𝐈𝐕

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   Existem muitas coisas consideradas prazerosas nessa vida. Alguns dizem que o maior prazer da vida é ter uma família, outros dizem que é apenas viver em paz consigo mesmo. O conceito tende a variar de acordo com as pessoas e suas mentes. Mas naquele momento, para Eneri, o maior prazer da sua vida se resumia em liberar todo aquele líquido amarelado de sua bexiga após uma longa viagem. Um sorriso residia em seu rosto enquanto ela relaxava e deixava a "natureza" fazer o seu trabalho. Ela poderia se preocupar com a limpeza depois que terminasse, mas por agora ela precisava, não, ela _tinha_ que urinar.

   Seus cabelos ruivos caíam em seus olhos com frequência, Eneri os puxou para longe de seus olhos uma última vez antes de notar uma presença ao seu lado. Um rapaz. Estático. Como um cervo em frente à uma arma carregada. Eneri encarou o rapaz de volta enquanto ainda urinava — não que ela pudesse parar agora. O rapaz alternava entre olhar em seus olhos e para a pequena cachoeira amarela que saía de baixo do seu vestido. Era... vergonhoso. Mas Eneri ainda olhava para ele pensando em um modo de quebrar o clima constrangedor.

   — Bela manhã, não? — ela perguntou.

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   Emily penteava os cabelos de Viola, que mordiscava algumas frutas. Depois de todo aquele escarcéu de antes do café da manhã, Viola só queria se esconder e sumir. Emily parecia que iria arrancar o seu cabelo com aquela escova, talvez estivesse brava pelo que Viola fez?

   — Hum... Emily? — Viola chamou fazendo a loira olhar para ela. — Aconteceu alguma coisa?

   — Nada, Vossa Majestade. — respondeu com raiva.

   — É que... parece que você acordou com o pé esquerdo... — Viola disse tentando ser educada.

   — Perdões, Vossa Majestade. É que havia um homem na cidade que me fez desejar que ele fosse atingido por um raio! — Emily esbravejou puxando o cabelo de Viola a fazendo soltar um alto gemido de dor.

   — A-acontece! — Viola tentou tranquilizá-la enquanto passava a mão nos cabelos lentamente tirando a escova das mãos de Emily. — Talvez você não tenha que vê-lo novamente.

   — Espero, do contrário eu irei me atirar em uma valão! — Emily sentou na cama, estava estalando os dedos tentando aliviar a tensão.

   Viola levantou e sentou-se ao lado da dama de companhia passando a mão em suas costas.

   — Não fique assim, pense positivo! Você já está aqui, e não verá ele de novo.

   Emily arqueou as sombrancelhas, de certo modo, Viola estava certa. Era uma vila grande, com muitas pessoas. Ele era apenas mais um rapaz genérico na multidão. Emily não iria encontrar-se com ele em um longo período de tempo. Quer dizer, se assim o destino quisesse.

   O silêncio confortável foi interrompido põe uma criada afobada que correu para dentro do quarto, o ar faltava em seus pulmões e parecia que ela iria morrer a qualquer momento.

   — Acalme-se! O que houve? — Emily questionou. Viola se levantou e ofereceu seu lugar para a criada sem fôlego.

   — A... a madrinha... está chegando! — ela disse.

   — Madrinha? — Viola questionou.

   — De casamento, Vossa Majestade. — Emily respondeu se levantando. — Espere, está falando de Eneri?

   A criada acenou com a cabeça. Emily prontamente se levantou como se tivesse escutado a melhor notícia de sua vida. Viola a olhou curiosa, talvez Eneri fosse uma pessoa muito querida? Esse pensamento a tranquilizava demais.

Morsure de VampireOnde histórias criam vida. Descubra agora