Desde pequena Fernanda foi uma amante da arte da confeitaria, um fato importante para que decidisse realizar alguns cursos e se profissionalizar completamente na profissão, embora já soubesse perfeitamente como fazer um bom bolo ou qualquer outro doce. Mãe de dois filhos, agora ela havia se estabelecido totalmente financeiramente, graças ao "Doces da Nanda", a confeitaria que planejou minuciosamente por anos, um sonho conquistado com muito esforço e suor. Era um ambiente de conforto, onde dava vida a suas criações gastronômicas, aonde buscava atiçar o paladar de seus clientes e os viciar o suficiente para manter a clientela, coisa que nunca fora difícil, pelo talento na culinária que tinha, e pelos colegas ao seu lado trabalhando duro para manter o estabelecimento sempre em altas avaliações.
── Isso aqui está frenético hoje. ── Comentou enquanto recolhia algumas comandas de encomendas realizadas por alguns clientes. Era de rotina, sempre haviam muitas encomendas, de cupcakes, bolos, brigadeiros, doces em geral, e ela fazia tudo minuciosamente, com a ajuda dos auxiliares da confeitaria. A agilidade naquela cozinha era incrível e todos buscavam estender o braço para ajudar uns aos outros, sem soberba, embora vez ou outra Fernanda tivesse que colocar uma pose mais autoritária para controlar os funcionários.
"Inicio de tarde, deveria estar acostumada."
Uma de suas funcionárias e amiga brincou dando uma cotovelada de leve em seus braço, fazendo com que a morena soltasse uma risada baixa e então pegasse uma das caixas, com um bolo mais simples, de chocolate, enfeitado com um glacê delicioso e alguns detalhes perolados. Observou a etiqueta com o nome do cliente; Giovanna Pitel. E então caminhou em direção a porta. Como a boa dona e confeiteira do estabelecimento, sempre fez questão de fazer de tudo e isso incluia servir seus clientes, o que passava a fazer assim que passou pela porta da cozinha, o olhar afoito procurando pela provável "Giovanna".
Passou a caminhar em direção ao caixa e foi aí que travou. Um corpo se colidiu com o seu num esbarrar abrupto. E então, o pior aconteceu, o bolo se espatifou inteiro no chão, sendo destruído. Ela nem ligava para o tombo e nem para a garota de cabelos cacheados, que agora estava chocada com o que havia ocorrido.
── Puta que pariu, eu sinto muitcho! Olha a presepada que eu fiz! Eu tava atrasada e fui buscar o meu bolo e destruí outro!
Fernanda não tinha reação, na verdade ela só sabia se lamentar. Foi um desastre completo e não havia conserto. Ela pensou, isso antes de ouvir todas as palavras da morena, que agora a ajudava a levantar.
── Porra, brother, que sacanagem, agora eu vou ter que explicar pra garota o que rolou com o bolo dela. ── Dizia levando as mãos a testa. Haviam atraído atenção, mas foi breve, já que agora uns dos funcionários da limpeza vinham ajudar Fernanda a limpar a bagunça.
── Me desculpa, será que ela aceitcha meu bolo no lugar?!
── Espera aí... ── Fernanda murmurou assim que checou novamente a etiqueta. ── Giovanna? Pitel?
── Sim, Pitel, eu... Ah puta que pariu, esse era o meu bolo?! ── E num ato sútil e receoso, Fernanda assentiu enquanto mordia os lábios. Agora a merda estava feita. O bolo estragado bem na cara da cliente.
── Era... Eu sinto muito por isso, Pitel! Quer dizer, eu posso fazer outro com urgência! ── Num pequeno desespero, dizia. Ela passava a guiar a de cabelos cacheados até o canto mais afastado, dando espaço para limparem o chão. ── Você precisa para quando?
── Eu preciso pra hoje a noite, as 20:00! É uma despedida de solteira de uma amiga minha, se ela ver que eu fiz essa baixaria vai meter a mão no meio da minha cara.
Uma risada ecoou dos lábios de Fernanda. Era engraçada, tinha de admitir.
── Eu posso te entregar as 20:00 em ponto! O que acha? Vamos fingir que isso nunca aconteceu e sua amiga não mete a mão na sua cara! ── Brincava enquanto pegava o bloquinho de notas no avental para anotar as especificações sobre o bolo em si.
── Isso vai ser muitcho bom! Se não der certo, vou meter no seu, viu?! ── Brincou enquanto apontava para a Bande, que agora ria junto. Por algum motivo, as duas haviam se dado bem. Ao final, um esbarrar e um destroçamento de bolo nem era tão ruim assim.
── Até as 20:00?
── Até as 20:00.
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Burlesque - Pitanda
FanfictionOnde Fernanda, no auge dos 32 anos, é dona da melhor confeitaria da cidade de Niterói. Mas também é uma a melhor dançarina burlesca do maior cabaré da cidade, conquistando olhares dos mais improváveis. • Também disponível como AU no twitter.