1.04 - Jogue Sem Medo de Perder

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Eu consegui superar as minhas piores expectativas e recuperar meu desempenho na faculdade. Senti que havia dado a volta por cima e dado uma rasteira de salto alto nos problemas. A única coisa que faltava era superar o Hermes. Decidi voltar ao jogo; talvez conhecer e sair com outros rapazes me ajudaria a seguir em frente. É como o Marcelo sempre fala: existem outros peixes nesse mar. Peixes que podem ser mais gostosos, refinados e maiores e melhores que o Hermes. Se existem outros peixes nesse vasto oceano, decidi me jogar. E me joguei.

Mergulhei em águas profundas sem medo de me afogar. Eu ainda não sei bem como nadar nessas águas, mas tenho me saído. Às vezes parece um Marcelo gay sopra em meus ouvidos e eu me transformo naquilo que meu amigo sempre queria que eu fosse, mas com homens.

De uma hora para outra, passei a dominar a técnica da aproximação, da chegada, do papo. Em um período de duas horas eu já tinha falado com vários caras e marcado encontro na mesma semana. Alguns até no mesmo dia. Meu primeiro mergulho aconteceu em um sábado, quando saí com a Fernanda e a nova namoradinha dela, a Vanessa.

- Ela disse que estaria aqui. – Fernanda disse com o celular em mãos e olhando em volta para ver se avistava a garota em plena Avenida Paulista.

- Você tem certeza de que é aqui na estação e não na Consolação?

- Aqui é a Consolação. – Fernanda retrucou.

- É... Mas é a estação... – respondi.

Fernanda bufou e mandou mais uma mensagem para a garota.

- O amigo dela vem, né? – perguntei e a Fernanda sorriu maliciosa. Eu não estava nem um pouco a fim de ficar de vela e a Fê só me convenceu a ir ao encontro por causa do tal amigo da namorada dela.

- Ele vem. E ele é uma graça, Lipe. – Fernanda ela respondeu. – Eles estão vindo. – ela disse e apontou com o olhar.

A Vanessa se aproximou e tascou um beijo de desentupir pia na Fernanda. Ela tinha só dezoito anos, mas parecia saber bem o que fazia. Parei de olhar para elas e encarei o garoto, que me encarava também. A Fernanda tinha razão. Ele era gato.

Quando o vi pela primeira vez, pisquei e não foi com os olhos. Eu o desejei porque era simplesmente um deus grego. Baixinho, mas lindo. Já estava me acostumando com a ideia de que só apareceriam caras mais baixos que eu. Ele tinha o cabelo preto e liso com um corte moderno, olhos castanhos claros, uma barba ralinha e um sorriso com covinhas. Mas minha vontade dele durou pouco. Ele só precisou abrir a boca. Um deus grego afeminado que amava Britney Spears - eu também amo a Brit, mas ele só falava dela. A forma como o Raul falava me lembrava o Emmett, da série Queer as Folk, e eu estava na vibe do Brian. Fomos para o Bar da Loca, na Peixoto Gomide. Era a minha primeira vez em lugares como aquele. Por incrível que pareça, demorei a me tocar que se tratava de um bar gay. Eu estava completamente encantado.

xXx

Com a Fernanda e a Vanessa se pegando como loucas e o Raul se oferecendo para os caras, a minha única opção foi ficar no celular. Abri o aplicativo e fui respondendo mensagem por mensagem. Para a minha falta de sorte, um desses caras estava por perto. Eu já tinha conversado com ele dias antes, mas ele parecia ser um pouco estranho – e não de um jeito bom ou tolerável. Não demorou muito para que ele aparecesse na porta do bar. Devo confessar que fiquei assustado com a atitude daquele ser que até no aplicativo eu tentava evitar.

- Fer. – chamei baixinho e ela me olhou, enquanto a Vanessa roçava em seu rosto. – Tem um cara atrás de mim.

- Tá esperando o que? – ela perguntou e deu um selinho na Vanessa. Eu queria poder desgrudar as duas, mas até que eu tinha gostado da Vanessa.

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⏰ Última atualização: Jul 24, 2016 ⏰

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