CAPÍTULO 7

61 8 65
                                    

⊹₊ ⋆ 📚 | Capítulo 7: Nem tudo só o tempo é capaz de curar.

Na última vez em que me apaixonei de verdade, eu tinha dezesseis anos.

Levei alguns anos para reconhecer o sentimento, mas a compreensão foi imediata: amei tão ardentemente quanto um personagem do romantismo. Fui tão sonhador e pessimista ao mesmo tempo, que não havia outra forma de guiar minha visão além da existência incompreensível do meu amado. Amei como sempre li, assisti e presenciei ao redor. Amei tanto que penso até hoje que tudo foi mentira.

E como uma pessoa que ama com tanta profundidade, pode acreditar que amará de novo e, principalmente, amará outra pessoa da mesma maneira ou até mais intensamente ainda?

Sunoo sempre me zoava por nunca ter superado meu antigo namorado, mas é claro que ele também tomava moderação ao fazer isso. Sabendo o peso do passado nas minhas costas, era bom descontrair e fazer piadas para esquecê-lo de vez em quando. E isso me ajudava a imaginar que o meu ex-namorado já devia ter me esquecido à essa altura e eu era o único idiota que permanecia relembrando nossa história, até chegar o próximo segundo e a dúvida retomar à minha cabeça, porque eu o conhecia e sabia que ele não era esse tipo de pessoa.

Park Sunghoon não era um homem qualquer. É por isso que me apaixonei por ele.

Ele poderia até ser vaidoso, mas jamais deixou de mostrar que gostava de mim. Ele foi a segunda pessoa que realmente se importou comigo e foi a primeira que me fez amar romanticamente. Ele me ensinou os gestos, os carinhos, as palavras e a adrenalina que um olhar, um toque, um aceno ou um beijo possuíam. Assim como aprendi com ele, ele também aprendeu muitas coisas comigo, como o sentimento de lembrar e ser lembrado por alguém sem precisar se esforçar. Todo dia em que nos encontrávamos era um semestre escolar em movimento.

Nosso namoro pode ser chamado de fantasia, um escape da realidade brutal que enfrentávamos, mas ele nunca teria o título de algo passageiro – não quando ele começou de forma mansa e terminou na pior tragédia possível. Nem todos os relacionamentos do mundo tinham uma linha do tempo tão exagerada como a nossa, por isso que precisávamos lembrar constantemente que existiu.

Começou no ensino fundamental, quando ainda estudávamos no Instituto Hongyeongdo. Sunghoon e eu éramos da mesma sala, mas ele não me chamou a atenção à primeira vista – na época, para mim, ele era só mais um herdeiro burguês insuportável do colégio. Não posso dizer que ele teve a mesma reação, pois, assim como todos os demais alunos, Sunghoon tinha os olhos cravados em cada mínima ação que meu corpo transmitia.

Em qualquer canto que ia, me sentia um animal exótico em exposição. Porém, já tinha me acostumado há muito tempo a lidar com o assédio dos estudantes do Hongyeongdo e a curiosidade deles sobre mim. O que passo diariamente no Colégio de Tongyeong, apesar de ser incômodo, não era tão intenso quanto o que sofri no meu antigo colégio.

Quando você tem uma infância fabulosa e a abandona por um motivo desconhecido, aqueles que diziam torcer por você, que passavam a te admirar, imediatamente viram as costas e te desprezam tanto quanto se deixam atrair ainda mais por você. O que você tem de misterioso serve de alimento para o ego do público, e eles não irão parar até descobrir a verdade e saciar a fome da soberba.

No mundo dos ricos é assim. Como possuímos o proletariado aos nossos pés, fica sem graça brincar o tempo todo com o destino de quem já está pré-determinado. Por isso, focamos nos nossos companheiros de mundo, analisando qual a melhor maneira de derrubá-los e nos tornar superiores a quem está na mesma cadeia alimentar que a nossa. Essa é a graça para quem tem dinheiro: tornar-se cada vez mais superior até atingir o ponto de ser chamado de deus.

Nem Tudo É O Que Parece [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora