Tem alguém aí?

capítulo 5

P.O.V Jade

- Teve uma noite, em que encontrei Laura no parquinho- Revelou Rebecca - Conversamos e depois fui embora.

- Conversaram sobre o que? Sabe porque ela estava lá? - me perguntei se ela realmente sabia o que Laura fazia lá.

- Bom... é muito complicado de falar- Rebecca não queria me contar, mas acredite, vou fazer de tudo para saber a verdade.

- Rebecca, por favor, se você sabe de alguma coisa tem que me falar agora. - Eu estava perdendo a paciência com isso.

- Não posso - Rebecca estava começando a se irritar, podia sentir a raiva em sua voz.

- Porque não? - disse aumentando um pouco a minha voz.

- Porque prometi pra ela, merda - era isso que eu estava esperando, Uma confissão.

- Pra ela quem? Rebecca - perguntei mesmo sabendo a resposta.

- Laura. - foi só o que ela falou naquele breve momento - Meus pais estavam brigando, então, decidi dar uma volta pra esfriar a cabeça.

flashback

Rebeca percorria a rua durante a noite avançada, em um momento em que somente o vento era audível, balançando as árvores e produzindo um som arrepiante.
No entanto, essa situação se mostrava muito mais satisfatória do que ser obrigado a presenciar as constantes brigas entre seus pais. Era um ritual noturno, com seu pai retornando do trabalho insatisfeito com alguma situação, seja pelo fato de todos os seus colegas terem sido promovidos, menos ele, ou por qualquer outro motivo. A mãe não contribuía de maneira positiva com seu temperamento explosivo, uma vez que era tão sensível. Como poderia ser ela filha daqueles dois?

Caminhando devagar para não desperdiçar tempo, ela chega ao parquinho que sempre frequentou desde a infância. Rebecca percebe que não foi a única a ter a ideia de um passeio noturno, pois Laura estava lá, sentada em um dos balanços.

Mesmo de costas, Rebecca facilmente reconheceria o cabelo meio avermelhado da garota caindo pelas costas. Em passos leves, ela se aproxima para não assustar a menina. Quando está quase chegando, percebe que Laura estava chorando. Ela segue diretamente para outro balanço, senta-se e observa Laura, que a encara assustada enquanto enxuga as lágrimas.

- Por que está aqui? - Indagou Laura, dirigindo o olhar para frente, ligeiramente envergonhada por ter sido surpreendida daquela forma.

- Igual a você, fugindo dos meus problemas. - Respondeu Rebecca de forma simples, também fixando o olhar à frente.

- Eu não tenho problemas - afirmou, puxando uma mecha de seu cabelo.

- Sério? Acho que se não tivesse, não estaria aqui chorando - retrucou Rebecca, voltando a olhar para ela.

- Não é tão simples, sinto como se minha cabeça fosse explodir. - Expressou Laura, apoiando a cabeça nas cordas do balanço.

- Tenho receio de chegar em casa e encontrar meus pais com a cabeça explodindo - brincou Rebecca, porém com um leve receio de que isso pudesse de fato acontecer.

Laura soltou uma risada contida.

- Seus pais brigaram de novo? - Perguntou ela, fitando Rebecca.

- Sim... como sempre. - Respondeu Rebecca, suspirando fundo e desviando o olhar. - E você, por que está aqui?

- Como eu disse... não é tão simples assim. - Laura olhou para cima, contemplando o céu estrelado.

- Sabes que podes confiar em mim, não é? - disse Rebecca - A minha boca é um túmulo.

- Eu sei, Rebecca, acredita, a minha também é. - disse Laura, ainda olhando para o céu. - Mas... às vezes, é melhor que alguns segredos morram connosco.

Rebecca ia abrir a boca para argumentar com a garota, mas o barulho do telefone distraiu-a, era a sua mãe, provavelmente a pensar que tinham sequestrado a sua filha.

- Acho que agora vai ser a minha cabeça que vai explodir. - disse Rebecca, olhando as milhares de mensagens da sua mãe perguntando onde ela está. - Acho que é hora de sair - disse Rebecca levantando-se do baloiço e virando-se.

- Rebecca - chamou Laura - vamos manter isto entre nós.

Rebecca que tinha virado para ouvir a garota, sorriu.

- A minha boca é um túmulo. - E virou-se, indo em direção à sua casa.

Não sem antes olhar para trás e ver algo estranho...