Quarta-feira, 11 de Fevereiro, 1942
Caro amigo soldado,
Causa-me extremo êxtase chamá-lo assim. Nunca havia me sentido tão feliz quanto no momento em que recebi sua carta.
O carteiro a entregou no domingo à tarde, quando me dei conta do que era, corri para meu quarto e abri o mais rápido possível. Até este presente momento sinto que não sou capaz de colocar em palavras a alegria que sua resposta me causou.
Passei o restante da noite trancado em meus aposentos relendo milhares e milhares de vezes cada vírgula que você escreveu, ao ponto de decorar todas as curvas de sua caligrafia.
Muito obrigado por aceitar.
Na segunda, levantei-me cedo e fui logo à procura dos museus, cinemas e bibliotecas da cidade. Passei os últimos dois dias visitando todos que consegui e prestando atenção a cada detalhe para que pudesse descrever tudo com o máximo de veracidade para você.
O Museu das Belas Artes é uma construção magnífica por fora e por dentro. As escadarias que levam até a entrada são largas e limpas todos os dias para conservar o branco do mármore. Ao entrar, você encontrará a recepção, uma ante sala em que no fundo há a estátua suspensa em um pedestal de uma mulher sem braços. Neste ponto, a ante sala bifurca-se levando para dois corredores onde telas e mais esculturas são expostas. As paredes costumam ser em sua maioria brancas para destacar os quadros, apenas alguns detalhes dourados nas colunas, diferente do teto abobadado que contém desenhos de uma ponta a outra. Ao deparar-se com a grandeza e magnitude de algumas pinturas e esculturas com metros de altura ou largura, você se sentirá minúsculo.
É possível ter a mesma sensação de pequenez ao colocar os pés dentro da Biblioteca Imperial. As paredes são constituídas apenas por estantes de madeira escura e envernizada, todas as prateleiras são completamente preenchidas por livros, trazendo uma sensação tão aconchegante quanto ser abraçado. Quando era pequeno pensava ser impossível existir algum livro no mundo que não estivesse ali. Outras estantes se posicionam pelo salão formando quase que um labirinto. Sempre adorei me perder no meio desses corredores. Há também diversas mesas de estudos espalhadas com luminárias de luz amarelada sobre elas. Vez ou outra é possível encontrar, em uma mesa mais afastada, um estudante que caiu no sono.
Já no Cinema Central você nunca conseguiria encontrar ninguém nem ao menos bocejando. Lembro-me de como parecia magia a primeira vez que vi fotos se movendo e formando um filme. Sempre me pego fascinado com a escolha de cenários, música, figurino e luz, como todos esses elementos conversam tão harmoniosamente para contar uma história. Mas, ao meu ver, o elemento mais hipnotizante de um cinema é a pipoca. Mesmo que a princípio nenhum filme pareça interessante, ao passar em frente um cinema e sentir o cheiro de pipoca fresca, você acaba sendo compelido a entrar e escolher qualquer filme apenas para poder desfrutar desse aperitivo.
O que tem a dizer sobre esses lugares agora, caro amigo? Conseguiria escolher um favorito?
Espero ter conseguido descrever e transmitir sensações o suficiente para tornar sua decisão fácil.
Penso que talvez pudesse dar-lhe ainda mais detalhes e compartilhar ainda mais experiências minhas nesses lugares, mas temo assustá-lo com tantas palavras, então vou me abster por ora.
Aguardo sua resposta,
Um amigo extremamente ansioso.
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Universo à Parte - BokuAka
FanfictionOnde Akaashi não se sente pertencente a sociedade ao seu redor e envia uma carta para um soldado anônimo à procura de um amigo. [BokuAka - AU] Fanart por: @42stheanswer_ (Twitter) +16