(Re)encontro

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Capítulo não revisado, 5206 palavras.

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Algumas semanas se passaram desde a última vez que me encontrei com Fell, eu ainda tinha o número dele salvo no meu celular mesmo que ele não tenha dado nenhum sinal de vida, nem uma mensagem sequer.
Talvez as coisas sejam melhores assim não? Ele não me incomoda mais e eu não incomodo ele de volta. Devo admitir que fiquei um pouco... Frustrada? É, um pouco frustrada com o fato dele ter me impedido de concluir meu plano duas vezes seguidas, é como se eu não tivesse autonomia sob meu próprio corpo, como se ele soubesse mais que eu.

Perdida nesses pensamentos conflituosos eu passo mais um dia na cama, não tenho tanta vontade assim de levantar, não é como se hoje fosse ser diferente, não é como se um milagre fosse acontecer e eu simplesmente fosse sentir um boost de energia ser injetado no meu corpo. Até mesmo cravar minhas unhas na minha pele até ver o sangue brotar não me era tão chamativo assim, antes eu pelo menos conseguia sentir algo, a dor e o cheiro de ferro do sangue... Agora? Nem isso era capaz de me fazer esquecer do que eu "sentia".
Pelo menos naqueles momentos eu conseguia entender o que eu sentia ou o que eu deveria estar sentindo...

Dor.

Era isso que eu tava sentindo.

Dor é algo indispensável para o ser humano, precisamos dela para saber se algo está dando errado com nosso corpo. Se em algum momento nós como ser humano perdemos a capacidade de sentir dor nós perdemos nosso instinto de autopreservação. Não é natural, não deveria ser capaz de acontecer.

Mas aconteceu comigo, e ainda acontece.

Meus braços estão normais, tem tempo que não os agrido.

Meus olhos continuam fundos e vagos, quando me olho no espelho sinto como se estivesse olhando para outra pessoa, aquilo que me observava de volta não era eu.

Minha boca continuava seca e rachada, chegava a ser cômico o jeito que meu corpo implorava por água de tantas formas diferentes. E como mesmo assim, eu simplesmente não conseguia sentir sede ou fome.

Eu estava mais magra, —como se isso de alguma forma fosse possível— eu usava roupas sempre maiores que meu tamanho, tinha... Tinha medo de que minha mãe visse o quão acabada eu estava e se preocupasse comigo.

Meu cabelo estava ralo e cheio de nós, eu sabia que devia pentear ele, que devia tomar um bom banho, mas pra quê? Se logo ele estaria do mesmo jeito de novo?

Perdi a conta do tempo que estive parada me olhando no espelho, nem ao menos me lembro de ter me levantado da cama e ido até o espelho do banheiro para início de conversa; só sei que fui desperta de meus pensamentos quando meu celular começa a tocar.

Não estava acostumada a ter pessoas mandando mensagens pra mim, muito menos me ligando. Achei estranho, mas mesmo assim fui até a cama, lendo o nome que estava na tela:

"Fell S."

Pensei em atender, consegui ver meu braço se estender na direção do celular inconscientemente, mas quando estava quase lá, com a mão pairando em cima do celular e eu... Travei.

E então o celular parou de tocar.

                    .:Fell's P.O.V:.

Estava doidão, não sabia nem qual era meu nome mais. Não sabia dizer bem o que eu tinha usado, eu tinha bebido tequila.... Não sei quantos shots, devo ter bebido um pouco de conhaque também... Acho que só um gole, nada demais.
Mas quando aquele merda na minha frente me estendeu um saquinho com um pó branco eu perdi total a noção das coisas.
Tinha de tudo naquela festa, tinha gente que eu não conhecia, álcool o suficiente pra fazer a casa inteira explodir caso um fósforo aceso caísse no lugar errado, tanta cocaína que a mesinha de centro feita de mogno estava branca como a neve. Pílulas jogadas em todos os cantos da casa, seringas de heroína largadas no banheiro...

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⏰ Última atualização: Feb 19 ⏰

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