29 de junho, quinta-feira
- Não achas que esta quantidade de vodka é suficiente?
Abanei a cabeça negativamente quando a morena abanou a garrafa de litro à minha frente. Só Inês é que não bebia álcool, dos que comunicaram, juntando o facto de hoje chegarem mais cinco pessoas, um litro de vodka nunca seria suficiente.
- Pelo menos mais uma. - Eu própria peguei noutra e coloquei no cesto, perante o olhar duvidoso de Carolina. - A minha sangria é ótima e leva vodka, se não levarmos outra vais ficar a chorar por mais.
- Leva lá, chata, mas tenho quase a certeza que os rapazes se vão ficar pela cerveja.
- Mais sobra para nós.
Abanou a cabeça com um sorriso divertido no rosto. Não sei se a Inês iria achar piada a uma bebedeira geral uns dias antes do casamento, mas na minha cabeça parecia o plano perfeito para esquecer o turbilhão de pensamentos que me assombravam.
João e Miguel estavam na outra secção do supermercado, a tratar dos petiscos para o sunset. Era suposto ser algo leve e eu rezava para que eles cumprissem com o nosso pedido: espetadas de tomate cherry com mozzarella não podiam faltar. Agradecia por Carolina ser tão parecida comigo e pelos nossos feitios se terem alinhado facilmente. Afinal de contas, há um motivo para sermos ambas das amigas mais próximas de Inês.
- Vocês não têm aí demasiada coisa? - João questionou, sendo apoiado por Carolina, que refilara comigo algumas vezes. - E fruta para quê?
- Para os cocktails e para a sangria. - Respondi. - Não questionem e confiem no processo.
- Não adianta, meninos.
Depois do supermercado, procuramos a loja mais próxima que vendesse os adereços mais parecidos ao tema escolhido pela noiva. Uns quantos microfones de plástico, óculos de sol, palhinhas com bolas de espelhos e uma faixa de dancing queen para Inês foram algumas das muitas coisas com que enchemos o carrinho. Desta vez, Carolina não se poupou e abusou tanto ou mais do que eu. Agradecemos o facto dos rapazes não terem entrado na loja connosco, mas logo reclamaram quando nos viram sair com os sacos.
- Vocês estão descontroladas.
O namorado de Carolina foi o primeiro a atacar, ainda que nos tenha ajudado logo a colocar tudo na mala do carro. Bem lá no fundo, eles também estavam bastante entusiasmados com o sunset.
- Podemos arrancar para casa, penso que não nos falta nada.
- Pouco espaço tínhamos para mais coisas.
Aproveitei o facto de João estar à minha frente para dar um calduço inofensivo na sua nuca, como forma de resposta ao comentário engraçadinho. Após o ouvir gargalhar, Miguel arrancou finalmente até à quinta onde o resto do grupo nos aguardava. Os padrinhos em falta ainda não tinham chegado, pelo que nos dava tempo para começar os preparativos com calma.
Os rapazes divertiam-se a encher balões, enquanto nós dávamos as indicações relativas aos sítios onde os colocar, bem como a ordem das cores. Era tudo em tons de azul, branco e dourado, até corantes para as bebidas tínhamos comprado. Inês estava a adorar, para nossa felicidade.
- A Catarina disse-me agora que estão quase a chegar.
Rúben anunciou, provocando um nervosismo irritante em mim. Já sabia que eles falavam e, sabe-se lá porquê, continuava a sentir que era uma espécie de traição.
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cruel summer ✩ rúben dias
RomanceRúben e Benedita são obrigados, pelos seus melhores amigos, a conviver um com o outro. Um verão que se previa calmo e igual aos outros transformou-se num verão caótico e transformador.