Lyn
Eu nunca cheguei a imaginar como os vampiros seriam. É claro que havia todas as lendas que os envolviam, falando sobre o quanto eles eram rápidos, fortes, bonitos e completamente mortais pra um humano. Mas eu nunca cheguei a pensar no quão parecido com os humanos eles poderiam ser.
Mas o homem que me arrastou pela floresta, me obrigando a atravessar a muralha, era quase humano demais. Só que eu sabia que não era. Eu podia ver pela cor dos olhos, pela forma de se portar. Pela força que ele usava para me segurar, mesmo quando me debati. E quando arranhei seu pescoço com minhas unhas, os cortes desapareceram em instantes.
Isso fez ele me jogar sobre o ombro, como um saco de batatas. Tentei gritar, mas aquilo ficou entalado na minha garganta, quando ele disparou pelas árvores, tão rápido que meu cabelo voo para trás e eu precisei fechar meus olhos para suportar a pressão do vento contra o meu corpo. Era rápido demais para um humano. Eu sentia um frio na barriga sempre que uma árvore surgia no nosso caminho, mas ele se desviava dela com uma destreza impressionante.
Foi um caminho longo demais, mesmo com ele correndo, transformando tudo ao nosso redor em um borrão. O vampiro de cabelos ruivos não parecia com pressa. Ele parecia ansioso. Parecia que alguém havia acabado de lhe entregar o melhor presente de todos. Minha única certeza é de que eu teria o mesmo fim que a minha irmã. Ela morreu pelos lobos. Eu morreria por um vampiro.
Mas eu não entendia porque ele estava me levando tão longe. Mesmo quando eu o questionei, quando ele surgiu do meio das sombras no meu quarto, fazendo meu coração disparar de desespero, ele não disse uma única palavra enquanto me arrastava para fora, me impedindo de gritar ou pedir ajuda.
As lágrimas manchavam minhas bochechas enquanto eu pensava em Kane e no que ele pensaria quando notasse que eu não estava mais lá. Tínhamos tão pouco tempo de casados. Tínhamos tido tão pouco tempo para aproveitar o que sentíamos um pelo outro. Pensar que eu poderia nunca mais o ver fazia meu coração doer.
—Por favor, me leve de volta. —Sussurrei, sentindo um arrepio desagradável atravessar meu corpo quando ele parou de correr, um pouco antes de entrarmos em uma longa caverna, iluminada por tochas fincadas pelo caminho. —Meu sangue...
—Não quero seu sangue. —Me cortou, me fazendo engolir em seco quando escutei sua voz pela primeira vez. O frio presente nela, como se ele fosse desprovido de sentimentos. —Pensei que você seria mais parecida com a sua irmã.
—Lou? —Me assustei ouvindo ele falar sobre ela, antes Deus grito escapar pela minha boca quando ele me tirou do ombro, me jogando no chão com força o suficiente para minha cabeça quase bater contra a parede rochosa da caverna, se eu não tivesse colocado meus braços na frente. —Você é um dos vampiros que a levou.
—Sua irmã é uma vadia ingrata. —O rosto dele se contorceu em desgosto, enquanto eu me arrastava pelo chão, tentando me afastar dele, sentindo meus braços doerem pelo impacto contra o chão. —Demos tudo a ela aqui. Eu fiz tudo para que ela se sentisse confortável no clã. Mas na primeira oportunidade, ela correu para o lado do nosso maior inimigo.
Olhei assustada pra ele, vendo-o se aproximar de forma ameaçadora. Meu coração martelava na minha garganta, enquanto minha mente gritava para que eu corresse, mesmo que não fosse adiantar nada. Seus lábios se curvaram em um sorriso quando ele se abaixou e segurou meu braço, com o rosto chegando perto demais do meu.
—Você sabe, não é? A morte dela não passou de uma mentira deliciosa pra nós. —Afirmou, fazendo um arrepio atravessar minha coluna quando minha mente processou aquilo. Quando meus olhos se encheram de lágrimas por perceber que estava certa sobre ela. Minha irmã era esperta demais para estar morta. —Não chore por ela, querida. Sua irmã trocou você e todos aqueles humanos fracos pela minha espécie.
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Realeza de Sangue Mortal / Vol. 3.5
FantasíaContos do universo de Feitiços de Sangue. Acompanhe acontecimentos dos três primeiros livros pelo ponto de vista de outros personagens, além de cenas extras que se passam antes, durante e depois das histórias.