Oito

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Sina Deinert's point of view

Chego ao trabalho na manhã seguinte com exatamente um objetivo. Evitar Noah Urrea. Deve ser bem fácil. A Corporação Panther é uma empresa gigantesca num prédio gigantesco. Hoje ele vai estar ocupado em outros departamentos. Deve ficar preso em um monte de reuniões. Deve passar o dia inteiro no sétimo andar, ou sei lá o quê. Mesmo assim, enquanto me aproximo das grandes portas de vidro, meu passo fica mais lento e eu me pego espiando para dentro, tentando ver se ele está por ali.

— Tudo bem, Sina? – pergunta Dave, o segurança, vindo abrir a porta para mim. — Você parece perdida.

— Não! Tudo bem, obrigada! – Dou um risinho relaxado, com o olhar saltando pelo saguão. Não o vejo em lugar nenhum.

Certo. Vai ficar tudo bem. Ele nem deve ter chegado. Talvez nem venha hoje. Jogo o cabelo para trás, cheia de confiança, atravesso rapidamente o piso de mármore e começo a subir a escada.

— Noah! – ouço de repente enquanto me aproximo do primeiro andar. — Você tem um minuto?

— Claro.

É a voz dele. Onde, afinal de contas...

Viro-me, perplexa, e o vejo no andar acima, conversando com Graham Hillingdon. Meu coração dá um pulo gigantesco e eu agarro o corrimão de latão. Merda. Se ele olhasse para baixo agora iria me ver. Por que ele tem de ficar parado ali? Ele não tem alguma sala importante para visitar?

Deixa para lá. Não importa. Eu só vou... fazer um caminho diferente. Muito devagar recuo alguns degraus da escada, tentando não fazer barulho com os saltos dos sapatos no mármore nem me mover de repente, para não atrair a atenção dele. Moira, da contabilidade, passa enquanto eu desço de costas e me lança um olhar estranho, mas não me importo.

Tenho de sair.

Assim que estou longe da vista dele, relaxo e desço mais rapidamente até o saguão. Vou de elevador. Sem problema, atravesso o piso cheia de confiança, e estou bem no meio daquela vastidão de mármore quando congelo.

— Isso mesmo.

É a voz dele de novo. E parece estar ficando mais próxima. Ou será que só estou paranóica?

— ... acho que vou dar uma olhada...

Minha cabeça gira. Onde ele está agora? Em que direção está indo?

— ... realmente acho que...

Merda. Ele está descendo a escada. Não há onde me esconder! Sem pensar duas vezes, eu quase corro até as portas de vidro, empurro-as e saio correndo do prédio. Desço os degraus rapidamente, corro uns 100 metros pela rua e paro, ofegando.

Isso não está indo bem. Fico parada na calçada durante alguns minutos, ao sol da manhã, tentando avaliar quanto tempo ele vai ficar no saguão, depois me aproximo de novo cautelosamente das portas de vidro. Nova tática. Vou andar até minha sala tão incrivelmente depressa que não vou atrair o olhar de ninguém. De modo que não importará se eu passar por Noah Urrea ou não. Vou simplesmente caminhar sem olhar para a direita ou a esquerda e ah, meu Deus, ali está ele, falando com Dave. Sem pensar direito, pego-me correndo de novo escada abaixo e pela rua de novo. Isso está ficando ridículo. Não posso ficar aqui fora na rua o dia inteiro. Tenho de chegar à minha mesa. Qual é, pense. Deve haver um modo. Deve haver... Sim! Tenho uma ideia totalmente brilhante. Isso vai, com certeza, dar certo.

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