O ambiente coberto pelas luzes coloridas, mais puxadas para o vermelho, atraia muita clientela. O "Cabaret", localizado em Niterói, era muito bem frequentado, especialmente por homens engravatados depois de um dia de trabalho conturbado, mulheres frustradas, ou apenas pessoas que apreciavam a arte burlesca. Haviam sofás aveludados, pole dances, junkeboxes, taças enormes para performances e até mesmo algumas cadeiras. O preto e vermelho predominavam junto ao prata e o ambiente era sensual. O bar estava cheio e podia se ouvir o abrir das garrafas, o servir dos copos e taças, brindes feitos.
── Esse bolo tá muitcho bom! Meu Deus! ── Pitel dizia enquanto se deliciava com a fatia de bolo disposta dentro do pequeno prato. Uma expressão de prazer presente em seu rosto em cada garfada, se questionando como Fernanda podia ser tão boa com a mão naquele quesito. Ela mesmo, nunca conseguiu fazer um bolo que não queimasse.
"A Nanda sempre acerta nos bolos."
Uma de suas amigas dizia enquanto observava o movimento agitado naquele cabaré. A cena era a seguinte: amigas acompanhando uma noiva. Todas sentadas ao redor de uma das mesas enquanto riam vez ou outra vendo os gogo boys e as dançarinas burlescas em alguns pole dances.
── Minha gente, eu nunca ia conseguir fazer uma coisa dessas! Ficar trepada naquele pau! ── Dizia apontando para uma das dançarinas que estava no pole dance, fazendo uma careta. Haviam pontos de sua auto estima que deveriam ser retratados, afinal sempre teve a auto estima baixa e isso era visível em alguns momentos. E sabia que deveria se amar mais, se ver e se priorizar mais.
"Eu ia! Nem é tão difícil, mas tem que ter força nas pernas."
── Não tenho nem isso e nem coragem, eu fora dessa presepada! ── E então soltou uma risada antes de passar a beber a champanhe em sua taça. Algumas dançarinas passavam a finalizar sua performance e agora o palco estava vazio enquanto "Lady Marmalade" ecoava pelo cabaré. ── Eu vou pegar mais bebida, minha gente. Eu já voltcho!
E ela foi. Pitel passou a caminhar por entre a pequena multidão, se direcionando ao bar rústico que havia ali, aonde havia feito amizade com o barman. Tagarela, ela sabia como conquistar as pessoas.
── Me dê uma cerveja, não aguento mais fazer a chique bebendo essa champanhe não, meu amigo! ── Pedia com o sotaque forte, rindo enquanto se sentava na banqueta diante do bar. E então se virou, a banqueta giratório girando com o movimento sútil. Agora encarava o palco e observava uma mulher entrar. De início, nada que lhe atraísse muito a atenção, ignorando e pegando sua cerveja, bebendo alguns goles.
"A loba é maravilhosa. Meu Deus."
O barman comentava ao se inclinar para conversar com Pitel, que fez uma careta ao o encarar, vendo ele babando.
── Controle sua baba, que jajá vai lhe escorrer pela boca toda. ── Falava apontando para a cara do garoto. E quem coloca "loba" como nome artístico? Isso é coisa de gente sem...
E então, ao virar o rosto, engasgou. Era Fernanda, da confeitaria, em carne e osso. A morena tinha o utilizava uma lingerie cheia de pedrarias, uma cinta liga preta que descia até suas meias, que paravam um pouco acima dos joelhos. Um corselete realçava as curvas bem delineadas, era dourado, com pedrarias bem posicionadas. Os seios fartos estavam estufados, apertados de modo que deixava o decote deliciosamente apreciável. E Pitel, não tinha como disfarçar que estava surpresa.
Agora, talvez pudesse entender o porque do "loba", uma vez que o olhar faminto de Fernanda rastejava por todos os presentes naquele lugar enquanto dançava de modo delicioso. Usava o leque enorme de plumas, num ato sensual para cobrir o corpo curvilíneo. As plumas deslizando devagar pela pele macia enquanto passava a esticar uma das mãos, largando o leque ao, propositalmente, deixar cair, levando o público a loucura.
── Mas minha gente... ── Pitel sussurrava perdida, observando a mulher logo adiante, mais aérea que o normal. molhou os lábios, suspirando ao ver o ato sensual de Fernanda, que agora passava a ameaçar retirar a luva da mão canhota, assim fazendo, bem devagar, ouvindo a multidão gritar. A luva foi jogada e então fez o mesmo com a outra, logo deslizando as mãos nuas pelo corpo, descendo devagar até o chão. Um rebolado preciso e gostoso. Indo até o chão aveludado, os joelhos se apoiaram no mesmo enquanto passava e se inclinar, ficando de quatro e se empinando, uma provocação clara, remexendo a cabeça, jogando os fios lisos de um lado para o outro. Bem devagar, subiu de novo e em silêncio, se inclinava provocativa, um sorriso nos lábios enquanto desfazia o laço do próprio corselete, indo a frente e o abrindo, jogando na plateia.
E foi nesse ato, que notou Pitel, uma vez que jogou a peça bem no colo da morena, que se assustou e saiu dos devaneios, caindo direto no chão. ── Porra! ── Dizia vendo o estado de seu vestido, molhado pela cerveja que tomava anteriormente.
E quando ia se levantar, ela viu os louboutins bem diante de seus olhos, calçados por Fernanda, que agora vestia a lingerie de pedraria. O olhar dela era intimidador, quase que como um predador atrás de uma presa. Em outro momento, talvez pedisse desculpas, mas naquele, apenas ajudou Pitel a levantar e então dedilhou o busto descoberto, molhado de cerveja, dando passos para frente. Pitel boquiaberta, dava passos para trás. E assim, caiu em uma das cadeiras.
── Devo te pedir perdão com uma dança, uh? ── O sussurro foi direto e agora alisava os ombros de Pitel, se inclinando, a bunda empinada enquanto apoiava o joelho entre as pernas da cacheada. ── Você quer?
A boca de Pitel parecia seca e ela passava a gaguejar, perdendo o fôlego. Para então dizer:
── Q-Quero!
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Burlesque - Pitanda
FanfictionOnde Fernanda, no auge dos 32 anos, é dona da melhor confeitaria da cidade de Niterói. Mas também é uma a melhor dançarina burlesca do maior cabaré da cidade, conquistando olhares dos mais improváveis. • Também disponível como AU no twitter.