13.

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Explicar a Inês, na sua lua de mel, que não estava nada a arder para lhe ter perguntado se o Rúben continuava a morar no mesmo sítio foi mais difícil do que planear o discurso na minha cabeça enquanto conduzia até lá. Estava com tantos pensamentos cruzados que o melhor era não planear, ouvir e reagir ao que quer que ele possa dizer.

Pressionei o botão da campainha com a mão a tremer ligeiramente. Não me apercebi que estava nervosa até sentir o meu coração apressado e com tanta força que ameaçava saltar fora.

Ausência de voz, mas a porta foi-me aberta. Entrei e dirigi-me à porta que tão bem conhecia. O central tinha feito algumas mudanças no exterior, mas estava com o mesmo aspeto cuidado e moderno.

- Pensei que estava a sonhar. - Sem camisola, recebeu-me com um sorriso divertido no rosto. - Para a próxima podias só avisar, Benedita. Ia agora tomar um banho.

- Não finjas que não sabes porque é que estou aqui.

Vi o ar confuso no rosto dele, esperei que recuasse para entrar no seu espaço privado. Tirei uns segundos para apreciar a quantidade de coisas que tinha adicionado à decoração desde a última vez que visitara a sua casa. Estava bonita, certamente teve ajuda dos melhores decoradores. Não evitei reparar que ainda tinha algumas peças recomendadas por mim.

- Algum apontamento? - Olhou em redor, esperando um comentário apreciador da minha parte. - Tentei lembrar-me das tuas dicas.

- Tenho a certeza que sim.

Suspirou com a minha resposta irónica.

- Foste tu que pagaste o meu estúdio?

A expressão facial de Rúben denunciou-o. Solto um "ah", como se finalmente tivesse chegado à conclusão do que me levou até ali.

- Espero que saibas que não foi para te cobrar nada.

- Então foi o quê, Rúben? Caridade? - Ele revirou os olhos. - Não sei quem é que pensas que és para te atravessares assim.

- Alguém que se preocupa contigo.

- Poupa-me.

O central limitou-se a sentar no sofá, ignorou completamente o meu ar irritado e deixou-me de pé em frente à porta. Se a intenção era deixar-me com vontade de berrar com ele, estava a resultar perfeitamente.

- Vais só fingir que não te acabei de dizer nada?

- O que queres que te diga, Benedita? - Desviou finalmente o olhar da televisão. - O estúdio está pago, não tens de fazer a merda da campanha do teu pai. Problema resolvido.

- Não era um problema teu, Rúben. - Reclamei. - Eu já tinha resolvido a situação e tu vieste meter-me em mais problemas.

- Tu é que os estás a criar.

- Achas mesmo que te vou deixar pagar o meu estúdio? Eu ia alugar um mais pequeno, noutra zona. Era perfeitamente fazível e não tinha de ficar em dívida com ninguém.

- Eu não quero que tu me pagues, Benedita. - Desligou a televisão e pousou o comando, visivelmente incomodado com toda a situação. - Só quis ajudar, não esperava este escândalo.

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⏰ Última atualização: Oct 06 ⏰

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cruel summer ✩ rúben diasOnde histórias criam vida. Descubra agora