Regina não conseguiu ver Daniel antes que ele entrasse em cirurgia, ele tinha um TCE( TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO). Emma chegou logo em seguida no hospital, Ricky explica para ela, a situação do marido, que ela podia ir ver ele antes de entrar em cirurgia, e que essa seria complexa. Emma entra chorando no quarto, e vê Daniel deitado com uma faixa na cabeça, ele balbuciava palavras aleatórias, como: — É eu vou...tem um coração, não vou deixar você morre. —ele parava e continuava, quando ouviu a voz da mulher chamar seu nome, ele disse: —Rafael, ele vai ficar bem, te amo.
Emma não pode falar mais nada, o médico veio até eles e levaram Daniel para cirurgia. Ela, Holly e Rafael, ficaram na sala de espera, para eles parecia uma tortura. Muitas horas depois, Ricky veio ao encontro deles, e contou o que tinha acontecido na cirurgia: — Fizemos o que podíamos, mas a lesão dele era muito grande, infelizmente não conseguimos.
—Isso quer dizer o quê?— Emma perguntou aflita.
Ricky com um semblante triste disse: — Daniel teve morte encefálica, ele ainda respira por causa dos aparelhos...vamos trazer ele pra que vocês se despeçam.
Emma estava paralisada, ela olhava para a porta do quarto em sua frente sem piscar, até que Rafael, tocou em seu braço, fazendo ela fechar os olhos, e deixar as lágrimas descerem pelo seu rosto, ela apertou os olhos muito forte, balbuciava algumas palavras que ninguém conseguia entender, até ela soprar o nome do marido, ao ver ele entrar pela porta, indo em direção ao quarto, ela colocou a mão na boca tentando abafar o choro.
Dois quartos de distância, estava Ava e Robin, vigiavam o sono de Regina, ela parecia respirar com dificuldade, seu peito subia e descia lentamente, ela acordou e logo perguntou pelo Daniel. Ava saiu para ver como ele estava, mas não precisou ao menos perguntar, ao ver Emma, Rafael e Holly chorando, ela percebeu que não tinha sido nada boa, ela voltou até o quarto da mãe, ela olhou para o pai, e balançou a cabeça chorando, e saiu. Robin forçou um sorriso para Regina e disse: — Daniel está bem, você pode descansar agora.
— Tem— respirou pesadamente— certeza?
— Tenho sim, ele está muito bem...agora nós temos que focar no seu coração, vamos encontrar o coração de alguém e você vai ficar bem.
Regina sorriu do otimismo do amigo, ela queria que seu coração chegasse, ele estava demorando demais. Ava quis saber o porquê da demora, foi atrás do médico da mãe, e para seu desespero, o médico disse que o coração não era compatível, agora era esperar por um milagre.
Ava entrou no quarto da mãe chorando, ela não conseguia mais controlar suas emoções, primeiro ela viu a família de Daniel ao prantos, e ela conhecia ele desde criança, sempre conviveu com ele, e pensar que sua família poderia ser a próxima a estar despedindo de alguém que ama, deixou ela desesperada. Regina ao ver a filha daquele jeito, perguntou com dificuldades: — É o Daniel?— Ava balançou a cabeça em negação, ela não teve coragem de verbalizar a mentira que seu pai contou. Regina então concluiu com muita dificuldade: — Coração?
Ava já aos prantos, se aproximou da cama, e debruçou sobre o peito da mãe e disse baixo: — Não tem coração.
Robin não aguentou ver a cena, e saiu para chorar longe das duas. Regina alisava a cabeça da filha, e mesmo com dificuldade ela falava: — Vai ficar tudo bem—respirou com dificuldade—tá tudo bem.
Ava deitou completamente na cama, com a cabeça sobre o peito da mãe e disse: — Desculpa, eu queria ser forte.
— Tá tudo bem.— Regina disse com dificuldade, e com lágrimas nos olhos, ver a sua filha daquele jeito, fazia ela sentir que morrer era doloroso demais, principalmente para os vivos. Ela abraçou forte a filha, acariciando seus cabelos, Ava permaneceu ali deitada até ouvir o barulho alto dos aparelhos apitando, ela se assustou olhando para a mãe que não se movia. Logo o quarto estava cheio de enfermeiros e médicos, eles a entubaram, e ligaram mais alguns aparelhos nela.
— Ela tá morrendo?— Ava perguntou paralisada olhando para a mãe, com todos os fios sobre seu corpo, e um tubo na sua garganta.
Ricky a levou para fora do quarto, e disse triste: — Sinto muito Ava, temos algumas horas só...
— Não deixe ela morrer, por favor. — Ava suplicou em lágrimas.
Ricky, que era amigo de Regina há anos, segurou o choro e disse: — Farei o que puder, o impossível se necessário... eu vou indo. —disse indo em direção ao quarto de Daniel, ao ver Emma ele disse: — Emma eu sinto muito de verdade— engoliu em seco— Mas preciso perguntar é protocolo, sabe se Daniel era doador de órgãos?
— Você quer os órgãos do meu pai?— Rafael já entrou perguntando.
— Rafa—Emma chamou sua atenção— ele nunca disse nada, eu não sei.
— Olha só— Ricky estava sem jeito de falar, mas ele sabia que não havia muito tempo, nem para sentir vergonha— Posso trazer os formulários, e você pode ver se doa ou não os órgãos, mas... existe uma chance de salvar alguém bem próximo, aqui do lado.
— Eu não entedi. — Rafael disse confuso.
Emma olhou para o filho, ela sabia quem era a pessoa próxima a que Ricky se referia, e disse triste: — Eu não posso.
Ricky, tomado pela emoção disse: — Por favor, deixe eu ao menos ver se eles são compatíveis.
Emma comovida com o médico, aceitou mas, não sabia se aceitava doar os órgãos do marido, mesmo se eles fossem compatíveis. Ela precisava de pensar, enquanto Ricky ia fazer a análise, ela saiu um pouco do quarto, precisava de pensar, e avistou uma bíblia com uma flor amarela dentro, ela foi até ela, e quando ia pegar uma enfermeira pegou, e disse que era de um dos pacientes. Emma seguiu a enfermeira com os olhos, e viu que ela entrou no quarto de Regina, e olhou pelo vidro da porta, Robin e Ava junto com sua chefe, ela estava dormindo, provavelmente medicada para não sentir dor. Emma, que era uma pessoa muito religiosa, se perguntou se aquilo era um sinal, mas não teve tempo de responder sua própria pergunta, a voz infantil de Luna chamava seu nome, e perguntava: — Você tá triste Emma.
— Oi meu amorzinho, eu tô sim, mas vai passar.
Luna estava com um pequeno buquê de flores na mão, ela retirou uma das flores entregando para Emma e disse: — Eu trouxe para minha mãe, mas você tá triste, então toma uma pra você. —Emma pegou a flor e recebeu um abraço apertado da menina, ela segurou o choro, e ficou olhando para Luna entrar no quarto e conversar com a mãe que dormia profundamente, e naquele momento ela decidiu. Daniel seria doador de órgãos, e por um breve momento no fundo do seu coração ela desejou que Regina e Daniel fossem compatíveis.
Menos de uma hora após Ricky recolher as amostra de Daniel, ele estava de volta com os resultados, e com os resultados na mão ele disse: — Eles são compatíveis...agora está em suas mãos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
UM PRESENTE DE CORAÇÃO
FanfictionRegina, uma mulher rica e elegante, enfrenta uma doença cardíaca grave e uma sentença de morte iminente. Determinada a proteger sua filha e evitar a volta do ex-abusivo, ela faz um pacto com seu ex-sogro para separar Daniel, o noivo de Emma. Inesper...