CAP.20 VOVÔ JAIR

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"O que eu faço com o corpo?" Se perguntava Júlio desesperado. Ele não queria falar para a sua mãe, na verdade não queria ter matado o seu pai. Jogou o corpo dele no lago, e voltou para a fazenda, subiu as escadas e foi para o seu quarto e tentou voltar a dormir. Mas não conseguiu, só ficou pensando que ele tinha acabado de matar o seu próprio pai. O dia amanheceu e a sua mãe entrou correndo no seu quarto e perguntou "Você viu o seu pai?! O seu pai sumiu!" Júlio responde " não mãe, depois que eu deitei pra dormir não vi ele mais". Júlio nunca tinha mentido para os seus pais, ninguém iria desconfiar que era ele o culpado do Joaquim não estava mais nesse mundo.

*4 anos depois, Escola Estadual Cuiabá Para a Vida* Mais um ano começou naquela escola, depois que o papai morreu, ficamos sem dinheiro e eu tive que começar a estudar numa escola pública, nem é tão ruim assim. Tirando que os professores cobram menos dos alunos, eu fiz vários amigos lá, um deles era o Nunes, o meu melhor amigo. Ninguém sabia o nome dele, só na chamada que os professores falavam, mas ninguém chamava ele pelo nome principal. Tinha outros amigos também, o Pedro, Pablo e a menina mais incrivelmente bonita de todas, a Alice. Cara, não tinha ninguém mais bonita que ela na escola. Aqueles cabelos ruivos ondulados, era a menina dos meus sonhos, se fosse um sonho só pra mim, tava tudo certo, mas o Nunes também gostava dela. Éramos da mesma sala, uma menina inteligente mas ao mesmo tempo estranha. Quando ela ia pra roça com a sua avó, ela que matava as galinhas, e não era no facão, não. Era no estrangulamento, não sei como ela conseguia fazer isso. Ela também era cantora, os corredores da escola no recreio ficavam em harmonia quando ela começava a cantar. Eu até entrei na aula de música para ficar mais próximo dela. Mas o pior aconteceu, Nunes, um dia se declarou para ela e pediu ela em namoro, ele tomou um não redondinho bem na cara dele. O problema era que Nunes era um galã e eu era muito feio. Fui conversar com Pablo, pra ver se eu teria alguma chance com ela e ele disse "Cara nem tenta! Nem o Nunes conseguiu, imagina você!" Eu estava com o ego muito alto naquele dia e disse "não vale a pena tentar." Pablo me chamou antes de eu ir até ela e disse "Você viu o passeio que a professora de história está tramando? Pra ir por museu PINACOTECA lá em São Paulo? Cara vai ser muito legal." Eu ignorei o que ele falou e disse que sim. Fui até ela e recebi a resposta menos inesperada em minha vida, um sim. Após um tempo começamos a namorar e me apelidaram de Jullias, dizem que foi a junção do nome Júlio com Alice. Pra ser sincero não fez muito sentido, mas eu aceitei numa boa. Um dia ela havia me contado que sua mãe foi assassinada quando ela nasceu, e disse que o nome do assassino era Jair. O meu avô preso se chamava Jair... Mas deve ser pura coincidência. Até ela falar que ele foi preso em São Paulo. Ferrou! A pessoa que matou a mãe da minha namorada era meu avô! Depois daquele dia voltei pra casa pensativo, tinha que falar com o meu avô para entender essa história melhor, agora como?
Não queria que Alice descobrisse que meu avô tinha matado a sua mãe, aquilo era loucura! E eu também não queria terminar. Vamos concordar, eu não queria ser o único menino do grupo de amigos que não namorava, e a formatura do 3° do Encino médio tava chegando e eu não queria ficar de vela entre dois casais. Optei por não falar. Eu queria ter mais informações sobre ele, mamãe não tem muitas informações sobre ele, só sabe que ele foi preso, mas só sabe porque papai tinha falado. E falando sobre o meu pai, depois que ele morreu, minha mãe quase entrou em depressão. A cada dia que passa sinto que ela está mais triste, mas deve ser por conta do câncer. Sinto que eu ter matado o meu pai não foi uma boa ideia, a cena dele morrendo martela até hoje em minha cabeça. Mas se eu não tivesse feito isso, ele e o doutor Pio iriam matar a minha mãe. E nós mudamos para Cuiabá pois mamãe não queria lembrar do seu marido, e ver a família dele traria mais lembranças e com certeza ela entraria em depressão. Então, quem teria mais informações sobre o meu avô... Era ele próprio! Mas ele estava preso em São Paulo e não tem como eu simplesmente deixar a minha mãe aqui e sumir, pois sou menor de idade. Até que lembrei do passeio em que Pablo tinha falado comigo! Lá em São Paulo! fui falar com minha mãe se ela deixaria eu ir e ela deixou! Agora como saber onde era a cadeia que o meu avô estava, era difícil, e são Paulo é uma cidade grande, então fui perguntar para a professora de história sobre a cidade de São Paulo e tinha uma prisão duas ruas depois do museu, era minha chance! O passeio seria daqui a 5 dias, então dava tempo de programar o meu plano. O dia tão esperado tinha chegado e dei um beijo na minha mãe que sempre ficava sentada na sua poltrona vendo sua novela. E entrei no ônibus. Peguei a poltrona do lado de Nunes, pois Alice queria ir com a amiga dela. Nunes ficou falando sobre as coisas do museu, a viagem inteira, eu acho que ele era um dos únicos que realmente ia pra prestar atenção no museu. E disse que quando crescesse queria ter dois filhos, um chamado Miguel e um outro chamado José. Só nomes bíblicos, pois ele era muito religioso. Eu contei a ele sobre o meu plano, ele disse que era loucura, mas que não ia contar pra ninguém. Chegaram no museu, e Jullias nem se deu o trabalho de entrar e foi na prisão na esperança de se encontrar com seu avô.

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