7 de abril... Eu não conseguia acreditar que esse dia finalmente chegou...
(S/m)- querida você poderia lavar a louça?
(S/n)- estou indo mãe-- eu elevo um pouco a minha voz para que ela escutasse-- que dia lindo para morrer não?
...(S/m)- onde você está indo querida?
(S/n)- provavelmente vou ao parque ou a uma sorveteria-- eu olho nos seus olhos e continuo-- tem algum problema?
(S/m)- claro que não meu amor, só tente voltar para casa hoje. Você deixou eu e o seu pai muito preocupados naquele dia.
(S/n)- Você disse que não é correto não voltar para casa sem aviso prévio não?-- eu vejo ela acenar a cabeça concordando-- como que é preocupação? Qual a sensação?
(S/m)- é... bem querida... você sente um aperto no peito e um frio na barriga ao pensar no que poderia ter acontecido com a pessoa-- ela vem até onde estou parada e da dois tapinhas na minha bochecha-- Você vai entender como é isso querida
(S/n)- vou?
(S/m)- claro meu amor, você só tem que esperar um pouco e ter paciência que logo logo você vai entender o que você sente amada-- ela sorri e logo se vira voltando para a cozinha.Eu saio de casa e vou até o monte ebott, seria o local perfeito. Ninguém acharia meu corpo e eu morreria no momento que tocasse o chão.
Passei as últimas semanas planejando isso, não havia nada neste mundo que pudesse me parar.
...Finalmente eu saio daquela mini floresta que tinha nas redondezas do monte ebott. Estava sentindo um estranho arrepio enquanto andava pelas árvores, não entendia o que meu corpo queria me dizer com aquilo mas acabei por lembrar algo que minha mãe já havia me dito.
(S/n)-*sussurra* será que é medo? Então é assim a sensação de temer algo?
Eu olho rapidamente para o lado, crendo piamente que havia visto algo por entre as árvores. Um galho robusto pelo qual tinha acabado de passar me comprovava que alguém havia passado ali, o galho estava quebrado como se não passase de um palito de dentes.
...Eu sentia a brisa em meu rosto e o sons dos pássaros ecoavam em meus ouvidos enquanto eu olhava para a entrada da mini caverna a minha frente.
(S/n)- eu deveria me sentir melancólica por esta ser a última vez que escuto os pássaros. De certa forma eu estou? Que sensação incomum essa que estou sentindo-- eu sorrio e entro na caverna que havia dentro do monte ebott. Lá dentro teria um buraco gigantesco que era especificamente o que eu estava a procurar.Mais uma vez o frio na barriga se faz presente em mim e eu sorrio sabendo o que de fato isso significava.
Eu fico na beirada do buraco, nenhum ser humano sairia vivo desta queda, é humanamente impossível. Eu olho tanto para aquele buraco que começo a acreditar naquela citação de Nietzsche:
"Quando você olha muito tempo para um abismo o abismo olha para você "
Eu realmente conseguia sentir aquele buraco escuro e aparentemente sem fim me olhando de volta.
(S/n)- é o fim...-- eu estendo meus braços e me preparo para pular-- Mas o qu-!
(Fell)- por que caralhos você estava naquela beirada porra?!
Eu olho para um par de olhos vermelhos acima de mim e logo olho em volta, percebendo que não estávamos mais na caverna e sim aos pés do mente ebott.
(S/n)- Você sempre aparece nos piores momentos.-- eu tento me levantar mas ele estava em cima de mim com todo o seu peso em cima de mim -- poderia deixar-me levantar?
(Fell)- tu tá achando que é da porra da realeza pra falar assim garota?!-- ele se levanta e logo já estava com as mãos em seus bolsos-- e você pode me dizer que merda você estava fazendo naquele fim de mundo?-- pergunta mais calmo
(S/n)- eu estava tentando me matar-- ele tem um sobressalto e me olha com... pena?-- por isso não queria que me impedisse, de novo.
(Fell)- credo garota por que você não para de tentar?-- ele me olha e começa a mexer nos bolsos-- Você não sabe que tem várias coisas legais aqui e blá blá blá
(S/n)- eu não sei-- ele me olha e desta vez suspira pesadamente-- o que são essas coisas? O blá blá blá é o que?
