CAPÍTULO 9

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⊹₊ ⋆ 📚 | Capítulo 9: Nem tudo o que criamos faz parte de quem nós somos.

⚠️ atenção ⚠️

este capítulo contém menções a saúde mental, ataque de pânico, assédio e uma cena de violência doméstica e homofobia.

quem não quiser ler, mas quer saber o que acontece, é só me chamar na DM que conto tudinho do capítulo com palavras mais leves.

boa leitura!

Aparentemente, após descobrir o porquê de todos estarem me xingando na final do jogo de beisebol, eu acabei desmaiando.

Por consequência, não lembro de nada dos minutos sucessores a hora que a escuridão me engoliu, mas podia lembrar das sensações que me capturaram antes do clímax acontecer. Meu corpo estava suado e tremendo, o meu rosto pálido com olhos esbugalhados, o coração batia forte e as mãos e pés ficaram totalmente congelados, com a boca seca completamente a minha aparência digna de um morto.

Aquele momento foi horrível, e ninguém compreendeu o que havia me afetado. Mas eu compreendi, e, evitando o alvoroço que seria se descobrissem o porquê, preferi ficar calado.

Quando acordei depois do desmaio, por falhar a memória, a primeira coisa que veio à minha cabeça foi questionar que merda havia acontecido para eu estar sozinho e deitado no sofá minúsculo da sala do treinador Jung, até que a realidade veio à tona como um banho de água fria, e percebi que tudo tinha acabado.

“Puta merda”, praguejei mentalmente, “agora está tudo fodido”.

Enquanto pensava, não me mexi um centímetro no sofá, mesmo com as costas doloridas e as pernas dormentes por ficar encolhido naquele objeto tão pequeno e desconfortável. Era um sofá acolchoado e pequeno, com braços de madeira e excelente para se sentar, mas péssimo para ficar deitado em cima. Ao redor da sala, a luz era forte e branca, e virando a cabeça para o alto, reparei que as venezianas estavam levantadas, revelando todo o interior do cômodo para fora do vestiário – um detalhe incomum que denunciava o caos, pois o treinador Jung nunca deixava as venezianas dele desse jeito.

Ignorando a posição incômoda do meu corpo, felizmente, havia uma almofada apoiando confortavelmente minha cabeça, e um leve cobertor me cobria do queixo até os joelhos, protegendo do frio. Quando tomei forças o suficiente para me mexer – ah, é, eu também me sentia terrivelmente fraco –, sem querer, minha mão caiu e derrubou um copo de vidro vazio pelo chão.

Talvez o puseram ali para me ajudar na recuperação, mas o objetivo final acabou sendo outro. O barulho chamou a atenção de quem estava lá fora e, de repente, quatro professores – um deles, sendo o treinador Jung – entraram juntos na sala, me inundando com perguntas sobre como eu me sentia.

A quantidade de gente aparecendo subitamente pareceu criar uma nova crise dentro de mim, e o mesmo sufocamento do campo voltou a me atacar, ameaçando primeiro interromper minha respiração para depois avançar pelo resto do corpo. Mas antes que a situação piorasse, o treinador Jung reparou no meu estado.

Prontamente, ele expulsou todas as pessoas da sala, fechou a porta e puxou as venezianas para baixo. Depois, recuperou o copo no chão e me ofereceu, silenciosamente me perguntando se precisava de água. Neguei com a cabeça, e ele deixou o copo em cima da mesa, encostando-se contra ela e me encarando de braços cruzados, sem emitir mais nenhum questionamento.

Internamente, enquanto me recuperava da quase crise que me tomou, agradecia ao treinador mil vezes seguidas pelas ações que tomava, sendo mais vezes do que já fiz desde que o conheci, e menos do que ele merecia receber por tudo o que fez por mim.

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⏰ Última atualização: Apr 06 ⏰

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