Marina Lina. —
Desci as escadas da faculdade às pressas e passei pela catraca feito um furacão e fui quase correndo para o estacionamento. Eu estava um pouco atrasada para o almoço com meu pai, tecnicamente ainda estava no horário certo, mas era uns vinte minutos da faculdade até lá e ainda tinha o trânsito.
Ele morava no interior de Goiânia, era apaixonado em sua fazenda e a calmaria que lhe trazia, então era raro ele vir pra São Paulo ou sair da sua bolha, e por isso eu fazia tanta questão de não me atrasar um segundo.
Bom, hoje era segunda-feira e desde o acontecido de sexta eu não consigo pensar em nada a não ser isso, e muito menos sentir. Todos os meus sentimentos era voltado para aquela situação.
Não vou negar que passei o final de semana inteiro de conchinha com a minha cachorrinha enquanto chorava e me atolava no brigadeiro com sorvete. O que resultou em olheiras fundas e muito marcadas de brinde uma cara de enterro, posso apostar que isso vai durar a semana inteira.
Durante o caminho fui batucando no volante enquanto cantarolava uma das minhas músicas favoritas da vida e da minha cantora predileta, Mania de você, de Rita Lee.
Assim que estacionei vi de longe meu pai e meu irmão mais velho, ambos com as mãos no bolso da calça e conversavam sobre algo animadamente. Desci do carro em um pulo e praticamente corri naquela direção, abraçando o mais velho com força.
—— Quanta saudades, minha linda! — Leandro, meu pai, me apertou entre o abraço deixando o beijo na minha testa.
—— Também senti sua falta. — Sorri largo indo até meu irmão.
Théo é cinco anos mais velho que eu, ele é quem ajuda com a parte financeira dos negócios da família e com isso mora na capital, Goiânia, por conta da empresa e como eu disse, meu pai vive isolado naquela fazenda e se depender desse acabaria com todos os negócios.
—— Eai. — Théo me abraçou dando um curto sorriso, e eu sorri de volta.
Ele tinha seu jeito mais fechado e meio frio, mas tinha um enorme coração e era um amorzinho.
Meu pai foi na frente dando o nome da nossa reserva e nós fomos logo atrás, nos sentando na mesa indicada pelo recepcionista.
—— Como vai indo a vida, filhona? Tá com uma carinha meio borocoxô — O mais velho sorriu sem os dentes passando o polegar na minha bochecha.
—— Ah, não é nada. — Sorri sem os dentes e recebi uma olhada feia dele. — Terminei na sexta.
Falei sem ânimo algum batucando os dedos na mesa, logo estranhei já que os dois agiram na maior normalidade, como se já soubessem o acontecido.
—— Sua mãe ligou furiosa. Mas agora vê se aproveita um pouquinho mais, faz novas amizades, frequenta novos lugares... vai ser legal!
—— Eu já tenho meus amigos. — Murmurei e a risada alta do meu irmão ecoou pelo local.
—— No caso a Larissa, né?! Você fez amizade com ela no fundamental. — Foi irônico. Mas ele estava falando a verdade, minha única amiga era a Larissa mesmo.
Nunca fui muito boa em fazer amizades e me enturmar com facilidade.
—— Olha isso pai! — Choraminguei deitando a cabeça no ombro do mesmo.
—— Mas ele não mentiu, meu amor. — Segurou o riso fazendo meu irmão gargalhar ainda mais.
No fundo, bem no fundo mesmo, eu sabia que eles estavam certos e que eu precisava me dispor mais pra conhecer outras pessoas.
—— Esse final de semana vou pra minha casa de Ilhabela com uns amigos, quer ir junto? Bom que você se anima um pouquinho. — Théo sugeriu.
—— Ah, posso ver e te dou certeza. — Sorri fraco pro mesmo que assentiu.
Guillermo Varela. —
Passei o treino meio aéreo hoje, justo no dia que todos estavam com os ânimos a flor da pele e numa agitação sem fim, e eu parecendo que voltei de um velório.
É isso que o amor e a saudade faz!
Tudo que eu faço me levava até Marina de alguma forma, minha mente estava nela o tempo inteiro. E a cada hora que passava a saudade apertava mais ainda, por mais que eu não iria admitir, o sentimento de culpa estava acabando comigo.
Só de pensar que eu poderia ter feito tudo diferente, mas não, caí feito um patinho nos contos de uma interesseira e isso se resultou no fim do meu relacionamento.
—— Larga de ser estranho, olhando pro teto. — Fabrício Bruno riu jogando sua meia em mim, que por sinal você sentia o chulé á metros de distância.
—— Vai cuidar da sua vida e lavar esse pé fedido. — Resmunguei continuando na mesma posição que eu estava e olhando na mesma direção.
Meu celular apitou algumas vezes e eu não tive pressa alguma pra ver quem era, até a pessoa que estava me importunando começar a ligar, na intenção de me fazer responder as mensagens.
—— Que coisa! — Bufei olhando no visor e o nome de Carla apareceu, a tal que destruiu meu relacionamento.
—— Oi branquelo! — Sua voz fina soou do outro lado da tela, fazendo meu estômago se revirar algumas vezes.
—— O que você quer? — Respondi sem paciência alguma.
Em passos largos sai do vestiário pra poder conversar com um pouco mais de privacidade, não queria minha conversa sendo exposta pra outro companheiros de time.
E eu tenho certeza que se ouvissem algo sobre traição, eles iriam me dar um tanto de lição de moral e então preferi evitar essa falação na minha cabeça.
—— Você sumiu, poxa! Disse que ia buscar sua mulher no salão quinta-feira e nunca mais deu sinal de vida. — Carla falava com o seu tom mais sonso possível, e então revirei os olhos brutalmente.
—— Sua demônia fofoqueira, mandaram tudo pra Marina. — Alterei um pouco o tom de voz. — E eu tenho certeza que tem dedo seu nisso.
—— Palpite erradíssimo, branquelo. Mas enfim, te espero mais tarde e faz um pix da minha unha. — Pela sua voz ela estava com um sorriso de orelha a orelha.
—— Vai á merda! — Praticamente gritei antes de desligar o celular.
Queria jogar ele longe.
Caralho.
Que ódio!
——————————————————
.
YOU ARE READING
𝐈𝐍𝐃𝐎𝐌𝐀́𝐕𝐄𝐋 • 𝘙𝘪𝘤𝘩𝘢𝘳𝘥 𝘙𝘪𝘰𝘴
Fanfiction𝘙𝘪𝘤𝘩𝘢𝘳𝘥 𝘙𝘪𝘰𝘴 descobre o verdadeiro significado do amor e o sentido da vida.