(Fell)- olha, eu não sou psicólogo nem nada então não vou poder te ajudar-- ele tira um maço de cigarros do seu bolso e me estende um dos cigarros que havia lá dentro-- mas sei lá, vai que isso te ajuda.
(S/n)- eu não fumo... mas pelo que me disseram isso faz mais mal do que bem -- digo recusando educadamente.
(Fell)-*suspira* olha, é melhor ter a porra do pulmão todo fudido do que estar morto e não poder usar mais o mesmo -- diz pondo o cigarro na boca e ascendendo o mesmo.
(S/n)- minha mãe me disse que fumar é tentar se matar de forma lenta, e quem fuma é porque não tem coragem de se matar e fuma só esperando o dia de sua morte
(Fell)- Você escuta tudo o que a sua "mamaezinha" diz pirralha?-- ele se aproxima de mim e assopra um pouco de fumaça em mim me fazendo começar a tossir
(S/n)- ela só me disse que isso é errado, estava tentando te ajudar-- digo olhando por cima de meu ombro vendo ele ir embora.
(Fell)- Você quer ME ajudar?-- diz dando ênfase no "me" e se virando e vindo em minha direção -- olha pirralha, eu não preciso de ajuda. Não sou eu que a menos de quinze minutos estava tentando cometer suicídio
(S/n)- tem uma pequena diferença entre eu e você-- eu me viro também. Eu conseguia sentir o cheiro de cigarro invadindo as minhas narinas dada a proximidade de nós dois -- eu, pelo menos tenho coragem de tentar por um fim na minha vida. Não sou covarde que nem você que precisa se afundar em drogas e cigarros para tentar se matar de forma lenta
(Fell)- Você tá perdendo a noção do perigo pirralha -- diz rosnando de raiva
(S/n)- eu nunca tive a noção dele em primeiro lugar, Fell.Nesse momento eu percebi que eu realmente não conhecia as emoções humanas, eu pensei que ele iria agir de forma agressiva comigo mas não.
Ele começou a rir e me olhou com uma emoção nos olhos que eu não compreendia.
(Fell)- gostei de você piveta-- ele tira do bolso umas notas de dinheiro e me entrega-- Você me parece estar longe de casa pegue isso, e volte para casa.
(S/n)- não preciso disso-- eu tento devolver mas ele não deixa -- eu... como que-
(Fell)- como você me retribui?
Eu na verdade estava pensando Se eu deveria agradecer ou simplesmente ir embora, mas ele tinha me interrompido
(S/n)- na verdad-
(Fell)- ta com seu celular?
(S/n)- sim, por quê?
(Fell)- me dá ele, rapidão-- ele pega meu celular e depois de um tempo me devolve-- toma, agora você tem meu número. Caso eu pense em algo para pedir em troca eu te mando uma mensagem
(S/n)- Você só me deu dinheiro pra poder ganhar um favor em troca né?
(Fell)- claro que sim. Você realmente pensou que eu iria te ajudar de graça?
Ele pisca para mim e some no meio do ar. O cheiro de cigarro ainda estava presente como se ele não tivesse desaparecido agora mesmo.
(S/n)- isso aqui não dá nem para pagar uma passagem de ônibus-- digo rindo mas parando no mesmo momento-- eu... ri?Eu olho em volta pensando naquele cara estranho, se não fosse por ele eu estaria morta agora não? Por que ele sempre tem que aparecer para estragar meus planos?
Com isso em mente eu volto para casa, usando o dinheiro que ele havia me dado para comprar um salgado em uma padaria que tinha no caminho de casa e planejando que explicações eu daria para a minha mãe eu daria por estar completamente suja de terra e um pouco ralada, e ainda por cima com cheiro de cigarro no corpo.
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Alexitimia [EM HIATUS]
FanfictionEu não consigo sentir... nada... Não é como se eu não tenha sentimentos, eu só nasci com um problema que dificulta o meu entendimento deles... Eu tenho dificuldade de sentir, não quer dizer que não sinta. [Nesta história vc vai ser a protagonista e...