido.
Quem me ver sereno e super amigo do Theo jamais imagina que eu surtei quando me disseram que a louca da Aali casou bebada em Las Vegas com o bonitão aí.
Depois eu surtei por mim porque eu também já fiz algumas merdas bebado em Vegas.
Mas, com mais sorte do que a minha irmã, graças à Deus que não encontrei nenhuma delas assinando com o meu sobrenome sem eu saber.
Eu gosto de ver Aaliyah feliz com a família dela, agora esperando a bebezinha que eles tanto sonhavam em ter, vivendo esse verdadeiro final meio Netflix que os dois mereciam depois de serem tão insuportáveis negando que se amavam e só enganavam-se a si, até os cachorros já sabiam.
Enfim, essa é outra história.
Não deixei de sorrir vendo-os felizes e brincando entre os cachorros e o barrigão da minha irmã naquela neve branca.
Não vou atrapalhar o Natal deles.
Dessa vez eu segui pelo o rumo certo em direção ao meu apartamento no Central Park.
O meu filho de quatro patas – não deixem a minha irmã ouvir isso – me esperava à porta com a mesma alegria de todos os dias, desde quando eu o trouxe para morar comigo porque esse apartamento estava muito vazio, solitário, até meio triste.
Eu precisava do Miau.
Sozinho em plena Véspera de Natal.
Sozinho.
Colocando um pouco de uísque no meu copo, fui até a minha varanda iluminada por toda Nova York observar a cidade que nunca para ou não se apaga, eu não sei, os dois fazem sentido para mim.
É uma linda vista aqui de cima, da cobertura.
Para falar a verdade, às vezes eu sinto que todos estão seguindo os seus eixos certos enquanto eu... Eu não sei me manter em sã consciência há um bom tempo.
Talvez a mamãe tenha razão quando diz que eu preciso encontrar o meu pouco juízo perdido entre tantas baladas, bebidas e corpos vazios.
O que eu encontrei foi outra coisa.
Entre tantos na minha lista de contatos, em dois toques eu pude ouvir aquele riso do outro lado da linha.
Ela.
Shawn: Feliz Natal, Jellybean.
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Stupid Cupid 🗽 Shawn Mendes
Fanfic"Talvez tenha sido a droga de um cupido estupido, aquele de quem eu tanto fugi para não levar uma flechada daquelas mais uma vez (e acabei levando, por sinal), que me fez enxergar essa sua paixão genuína porque eu sei que foi por causa desse detalhe...