Quinze

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Sina Deinert's point of view

Enquanto saímos para a noite agradável, sinto-me leve e feliz, cheia de antecipação. Já há uma atmosfera totalmente diferente da de ontem. Nada de carros apavorantes; nada de restaurantes chiques. A coisa parece mais natural. Mais divertida.

— Então – diz Noah quando chegamos à rua principal. — Uma noitada estilo Sina.

— Sem dúvida! – Estendo a mão e chamo um táxi, e dou o nome da rua em Clerkenwell, de onde sai o pequeno beco.

— Nós podemos ir de táxi, né? Não precisamos esperar um ônibus?

— É um acontecimento muito especial – digo com severidade fingida.

— E então, vamos comer? Beber? Dançar? – Quer saber Noah enquanto seguimos pela
rua.

— Espere para ver! – Rio de orelha a orelha. — Eu só pensei que a gente poderia ter uma noite tranquila, relaxada.

— Acho que eu planejei demais a noite de ontem – comenta Noah depois de uma pausa.

— Não, foi ótima! – digo com gentileza. — Mas algumas vezes a gente pode pensar demais nas coisas. Sabe, às vezes é melhor se deixar levar e ver o que acontece.

— Você está certa. – Noah sorri. — Bem, estou ansioso para me deixar levar.

Quando seguimos pela Upper Street estou me sentindo orgulhosa de mim mesma. Isso mostra que sou uma "verdadeira" londrina. Posso levar meus convidados a lugarezinhos fora do comum. Posso achar locais que não são tão óbvios. Quer dizer, não que o restaurante de Noah não fosse incrível. Mas isso não vai ser muito mais maneiro? Um clube secreto! E puxa, quem sabe, Madonna pode estar lá esta noite!

Depois de uns vinte minutos chegamos a Clerkenwell. Insisto em pagar o táxi e levo Noah pelo beco.

— Muito interessante – aprova ele, olhando em volta. — Aonde nós vamos?

— Espere só – respondo enigmaticamente. Vou até a porta, aperto a campainha e pego a chave de Yoon no bolso, com um pequeno arrepio de empolgação.

Ele vai ficar impressionado. Vai ficar impressionado demais.

— Alô? – diz uma voz.

— Alô – respondo casualmente. — Gostaria de falar com Alexander, por favor.

— Quem? – responde a voz. — Alexander – repito, e dou um sorriso de quem sabe das coisas. Obviamente eles precisam verificar duas vezes. — Não tem Alexander nenhum aqui.

— Você não entendeu. A-le-xan-der. – enuncio com clareza.

— Não tem Alexander nenhum.

Talvez eu tenha ido à porta errada, ocorre-me subitamente. Puxa, eu me lembro de que era esta – mas talvez fosse a outra, de vidro opaco. É. Na verdade, aquela parece bem familiar.

— Enganozinho – sorrio para Noah, e aperto a outra campainha. Há silêncio. Espero alguns minutos e tento de novo, e de novo. Não há resposta. Certo. Então... também não é essa.

Porra.

Sou uma imbecil. Por que não verifiquei o endereço? Eu tinha tanta certeza de que ia lembrar onde era!

— Algum problema? – indaga Noah.

— Não! – respondo imediatamente, e dou um sorriso animado. — Só estou tentando
lembrar exatamente...

Olho para um lado e outro da rua, tentando não entrar em pânico. Qual era? Terei de apertar todas as campainhas da rua?

Dou alguns passos pela calçada, tentando estimular a memória. E então, através de um arco, vejo outro beco, quase idêntico. Sinto uma gigantesca pancada de horror. Será que ao menos estou no beco certo? Corro e olho para o outro beco. Parece exatamente igual. Fileiras de portas comuns e janelas fechadas. Meu coração começa a bater mais depressa.

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